Brasil
Por que Salvador ainda é a capital criativa do Brasil
Se depender da criatividade do povo baiano, o Brasil pode se tornar um líder global na economia criativa, mas investidores precisam sair de suas bolhas
A chegada em agosto do documentário “Axé: canto de um povo e um lugar” à Netflix e o episódio sobre Salvador da série “Street Food”, no mês passado, marcam um momento especial para a primeira capital do Brasil. Se não fosse a famigerada pandemia, que arrasou com a indústria do turismo globalmente, esse seria, sem dúvidas, o verão mais movimentado da cidade dos últimos anos.
A chegada de um novo Centro de Convenções privado, a reforma do aeroporto da cidade, a reforma de espaços importantes e a vinda (agora adiada) de eventos como o Afropunk, Bienal do Livro e o Salvador Black Film Festival ajudariam na retomada econômica dessa cidade que sempre influenciou culturalmente o Brasil.
Se fôssemos como a África do Sul ou Austrália, com várias capitais, faria sentido pensar que no Brasil se São Paulo é a capital econômica, Rio de Janeiro, a turística e Brasília a capital política, Salvador é sem dúvidas a capital cultural. Senão vejamos.
Como já disse o poeta e diplomata carioca Vinícius de Moares, foi em terras baianas que surgiu o samba de roda (precisamente em cidades como Santo Amaro da Purificação e Cachoeira) e que depois foi levado na virada do século passado ao Rio de Janeiro por Tia Ciata e outras baianas (que hoje dão nome a uma ala nas escolas de samba).
Mas quem pensa que só de samba vive o baiano está enganado. A guitarra elétrica foi criada também em Salvador pela dupla Dodô (afrodescendente) e Osmar, mais ou menos ao mesmo tempo que os americanos estavam criando a deles. A invenção brasileira foi chamada, na época, de “pau elétrico” e depois de “guitarra baiana”. Ou seja, quando a distorção do rock americano e inglês chegou na Bahia não causou estranheza ao povo que já pulava ao som do Trio Elétrico, que assim como Sound System jamaicano levou o som do reggae e do Dub para as ruas.
Aqui também surgiram movimentos que marcaram a cultura brasileira como a Tropicália e teve a influente banda Novos Baianos que mudou a música brasileira. Há poucos símbolos que identificam o Brasil no exterior, certamente alguns deles são o samba, a capoeira e a batida do Olodum, todos vindos da Bahia.
Porém, a novidade é que nos últimos anos surgiram outras empresas criativas e startups que estão criando novos modelos de negócios transformando a economia da cidade e com potencial de levar o nome da Bahia e do Brasil para o mundo.
Desde a década passada, iniciativas como o Parque Tecnológico da Bahia pelo Governo do Estado da Bahia e a criação do Senai Cimatec (chamado carinhosamente do MIT baiano), há um esforço para reposicionar a cidade que ainda é vista apenas como a cidade do verão e do carnaval.
Podemos dizer, sem receios, que nos últimos anos essas iniciativas tomaram uma proporção muito maior. Hoje Salvador já lidera, em números absolutos, o número de startups na região Nordeste e produziu “business cases” de grande relevância nacional como a Jusbrasil (uma das pioneiras em LawTech), Sanar (startup de conteúdo para área de saúde), Saferticket (eventos), Infleet (gestão de frotas), além de outras plataformas B2B como a Agilize (contabilidade), Antecipa (adquirida pela XP Investimentos) e as de impacto social como a Mosquito Zero, Trazfavela e Afrosaúde.
Essas empresas florescem em um ecossistema que hoje conta com importantes hubs como o Vale do Dendê (do qual sou um dos cofundadores), Hub Salvador (gerido pelo fundo Lighthouse e a empresa baiana de computadores, Daten), Colabore (espaço de impacto social da prefeitura com o Sebrae) e diversos coworks, programas de aceleração, escolas inovadoras como as do Sesi-Bahia e redes formais como a All Saints Bay ou informais como a Black Business Bahia.
A chegada da empresa Qintess no ecossistema baiano veio para coroar esse momento. A empresa, que está entre as dez maiores na área de TI no Brasil, anunciou recentemente um grande investimento estratégico para apoiar startups da diversidade e mira Salvador para ser um dos seus principais locais na busca de talentos para a área de tecnologia e criatividade no Brasil.
Possibilidades não faltam para a primeira capital do Brasil ser um novo hub criativo no país. A rigor, Salvador pode ser um grande território para o desenvolvimento do cinema brasileiro, junto com a cidade de Cachoeira, que já possui um curso de destaque na área de audiovisual. Da mesma forma, pode avançar na área de games onde já é conhecida por ser hub de jogos educacionais.
A capital baiana pode também expandir sua vocação musical criando uma cadeia produtiva para esse segmento com investimentos em produtores e estúdios musicais de padrão internacional e pode avançar muito na área de tecnologia, incluindo sua região metropolitana com cidades como Lauro de Freitas, as industriais Camaçari e Candeias e ainda São Francisco do Conde, onde há uma universidade internacional para estudantes africanos, a UNILAB.
Ainda há um logo caminho a trilhar para que Salvador, e a Bahia, sejam uma referência nacional consolidada no Brasil, assim como novas cidades-hub estão sendo nos Estados Unidos, como é o caso de Austin no Texas, Atlanta na Georgia e Detroit no Michigan (que não por acaso é um das principais capitais da música nos EUA, uma cidade negra, sede da Motown Records e onde foi criada a música techno).
O Brasil, em geral, ainda precisa investir muito em reduzir a burocracia e melhorar a infraestrutura, inclusive a qualidade da educação para que esta prepare os jovens para os grandes desafios do século 21. Mas, se depender da criatividade e resiliência do povo baiano, é possível o Brasil ser um líder global na economia criativa. É preciso apenas que investidores possam sair de suas bolhas e olhar para a potência que emerge da primeira capital do Brasil.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
-
Mundo8 meses atrás
México vai às urnas em eleição histórica e pode eleger 1ª presidente mulher
-
Geral8 meses atrás
Saiba como fica a composição do TSE com a saída de Moraes e a chegada de André Mendonça
-
Geral8 meses atrás
Após derrotas no Congresso, Lula faz reunião com líderes do governo nesta segunda (3)
-
Política8 meses atrás
Apoio de Bolsonaro e estrutura do PL podem levar Fernando Rodolfo ao segundo turno em Caruaru, mostra pesquisa
-
Saúde7 meses atrás
Cientistas descobrem gene que pode estar associado à longevidade
-
Polícia8 meses atrás
Homem é executado em plena luz do dia em Bom Conselho
-
Comunidade8 meses atrás
Moradores do São João da Escócia cobram calçamento de rua há mais de 20 anos
-
Comunidade8 meses atrás
Esgoto estourado prejudica feirantes e moradores no São João da Escócia