Já os chineses enviaram ao encontro o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, e Yang Jiechi, responsável pelas Relações Exteriores no Partido Comunista.
Devem estar na pauta temas dos mais variados, de direitos humanos em Hong Kong a produtos barrados entre os países e a gestão global da pandemia. Um dos pontos da agenda chinesa é voltar a estabelecer reuniões frequentes com autoridades americanas, que eram comuns durante o governo Obama, justamente com Blinken como um dos oficiais à época. Segundo o Wall Street Journal, os chineses também defendem uma reunião entre Biden e o presidente chinês, Xi Jinping nos próximos meses.
Antes do encontro, no entanto, o tom subiu entre as partes. O governo Biden sancionou ontem 24 autoridades chinesas com atuação em Hong Kong. O motivo é o avanço da repressão chinesa sobre os direitos políticos na ilha. Ao longo dos últimos anos, autoridades e produtos de ambos os lados também já haviam sido alvos de sanções.
Enquanto isso, em visita a Coreia do Sul e Japão nesta semana, ambos aliados americanos na Ásia, Blinken voltou a criticar a China, afirmando que o país está “agindo tanto mais repressivamente em casa quanto mais agressivamente no exterior”.
O episódio pode ser uma prévia dos desafios que os dois países terão para se entender. Blinken e outros grandes nomes da política externa de Biden, figuras conhecidas em Washington há décadas, devem falar mais grosso agora do que na era Obama.
O presidente entende que o mundo mudou [desde o governo Obama] e a China é um lugar diferente agora. Acho que o que se verá com a China é uma continuação de negociações comerciais muito duras e até do que vimos sob Trump”, disse Francis J. Kelly, chefe de Relações com o Governo e Assuntos Públicos para as Américas do Norte e Latina do banco alemão Deutsche Bank.
“Pelo menos em um primeiro momento, diversas medidas tomadas contra a China pelo governo Trump não serão significativamente atenuadas pelo governo Biden, a não ser aquelas que estão claramente prejudicando as próprias empresas americanas”, disse em entrevista anterior o professor Luís Antonio Paulino, do Departamento de Ciências Políticas e Econômicas da Unesp.
“Biden e os pragmáticos nomeados para dirigir sua política externa acharão mais fácil seguir uma estratégia de diálogo crítico, mas pacífico, a um confronto inútil”, escreve Kaletsky.
A principal razão é que Biden aceita que a ascensão da China ao status de superpotência é inevitável e que tentar suprimir o desenvolvimento econômico da China bloqueando a tecnologia e os mercados financeiros dos EUA está fadado ao fracasso”, diz.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, também falou nesta semana sobre o encontro. “Esperamos que a China e os Estados Unidos possam encontrar meios para coordenação em questões chaves, especialmente em torno das mudanças climáticas e da reconstrução do mundo pós-pandemia”, disse. A expectativa é que os dois países mais ricos do mundo discutam também formas de avançar no combate global ao coronavírus e a outras temáticas urgentes.