Em meio ao avanço da covid-19, o Distrito Federal e outras regiões do país viveram ontem um dia de manifestações contra e a favor do presidente Jair Bolsonaro. Apesar do clima de tensão, no geral os protestos ocorreram de forma pacífica. Com uma agenda ampla, que inclui a crítica à atuação do governo diante da pandemia, a defesa da democracia e a luta contra o racismo, as manifestações anti-Bolsonaro conseguiram reunir membros de diferentes grupos, inclusive de torcidas de clubes de futebol historicamente rivais, como corintianos e palmeirenses.
Os organizadores distribuíram álcool em gel aos manifestantes e a maioria das pessoas usava máscaras. Em tempos de coronavírus, várias pessoas preferiram ficar em casa e manifestar-se pelas janelas dos prédios. Em várias cidades do país – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife – houve panelaços.
Em Brasília, a Polícia Militar montou um cordão de isolamento para separar os grupos de manifestantes a favor e contra Bolsonaro. Não houve incidentes. No Rio de Janeiro, grupos anti-Bolsonaro exibiram cartazes lembrando casos de violência policial, como a morte do menino João Pedro, em São Gonçalo, e o assassinato da vereadora Marielle Franco. De acordo com a PM, alguns manifestantes jogaram pedras contra os policiais, e cerca de 40 pessoas foram detidas.
O principal incidente ocorreu em São Paulo, onde a Justiça havia proibido que os atos favoráveis e contrários ao presidente fossem realizados no mesmo local e horário. Cerca de 100 apoiadores de Bolsonaro se reuniram na Avenida Paulista e gritaram palavras de ordem contra os ministros do STF e o governador João Doria, em meio a pedidos de intervenção militar. Mais tarde, cerca de 3.000 manifestantes se reuniram no Largo da Batata, em Pinheiros, em ato contra o governo Bolsonaro e contra o racismo. Ao final do protesto, a polícia usou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar um grupo de manifestantes que pretendia seguir a pé até a Avenida Paulista.