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Mulher internada com dengue sofre traumatismo craniano após cair de janela de UPA, no DF
Família afirma que paciente foi diagnosticada com ‘hemorragia cerebral grave sem chance de reversão’ por causa da queda. Iges afirma que paciente pulou sozinha e que equipe prestou toda assistência.
Uma mulher sofreu traumatismo craniano após cair da janela da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceilândia, no Distrito Federal, na última quinta-feira (9). A paciente estava internada no local com um quadro grave de dengue, segundo os familiares. O caso é investigado pela 19ª Delegacia de Polícia, em Ceilândia.
De acordo com o depoimento prestado à Polícia Civil, uma das filhas da vítima, ao chegar à UPA na noite de quinta, foi informada “que a paciente havia tido delírios e pulado sozinha da janela aberta na sala vermelha” da unidade. Ela foi transferida para o Hospital de Base, onde a equipe médica disse que a mulher teve uma “hemorragia cerebral grave sem chance de reversão”.
Os familiares de Cidalva Prates Guedes afirmam que populares avisaram que ela estava caída do lado de fora da UPA e que os devidos socorros não foram prestados após a queda. Em nota, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges) diz que “a equipe prestou toda assistência à paciente, reavaliou a mesma e posteriormente a encaminhou e solicitou uma tomografia e um parecer da neurocirurgia do Hospital de Base” (veja íntegra abaixo).
No boletim de ocorrência, registrado no último sábado (11), a família alega que, diante da quadro de saúde da mulher, não havia como ela pular sozinha da janela. Segundo familiares, Cidalva apresentava fraqueza e confusão mental dias antes do acidente.
Internação
Segundo a família, em depoimento à Polícia Civil, Cidalva procurou atendimento na UPA de Ceilândia no último dia 3, com queixas de dor abdominal, plaquetas baixas, febre e sangramento nasal. O relato aponta que ela teria um diagnóstico de dengue, após um exame na UBS de Samambaia, no último dia 24.
A família conta que, em seguida, o médico “examinou a paciente, prescreveu analgésicos apenas pela fala da mesma e solicitou exames laboratoriais, sendo liberada para casa após os exames detectarem plaquetas baixas”. No dia seguinte, ela voltou à UPA, com dor de cabeça, fraqueza, febre e dor abdominal.
Cidalva foi encaminhada para a sala verde da UPA, onde ficou em uma poltrona, sem direito a acompanhante pelos próximos quatro dias. Na última quarta-feira (8), após insistência da família, um familiar pode acompanhar Cidalva, que apresentava confusão mental, fraqueza, complicações no fígado e rins, segundo o relato.
“Devido a evolução para pior, a médica do dia 09/03/2023 solicitou transferência da paciente para ala vermelha da UPA aproximadamente às 10h da manhã. A paciente estava assustada, confusa e foi levada de cadeiras de rodas, pois não conseguia andar devido a debilidade”, de acordo com o boletim de ocorrência. Mais uma vez, a equipe médica proibiu a permanência de um acompanhante, afirma a família.
Queda
No dia 9, no período da noite, quando uma das filhas de Cidalva foi até a UPA em busca de informações sobre a mãe, ficou sabendo que a paciente tinha caído de uma altura de 2 metros e estaria com um corte na cabeça.
Segundo a equipe médica, “a paciente estava bastante agitada e ficou gritando por 20 minutos antes de se jogar”. O médico responsável teria, então, prescrito um medicamento para a paciente se acalmar, segundo o boletim de ocorrência.
“Contudo, o medicamento não fez o efeito esperado e a paciente continuou agitada e apresentando um quadro de delírio. Nesse intervalo de tempo, a paciente ficou sem supervisão médica e sem contenção”, afirmaram os familiares em depoimento.
O médico teria solicitado uma tomografia do crânio no Hospital de Base e acionado uma UTI móvel para realizar o transporte da paciente. “O médico da UTI MÓVEL relatou ainda que a paciente deveria ter sido intubada imediatamente após a queda, mas não sabia explicar porque a UPA não adotou o procedimento”, segundo o relato.
No Hospital de Base, a família foi informada que Cidalva tinha uma hemorragia cerebral grave sem chance de reversão. A médica que atendeu a mulher afirmou que ela demorou a ser atendida, segundo o boletim de ocorrência.
Em seguida, os familiares de Cidalva foram orientados pela equipe médica a se despedirem da mulher, “que segundo quadro clínico não tem chances de melhoras, estando respirando apenas com ajuda de aparelhos”.
O que diz o Iges-DF
“O IgesDF esclarece que a paciente deu entrada na UPA da Ceilândia em 3 de março, com um quadro de dengue, foi admitida e prestada assistência para melhora do quadro da mesma. Na admissão, ela não apresentava um quadro que necessitasse uma assistência de sala vermelha e, por ter menos de 60 anos, a paciente não tinha direito ao acompanhante. No decorrer do dia, a equipe assistencial identificou uma piora do quadro e a encaminhou para sala vermelha para que a mesma fosse assistida de forma mais intensa e ampla. No momento da admissão, a paciente não apresentava um quadro que necessitasse de contenção, pois não apresentava sinais de agitação ou de violência. Dado momento em que a equipe da sala vermelha prestava assistência a outro paciente da mesma sala. a equipe ouviu o barulho e quando foi ao leito a paciente havia se jogado da janela. No mesmo momento a equipe prestou toda assistência à paciente, reavaliou a mesma e posteriormente a encaminhou e solicitou uma tomografia e um parecer da neurocirurgia do Hospital de Base.
A unidade solicita ao Complexo Regulador vaga hospitalar a todos os pacientes internados e os pacientes das alas são assistidos 24h. Tanto que ao observarem o rebaixamento levaram a paciente para sala vermelha.
A gestão da unidade e o Núcleo de Segurança do Paciente foram comunicados imediatamente e apuraram todos os fatos para que sejam adotadas as medidas necessárias para que situações semelhantes não ocorram novamente. A unidade manteve os familiares informados sobre o quadro da paciente.
O IgesDF esclarece ainda que foi prestada assistência em todo período de permanência da paciente na unidade, e reafirma que não houve omissão por parte da equipe da UPA.
A paciente segue internada no Hospital de Base, recebendo todos os cuidados necessários”