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RJ tem 48 mortes em presídios durante quarentena da Covid-19, o maior número em 6 anos

Levantamento revela aumento de 33% no número de óbitos entre os dias 11 de março, quando foi decretado isolamento social no RJ, e 15 de maio, comparado com o mesmo período de 2019.

Presídio no Rio de Janeiro (arquivo) — Foto: Divulgação/Thathiana Gurgel/Arquivo DPRJ

Entre os dias 11 de março – data do primeiro decreto de isolamento social – e a última sexta-feira (15), 48 presos morreram no sistema penitenciário do Rio de Janeiro.

É o maior número para o período em 6 anos, de acordo com dados levantados pela Defensoria Pública estadual (DPRJ).

O levantamento indica que, nesse período de 65 dias de pandemia de Covid-19, houve um aumento de 33% do número de óbitos no sistema prisional em relação ao ano passado.

Covid-19, houve um aumento de 33% do número de óbitos no sistema prisional em relação ao ano passado.

Para o coordenador de Defesa Criminal da DPRJ, Emanuel Queiroz, “não há outra justificativa” para o aumento do número de mortes que “não passe” pela pandemia de Covid-19.

Ainda que os dados gerais apontem para o novo coronavírus com esse aumento do número de mortos, o defensor afirmou não ser possível garantir que a doença esteja se alastrando pelas cadeias porque há problemas com a transparência em dados da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) – questão que hoje é alvo de ação civil pública movida pela DPRJ contra o estado.

Queiroz também ressaltou que há registros de mortes por insuficiência respiratória nos seguintes complexos penitenciários: Gericinó, Japeri, Niterói, São Gonçalo e Resende. Apenas em Volta Redonda, no Sul Fluminense, a Defensoria não constatou ter havido óbitos em penitenciárias.

‘Limitações estruturais’

A avaliação do Ministério Público do Rio de Janeiro, que monitora diariamente a operação no sistema prisional, é que a Seap “tem adotado medidas para atender protocolos e orientações sanitárias”, só que a pasta esbarra em “limitações estruturais de difícil superação”.

“A principal [limitação] é a desproporção entre vagas e população prisional. Isto inviabiliza a adoção de práticas adequadas de isolamento, em especial de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 em que não seja necessária internação. Outro fator fundamental é o distanciamento dos órgãos de saúde do SUS [Sistema Único de Saúde]”, analisou o promotor Murilo Bustamante, titular da Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Sistema Prisional e Direitos Humanos.

No dia 13 de março, para acompanhar a pandemia, foi aberto pelo MPRJ um procedimento administrativo com o objetivo de colaborar com a busca de soluções e exigir providências para suprir deficiências e falhas no sistema penitenciário fluminense.

“[O trabalho] Segue linhas de atuação que já existiam, seja por meio de ações judiciais, termos de ajustamento de conduta e inquéritos civis específicos”, detalhou o promotor.

Dados da Seap obtidos pelo MPRJ indicam que, no total, houve nove mortes por Covid-19 registradas – cinco presos e quatro servidores. Outras três mortes de internos dependiam de confirmação.

Também foi informado que o número de óbitos no primeiro quadrimestre de 2020 se manteve na média ou mesmo abaixo dos números dos últimos quatro anos. Entretanto, em abril houve 35% mais óbitos que o mesmo mês de 2019.

Seap registra 18 mortes por doenças

Questionada via Lei de Acesso à Informação, a Seap informou, sem detalhar em qual período, ter registrado 18 mortes em presídios do estado. Foram pedidos à pasta esclarecimentos sobre medidas tomadas em relação à pandemia.

Além de quatro mortes de presos confirmadas por Covid-19, a pasta também registrou 12 óbitos por “complicações pulmonares”, especificando como causa tuberculose e síndrome respiratória aguda.

O detalhamento enviado pela Seap indicou que as quatro mortes de presos por Covid-19 ocorreram nos dias 13, 17, 22 e 28 de abril. Todos os mortos são homens.

A secretaria citou uma quinta morte, também por Covid, no dia 28 de abril, mas alega que o interno já estava internado no Hospital Pedro II, por outra razão (sem dizer qual), e acabou infectado na própria unidade de saúde. Ele não resistiu e morreu.

Houve ainda, segundo a pasta, duas mortes de servidores por Covid-19 – uma em 14 de março e outra no dia 12 deste mês. Um dos casos é o de Peterson Costa, de 41 anos, que trabalhava no Sanatório Penal e estava na Seap havia dez anos.

Até o dia 13 deste mês – data em que solicitação da reportagem foi respondida –, a secretaria informou não ter registrado mortes de mulheres no sistema penitenciário fluminense.

Síndrome gripal grave

As informações enviadas pela secretaria também tratam de casos suspeitos de síndrome gripal grave no sistema penitenciário. Até o dia 13 deste mês, a Seap comunicou que 65 servidores apresentavam essas condições, além de cinco internos.

Novamente, casos de mulheres presas não foram detectados.

1 mil testes

Para toda a população penitenciária, que hoje é de cerca de cerca de 49 mil presos, foram entregues à Seap pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) 1 mil testes rápidos. Os policiais penais da pasta foram priorizados; a testagem deles começou no dia 5 deste mês.

Desde então, a secretaria informou que até o dia 13 deste mês já realizou 140 testes. A pasta comunicou não ser possível especificar quantos servidores já realizaram os exames porque eles podem optar por fazer os testes em laboratórios particulares.

Em relação aos presos, a secretaria comunicou que 14 deles fizeram o teste “swab” (exame feito com um cotonete mais comprido) após eles serem internados no Hospital Penal Hamilton Agostinho, em Gericinó. Mulheres presas não foram testadas porque, segundo a Seap, não há casos suspeitos.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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