Mundo
Trump completa dois anos de mandato com paralisia do governo há um mês
Em campanha de reeleição, presidente tem aprovação de 41,4% a seu trabalho graças a melhoria na atividade econômica
Em 20 de janeiro de 2017, o recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarara em discurso que “havia pouco para famílias em dificuldades de todo o país celebrarem”. Dois anos depois, por mero capricho, o líder americano mantém mais de 1 milhão de famílias atrapadas pela paralisia do governo federal, que completará um mês nesta terça-feira.
A paralisia parcial do governo federal americano é a mais longa da história. O recorde anterior fora batido por Bill Clinton em dezembro de 1995, com 21 dias.
Em 22 de dezembro passado, em uma disputa com o Congresso por verba para a construção de um muro na fronteira com o México – uma espécie de “Arco do Triunfo” de seu governo para a posteridade -, Trump impediu a aprovação do orçamento federal. A negociação tornou-se mais acirrada com a posse dos parlamentares eleitos em novembro, que resultou no domínio da oposição democrata na Câmara dos Deputados.
Cerca de 800.000 funcionários públicos deixaram de receber seus salários – em geral, pagos semanalmente – desde o final de dezembro. Os departamentos (ministérios) de Estado, Tesouro, Agricultura, Comércio, Segurança Doméstica, Desenvolvimento Urbano, Interior, Justiça, Transporte tiveram suas rotinas afetadas, assim como a Agência de Proteção Ambiental e a Administração de Alimentos e Drogas.
Até mesmo a Securities and Exchange Comission (similar no Brasil à Comissão de Valores Mobiliários) suspendeu parte de seus trabalhos. Vários aeroportos funcionam parcialmente porque não há suficiente número de agentes de segurança trabalhando. Os museus Smithsonian, famosos por fecharem apenas no dia de Natal, trancaram suas portas, assim como a Galeria Nacional de Artes, em Washington.
Um dos principais instrumentos do Telescópio Espacial Hubble parou de funcionar, mas os engenheiros responsáveis, sem salários, se recusaram a consertá-lo. Parte dos funcionários da Nasa está suspensa. Os parques nacionais suspendeu serviços essenciais, como a coleta de lixo e a manutenção de trilhas.
O quadro ainda é pior para quem depende do governo federal para viver. A maioria dos funcionários públicos, que ganha cerca de 2.000 dólares ao mês, não recebeu o primeiro salário semanal do ano. Milhares correram para se registrar nas agências estaduais do Trabalho como desempregados para receberem, ao menos, ajuda financeira para pagar as contas.
Milhões de americanos que recebem o selo-alimento e ajuda para o aluguel de imóvel – benefícios em dinheiro para as pessoas mais pobres, deficientes e idosos – estão ao “Deus dará”.
O Departamento de Agricultura anunciou que somente em fevereiro receberá os recursos necessários para atender aproximadamente 40 milhões de americanos que recebem ajuda para se alimentar. Segundo o Post, o custo do Programa de Assistência para a Nutrição Suplementar é de 4,8 bilhões de dólares por mês. Para março, há 3 bilhões de dólares em reserva, mas ainda está incerto se, em março, a o governo estará funcionando totalmente.
Entre dezembro e fevereiro, cerca de 1.700 contratos de subsídios para aluguel perderiam a vigência e, até que o governo volte a funcionar, os pedidos de prorrogação não serão recebidos. No caso de pessoas de baixa renda da zona rural, 700 contratos vão expirar em fevereiro.
O próprio Trump fez um “sacrifício”: cancelou sua participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, nesta semana, e impediu que outras autoridades federais o representassem. Um pena maior já lhe foi cobrada pela nova presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosy: postergar seu discurso no Congresso sobre “o estado da União”, previsto para o dia 29, por falta de agentes de segurança.
Até esta segunda-feira 21, não havia sinais de término da queda de braço entre Trump e Pelosy. O americano chegou a anunciar a facilitação da permanência dos “dreamers” – sonhadores, em inglês, mas neste caso, as crianças indocumentadas trazidas por seus pais aos Estados Unidos – em troca de 5,7 bilhões de dólares no orçamento para a construção de seu muro.
Trump ameaçara esses 700.000 imigrantes com a expulsão, o que acabou não fazendo até agora. Mas retirou deles direitos conquistados durante o governo do democrata Barack Obama. Nesta segunda-feira 21, feriado em celebração a Martin Luther King, Trump fez uma visita surpresa ao monumento em Washington ao líder pelos direitos civis. Não falou com a imprensa, mas se expressou pelo Twitter.
“Os democratas fizeram campanha dizendo que trabalhariam em Washington e ‘conseguiriam terminar as coisas’! Como isso está funcionando?”, atacou o presidente americano.
Economia versus diplomacia
Em dois anos, Trump teve o benefício de governar com as duas casas do Congresso nas mãos de maioria republicana. Mesmo diante desse conforto, não conseguiu passar seu projeto de acabar com o sistema de saúde adotado durante o governo de Obama. O principal republicano a boicotar seus planos foi o senador John McCain, que antes de morrer, em agosto passado, deixou por escrito seu desejo de que Trump não estivesse presente em seu velório.
Mas enfrenta duas investigações – a dos procuradores de Nova York e a do procurador especial Robert Mueller – capazes de ameaçar a conclusão de seu mandato ou sua reeleição, em 2020. A primeira delas levou à cadeia ou à delação premiada os principais colaboradores da campanha eleitoral de Trump. A investigação tocada por Mueller versa sobre a suspeita de coordenação entre a campanha eleitoral e a Rússia de Vladimir Putin em favor da vitória do magnata americano em 2016.
Durante os últimos dois anos, porém, Trump conseguiu anunciar a recuperação definitiva da economia dos Estados Unidos, depois do longo período de recessão e baixo crescimento provocado pela crise financeira de 2008. A taxa de desemprego no país, que chegou a 14%, foi de 3,9% em dezembro passado.
A economia americana terá expandido 2,9%, em 2018, e deverá crescer 2,5% em 2019, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Suas medidas de redução da tributação para as empresas terá ajudado. Mas boa parte do cenário favorável atual é amplamente atribuído à gestão de Obama.
Esses indicadores, porém, foram suficientes para garantir a seu partido a maioria das cadeiras do Senado na eleição de novembro. A guerra comercial aberta por Washington contra a China, maior parceiro comercial dos Estados Unidos, gerou prejuízos para os próprios setores produtivos americanos e ainda hoje, sem uma solução negociada, ameaça a evolução da economia mundial.
Sua taxa de aprovação, segundo a média das pesquisas calculada pelo portal Real Clear Politics, é atualmente de 41,4%. Já foi melhor, de 45,7%, em fevereiro de 2017. E pior, de 37,1%, em 16 de dezembro do mesmo ano. Esses dados, os resultados pouco favoráveis aos republicanos nas eleições de novembro e as repercussões da longa paralisia do governo não tendem a ajudá-lo em sua campanha Trump-2020, já nas ruas.
No plano externo, Trump moveu-se como um bólido, com repercussões na agenda interna. Retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre Mudança Climática e impulsionou os setores domésticos de petróleo e de carvão. Também tirou o país da Unesco, iniciou uma briga com a Organização Mundial do Comércio (OMC) em prol da reforma desse organismo e “atirou” em todos os parceiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aos quais acusou de não contribuírem financeiramente como deviam.
Assim como no plano interno, ele tratou especialmente de desconstruir os sucessos da política externa de seu antecessor. Demoliu o acordo dos Estados Unidos de reaproximação com Cuba, retirou o país do Tratado Nuclear de seis Nações com o Irã e da Parceria Transpacífico (TPP).
Mas tenta selar a paz definitiva na península da Coréia e negocia com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, o desmonte do arsenal nuclear de Pyongyang – ainda sem avanços concretos. Trump teve com Kim, em junho passado, um histórico encontro em Cingapura, que deverá ser replicado em fevereiro no Vienã.
No Oriente Médio, Trump causou polêmicas com potencial de enormes prejuízos para a paz. Em maio passado, transferiu a embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, em uma indicação clara do reconhecimento de Washington da soberania israelense sobre a cidade sagrada. A medida contraria resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Em dezembro, ele anunciou o início da retirada dos 2.000 militares americanos em ação na Síria por considerar que o Estado Islâmico estava derrotado. A remoção começou em janeiro e causou reações da Turquia, que ameaça os os curdos, aliados dos americanos no terreno sírio. No último dia 16, quatro soldados americanos morreram em um atentado do mesmo grupo extremista na cidade síria de Manjib, em um caso que desmontou o argumento do presidente americano. Fonte: Portal Veja
Mundo
Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
versão original
Mundo
Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
Mundo
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.
-
Mundo8 meses atrás
México vai às urnas em eleição histórica e pode eleger 1ª presidente mulher
-
Geral8 meses atrás
Saiba como fica a composição do TSE com a saída de Moraes e a chegada de André Mendonça
-
Geral8 meses atrás
Após derrotas no Congresso, Lula faz reunião com líderes do governo nesta segunda (3)
-
Política8 meses atrás
Apoio de Bolsonaro e estrutura do PL podem levar Fernando Rodolfo ao segundo turno em Caruaru, mostra pesquisa
-
Saúde7 meses atrás
Cientistas descobrem gene que pode estar associado à longevidade
-
Polícia8 meses atrás
Homem é executado em plena luz do dia em Bom Conselho
-
Comunidade8 meses atrás
Moradores do São João da Escócia cobram calçamento de rua há mais de 20 anos
-
Comunidade8 meses atrás
Esgoto estourado prejudica feirantes e moradores no São João da Escócia