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‘Perdemos um ser humano incrível’, diz mãe de Lis e Mel sobre médico que orientou cirurgia de separação das gêmeas e morreu com Covid-19
Neurocirurgião americano faleceu no domingo (28), nos Estados Unidos. James Goodrich esteve em Brasília, no ano passado, para operação das irmãs siamesas.
“Perdemos um ser humano incrível”, diz a mãe das gêmeas siamesas Lis e Mel sobre a morte do médico norte-americano James Goodrich. Ele foi mais uma vítima da pandemia de coronavírus nos Estados Unidos, no último domingo (29).
Foi o médico que orientou a cirurgia de separação de Mel e Lis, em abril do ano passado. Em uma rede social, Camilla Vieira lamentou a morte do médico e contou que o neurocirurgião – ao lado dos médicos que faziam parte da equipe brasileira – sempre confortou a família, dizendo que tudo daria certo na cirurgia das meninas.
“Hoje e sempre meu coração é só gratidão e amor a todo conhecimento repassado por ele para a separação das minhas meninas.”
O médico foi internado com insuficiência respiratória na última quarta-feira (25), no Hospital Montefiore Medical Center, em Nova Iorque. O exame de sangue deu positivo para coronavírus. Horas depois, ele foi levado para a UTI e passou a respirar com a ajuda de aparelhos.
James Goodrich morreu no mesmo hospital onde trabalhava para salvar a vida de crianças, por meio da neurocirurgia pediátrica. Elee fazia parte de uma equipe especializada em cirurgias para separar siameses, sobretudo, craniópagos – unidos pela cabeça, como Mel e Lis.
O neurocirurgião esteve no Hospital da Criança, em Brasília, para atuar como conselheiro na missão de separar as irmãs gêmeas e auxiliou também em outros procedimentos realizados em Ribeirão Preto (SP).
Mel e Lis
As irmãs Mel e Lis passaram 10 meses unidas pela cabeça, na altura da testa. A separação das gêmeas siamesas ocorreu no dia 27 de abril de 2019. A cirurgia, dividida em 36 etapas, começou às 6h30 de sábado e só terminou às 2h30 de domingo (28).
Mais de 50 profissionais participaram do procedimento, todo feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Hospital da Criança de Brasília José de Alencar. Foi o primeiro do tipo no Distrito Federal e o terceiro no Brasil.
Segundo a equipe, não havia veias ou artérias ligando o cérebro das meninas. Mas o processo, além de raro, exigia extremo cuidado. No local onde os cérebros ficavam encostados não existia nenhuma membrana revestindo o sistema nervoso.
A cirurgia foi um sucesso. À ocasião, a mãe das meninas, Camila Vieira, era só gratidão.
“Agora, nós vemos a vida de uma forma diferente. Assim como elas lutaram, também aprendemos a dar mais valor à nossa [vida].”