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Poluição sem fronteiras — Brasil é o 4º país que mais gera lixo plástico

País gera 11,3 milhões de toneladas de lixo plástico por ano, atrás dos EUA, China e Índia. Parte termina em aterros e lixões, e outra sequer é coletada

(Yegor Aleyev/Getty Images)

São Paulo – A cada ano, cerca de 10 milhões de toneladas de plásticos chegam aos oceanos, o que equivale à 23 mil aeronaves Boeing 747 pousando nos ecossistemas marinhos. Nesse ritmo, até 2030, o lixo plástico será praticamente onipresente nos oceanos, com volume equivalente a 26 mil garrafas de 500 ml de água a cada km².

Os dados alarmantes, divulgados nesta terça-feira (05), fazem parte de um relatório da organização ambiental WWF International, o “Global Plastics Report”, que faz um raio X do impacto do plástico no meio ambiente, na economia e na sociedade.

Sinônimo de praticidade e resistência, o plástico se tornou tão útil na vida moderna a ponto de ser encontrado por todos os lados, até onde não deveria. Estudos científicas demonstram que vasta presença do material em produtos cotidianos — de embalagens a cosméticos, passando por roupas e artigos domésticos — associada à má gestão dos resíduos têm contribuído para uma poluição sem precedentes no meio ambiente, e que não respeita fronteiras.

A contaminação das águas dos oceanos por detritos do material é um dos efeitos mais estudados pelos cientistas. Além de atingir as remotas águas do Polo Norte e as regiões mais profundas dos oceanos, micropartículas do material são encontradas até mesmo na água potável que é servida à populaçãoem vários países do mundo.

O plástico não é inerentemente nocivo. É uma invenção criada pelo homem que gerou benefícios significativos para a sociedade. Infelizmente, a maneira com a qual indústrias e governos lidaram com o plástico e a maneira com a qual a sociedade o converteu em uma conveniência descartável de uso único transformou esta inovação em um desastre ambiental mundial.

— Trecho do relatório “Global Plastics Report”.

Maiores geradores de resíduos plásticos

O relatório da WWF compila números do Banco do Mundial e analisa a relação de mais de 200 países com o plástico. Na lista de maiores geradores de resíduos do material, o Brasil aparece em 4º lugar, com 11,3 milhões de toneladas produzidas anualmente, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. Em média, o brasileiro produz 1 quilo de lixo plástico a cada semana.

Para piorar, o país só recicla 1,28% do total produzido, um dos menores índices da pesquisa e bem abaixo da média global de reciclagem plástica que é de 9%. No Brasil, segundo dados do Banco Mundial, mais de 2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular, sem qualquer tipo de tratamento, em lixões a céu aberto. Outras 7,7 milhões de toneladas são destinadas a aterros sanitários.

Em fevereiro, o WWF lançou uma petição global pedindo um acordo legalmente vinculativo sobre a poluição dos plásticos marinhos.

Confira na tabela abaixo os 10 países que mais geram resíduos plásticos (em toneladas/ano) e a destinação final dos rejeitos:

País Total de lixo plástico gerado Total incinerado Total reciclado Relação produção e reciclagem
Estados Unidos 70.782.577 9.060.170 24.490.772 34,60%
China 54.740.659 11.988.226 12.000.331 21,92%
Índia 19.311.663 14.544 1.105.677 5,73%
Brasil 11.355.220 0 145.043 1,28%
Indonésia 9.885.081 0 362.070 3,66%
Rússia 8.948.132 0 320.088 3,58%
Alemanha 8.286.827 4.876.027 3.143.700 37,94%
Reino Unido 7.994.284 2.620.394 2.513.856 31,45%
Japão 7.146.514 6.642.428 405.834 5,68%
Canadá 6.696.763 207.354 1.423.139 21,25%
*Valor total de lixo plástico descartado em resíduos sólidos urbanos, resíduos industriais, resíduos de construção, lixo eletrônico e resíduos agrícolas, na fabricação de produtos durante um ano. Fonte: WWF / Banco Mundial (What a Waste 2.0: A Global Snapshot of Solid Waste Management to 2050)

Problemas e soluções

Os detritos plásticos são contaminantes complexos e persistentes do ponto de vista ambiental. O plástico é quase indestrutível e, no meio ambiente, só se divide em partes menores, até mesmo em partículas de escala nanométrica (um milésimo de um milésimo de milímetro). Ainda assim, a natureza é incapaz de “digeri-lo”.

Independentemente do tamanho do detrito, os plásticos muitas vezes contêm uma ampla gama de substâncias químicas usadas para alterar suas propriedades ou cores e muitas delas têm características tóxicas ou de desregulação endócrina (imitam hormônios capazes de interferir no sistema endócrino). Esse materiais também podem atrair outros poluentes, incluindo dioxinas, metais e alguns pesticidas.

No meio ambiente natural, os plásticos apresentam inúmeras ameaças ecológicas, como a inibição da capacidade reprodutiva dos animais, o bloqueio dos tratos digestivos daqueles que o ingerem e a transferência de poluentes para esses animais e seus predadores. Tartarugas marinhas, caranguejos e aves costumam ser vítimas fáceis.

Nada disso sai barato. A poluição por plástico gera mais de US$ 8 bilhões de prejuízo à economia global, segundo levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Os principais setores afetados são o pesqueiro, comércio marítimo e turismo.

Não precisa ser assim. É possível transformar o problema em oportunidades, com benefícios para o Planeta e os negócios. De um lado, será preciso reduzir, sim, o consumo de plástico virgem (plástico novo) e, de outro, estruturar uma cadeia circular de valor para o plástico, aponta o estudo.

Reduzir o consumo de plástico resulta em mais opções de materiais que sirvam como opção ao plástico virgem, garantindo que seu preço reflita seu custo na natureza e, assim, desencorajando o modelo de uso único. Já a criação de uma cadeia de valor do plástico demanda maior e melhor coleta e tratamento dos resíduos (evitando contaminação que impeça a reciclagem).

O estudo reitera a importancia de responsabilização do produtor pelo descarte dos materiais e defende a aplicação de taxas de coletas mais elevadas para encorajar as empresas a buscar materiais mais limpos desde seu design até o descarte. Um sistema de separação e tratamento do lixo plástico que envolva as empresas produtora ajudaria a viabilizar sistemas de reciclagem que garantam mais uniformidade e volume do material, facilitando assim o reuso do plástico.

Fonte Exame

 

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

Por

Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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