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Presidenciável francesa Marine Le Pen defende legitimidade da reintegração da Crimeia à Rússia
A candidata presidencial francesa Marine Le Pen reafirmou nesta quarta-feira (13) sua opinião de que a Crimeia deve estar com a Rússia depois de votar pela saída da Ucrânia em um referendo em 2014.
Única rival do presidente Emmanuel Macron que chegou ao segundo turno da eleição, prevista para 24 de abril, a íder do partido francês de extrema-direita Reagrupamento Nacional (Rassemblement National, em francês) disse não se arrepender de seus comentários sobre o status da Crimeia que levaram-na à proibição de entrada na Ucrânia.
“Eu não neguei [a reintegração da Crimeia] porque eles fizeram um referendo. Então, eu não vou a Kiev… Eu não me arrependo. A Crimeia foi ucraniana por 26 anos e o resto do tempo foi russa. Pessoas na Crimeia queriam voltar para a Rússia”, disse ela em entrevista à emissora BFM TV.
Ela acrescentou, ainda, que não iria para a Rússia até que suas tropas deixassem a Ucrânia e um tratado de paz fosse assinado.
Le Pen prometeu fornecer ajuda militar letal e não letal à Ucrânia durante um discurso de campanha em Paris no início do dia.
Sobre a OTAN e a Rússia, Le Pen disse que os dois devem reconstruir seu relacionamento estratégico. Ela argumentou que os laços mais estreitos entre a Rússia e a China não eram do interesse da França e da Europa, mas dos Estados Unidos.
“Assim que o conflito russo-ucraniano terminar e for resolvido por meio de um tratado de paz, defenderei uma aproximação estratégica entre a Otan e a Rússia”, disse ela à imprensa.
Le Pen reiterou sua insistência na independência da França de Washington dentro da OTAN.
Os americanos tradicionalmente desempenham o papel de liderança na estrutura de comando da aliança, e Le Pen disse que faria a França deixar a coalizão militar caso seja eleita.
Contra sanções à Rússia
Ontem (12), Le Pen declarou ser contrária às restrições impostas aos insumos energéticos da Rússia. Ela acredita que a retaliação ocidental pode ter consequências negativas para o povo francês.
As alegações da presidenciável foram feitas nesta terça-feira (12) à rádio France Inter.
“Eu me oponho às sanções energéticas [contra a Rússia]. Não quero que o povo francês enfrente as consequências de decisões que tentam barrar a importação de óleo e gás porque eu sei que haverá consequências nos preços dos insumos para a França. E eu estou aqui para defender a França”, disse ela.
Le Pen sugeriu ainda que Paris deve se retirar do mercado energético europeu, uma vez que a França é muito menos dependente do óleo e do gás russos do que outros países da União Europeia (UE).
Após o início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, o bloco europeu votou pela aceleração da independência dos insumos energéticos russos.
Na semana passada, a UE anunciou seu quinto pacote de sanções contra a Rússia, que inclui banimento total da compra, importação e transferência de carvão e outros combustíveis fósseis para os países-membros caso eles sejam originados da Rússia ou exportados de lá. A medida começa a vigorar em agosto.
Os preços dos itens energéticos tiveram um aumento de 45% em março quando comparados ao mesmo período do ano passado.
As importações da Rússia para a União Europeia em 2021 correspondem a aproximadamente 45% do total comprado de gás, 27% em relação a óleo cru e 46% ao carvão, segundo a Comissão Europeia.
O primeiro turno das eleições presidenciais francesas ocorreu no último domingo (10). O atual presidente, Emmanuel Macron, obteve 27,84% dos votos válidos, enquanto Le Pen garantiu 23,15%. A segunda etapa do pleito ocorre em 24 de abril. Projeções indicam que o adversário de Le Pen garantirá sua reeleição em uma votação apertada, com 52% dos votos.