Economia
Ibovespa hoje: bolsa opera em tom de cautela após payroll sugerir alta de juros mais forte do Fed
Criação de empregos urbanos dos Estados Unidos acelera em relação a junho e supera o consenso de mercado em mais de 100%
O Ibovespa opera próximo da estabilidade nesta sexta-feira, 5, pressionado pela a maior cautela do mercado internacional após a divulgação do mercado de trabalho dos Estados Unidos nesta manhã.
- Ibovespa: – 0,33%, 105.536 pontos
O payroll, considerado um dos principais termômetros da economia americana, revelou um número de criação empregos urbanos muito superior ao esperado para julho. Foram 528.000 postos urbanos criados ante consenso de 250.000. Os dados de junho também foram revisados para cima, de 372.000 para 398.000.
A criação de empregos urbanos de julho foi a maior desde fevereiro, quando foram criados 750.000. A força do mercado de trabalho dos Estados Unidos também se refletiu na queda da taxa de desemprego de 3,6% para 3,5% (ante expectativa de manutenção do patamar anterior) e na variação do salário médio por hora, que subiu 0,5% no mês (contra consenso de 0,3%) e 5,2% na comparação anual (ante expectativa mediana de 4,9%).
Os dados acima do esperado reforçaram a tese de que ainda é muito cedo para o Federal Reserve reduzir o ritmo de alta de juros de 0,75 para 0,50 ponto percentual — como sinalizado na última decisão. Logo após a divulgação do payroll, a probabilidade de o Fed manter os 0,75 p.p. de alta em setembro se tornou majoritária, saltando de 40% para próximo de 67%, segundo monitor do CME Group.
“O mercado de trabalho continua forte, o que vai colocar na mesa a chance de o Fed subir em mais 0,75 p.p. a taxa de juros americana. A queda da taxa de desemprego atual significa que quase qualquer pessoa que busque emprego no país está conseguindo e o americano está ganhando — o que não mostra uma tendência de desaceleração de inflação. Com vaga sobrando, aumenta o salário e gera inflação”, disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
A perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos tiveram efeito dominó sobre todo o mercado. Nos Estados Unidos, índices futuros de ações firmaram movimento de queda, enquanto bolsas da Europa estenderam as perdas. Já o dólar seguiu direção contrária, ganhando força ao redor do mundo. No Brasil, a moeda americana saltou de próximo de R$ 5,21 para acima de R$ 5,26 logo após a divulgação.
- Dólar: +0,79%, R$ 5,262
- S&P 500 (EUA): – 0,98%
- Nasdaq (EUA): – 1,36%
Ações em destaque
As perdas na bolsa brasileira só não são maiores graças às ações de empresas de commodities, que sustentam o índice próximo da estabilidade. Vale, frigoríficos, Suzano, SLC e até a Petrobras são algumas das ações negociadas em alta nesta manhã.
- Vale (VALE3): + 1,01%
- Suzano (SUZB3): + 1,61%
- Marfrig (MRFG3): + 4,36%
Já a ponta negativa é liderada por ações de empresas mais dependentes de juros baixos, como as do setor de tecnologia e varejo, que sofrem com a piora do humor global. Vale lembrar também que elas estiveram entre as maios altas do último pregão, impulsionadas justamente pela perspectiva contrária para a economia brasileira: de que o Banco Central do Brasil está próximo de encerrar seu ciclo de alta de juros.
- Locaweb (LWSA3): – 6,48%
- Petz (PETZ3): – 5,41%
- Magazine Luiza (MGLU3): – 3,89%