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Caso Noélia: vizinho acusado de matar vendedora no DF vai a júri popular
Almir Evaristo Ribeiro responde por feminicídio e está preso desde outubro de 2019. Data do julgamento não foi marcada.
O acusado de matar a vendedora Noélia Rodrigues de Oliveira, de 38 anos, vai ser submetido a um júri popular. A Justiça do Distrito Federal entendeu que existem indícios suficientes para que Almir Evaristo Ribeiro seja julgado pelos crimes de homicídio qualificado – por feminicídio e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima – e porte ilegal de arma de fogo.
A sentença de pronúncia foi publicada nesta terça-feira (2) pelo juiz Paulo Afonso Correia Lima Siqueira. Na decisão, o magistrado determinou que o acusado permaneça preso porque “a gravidade concreta do fato atribuído ao réu, naturalmente, evidencia a necessidade de se resguardar a ordem pública, a instrução criminal e garantia da lei penal”. Ainda não há data para o julgamento.
O crime ocorreu outubro de 2019. Noélia desapareceu após sair da loja onde trabalhava, em um shopping da Asa Norte. No dia seguinte, o corpo dela foi encontrado em um matagal. O vizinho foi preso na semana seguinte e, segundo a polícia, tinha um relacionamento extraconjugal com a vítima (veja mais abaixo).
Acionada pela reportagem, a defesa do acusado não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.
Decisão do juiz
Na denúncia, o Ministério Público disse que Almir buscou Noélia em uma parada de ônibus próximo ao local onde ela trabalhava. Segundo o documento, “o denunciado conduziu o veículo para uma estrada de terra marginal à via Estrutural e lá parou o veículo. No local, o denunciado, aproveitando a região deserta, muniu-se da arma de fogo que trazia consigo e efetuou um disparo à curta distância contra o rosto da vítima, o que causou morte de Noélia”.
Ainda de acordo com o MP, o crime ocorreu “em contexto de violência doméstica, pois o denunciado ceifou a vida da vítima prevalecendo-se da relação íntima de afeto já existente entre eles”. No entanto, o órgão afirmou que a motivação do assassinato não tinha sido totalmente esclarecida.
Em depoimento à Justiça, Almir Evaristo negou o crime. Ele disse que tinha uma amizade com a vítima e que, no dia do crime, Noélia teria pedido a ele que a buscasse no trabalho.
Aos investigadores, o acusado disse que negou o pedido da amiga mas que, em seguida, decidiu buscá-la. Ainda segundo Almir, ao chegar no local combinado, Noélia disse que a carona não era mais necessária.
Ao analisar o caso, o juiz entendeu que “estão demonstrados os indícios mínimos de autoria suficientes para autorizar a decisão de pronúncia”.
O caso
O assassinato de Noélia foi o 28º feminicídio registrado no ano passado no DF. A vítima morava em Ceilândia com a família e deixou, além do marido, três filhos – que à época do crime tinham 5, 9 e 16 anos.
A polícia chegou a Almir Evaristo por meio de registros telefônicos apresentados por parentes da vítima. O documento mostrou ligações entre o vizinho e Noélia com mais de uma hora de duração.
Mensagem enviada por suspeito a marido de Noélia Oliveira — Foto: Afonso Ferreira/G1
À época da prisão do suspeito, o marido da vendedora disse que nunca havia desconfiado da relação entre os dois. Após a confirmação da morte de Noélia, Almir chegou a enviar uma mensagem de pêsames ao viúvo (veja imagem acima).