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Número de pessoas mortas por policiais fora de serviço cresce 50% no DF
Casos de agentes de segurança assassinados também cresceram no ano passado. Ainda assim, capital teve menor taxa de letalidade policial do país em 2019.
O número de pessoas mortas por policiais militares e civis fora de serviço aumentou 50% no Distrito Federal no ano passado. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF, de janeiro a dezembro, seis pessoas foram mortas, todas por PMs.
No ano anterior, foram contabilizados quatro casos do tipo, envolvendo servidores da Polícia Militar e da Polícia Civil do DF. Apesar do aumento nos registros, o DF teve o menor índice de letalidade policial do país em 2019 (veja mais abaixo).
O número de policiais assassinados também subiu. Em 2019, dois PMs foram mortos fora do serviço. Em 2018, não houve registro. Segundo a Polícia Civil, nenhum servidor morreu em serviço ou fora dele nos dois últimos anos.
Ao G1, a Secretaria de Segurança informou que, nos casos envolvendo policiais civis e militares, “são abertos procedimentos administrativos apuratórios e disciplinares, além de inquérito policial, para verificar as circunstâncias dos fatos”.
Durante serviço
Os dados da Secretaria de Segurança Pública também trazem casos de mortes causadas por policiais em serviço. Em todo o ano de 2019, houve duas ocorrências: uma da Polícia Civil e outra da Polícia Militar.
Um dos registros do ano passado segue sem solução: o do médico Luiz Augusto Rodrigues, de 45 anos. Ele foi morto durante uma abordagem de policiais militares após assistir a um jogo de futebol em um bar na Asa Sul. Quase cinco meses depois, o inquérito ainda não foi concluído.
O médico conversava com um amigo, sargento reformado da PM, durante a abordagem. À época, câmeras de segurança registraram a movimentação de carros da Polícia Militar. É possível ver, pelo menos, duas viaturas e três PMs no local (veja vídeo abaixo).
Segundo a Polícia Civil, o amigo do médico estava portando um revólver calibre 38, com seis munições. De acordo com a corporação, ele teria apontado uma arma para os PMs, que, por sua vez, atiraram na vítima.
À ocasião, a defesa do sargento negou a versão. Segundo o advogado Pedro Júlio de Melo Coelho, o homem tirou o revólver da cintura porque viu um carro escuro pouco antes da abordagem policial e suspeitou que pudesse ser assaltado, mas não chegou a apontar a arma para os policiais.
Médico goiano Luiz Augusto Rodrigues, Goiás — Foto: Divulgação/Clínica da Mama
Já a PM disse que a equipe “teve que agir em legítima defesa”. Em um vídeo que circulou nas redes sociais, o amigo do médico aparece após a abordagem (veja abaixo). Nas imagens, o homem – que aparentava estar embriagado – estava no chão, com as mãos para trás, sendo interrogado por PMs.
Índice de letalidade
No ano passado, o DF foi a unidade da federação com a menor taxa de mortes cometidas por policiais. O índice da capital ficou em 0,3 óbitos a cada 100 mil habitantes, enquanto a média nacional marcou 2,9 a cada 100 mil.
Em todo o Brasil, foram contabilizados 5.804 casos do tipo em 2019. O Amapá é o estado com a maior taxa de mortes por policiais: 15,1 a cada 100 mil.
O levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).