Economia
Ibovespa hoje: bolsa descola de exterior negativo com IPCA abaixo do esperado e balanços
Inflação desacelera para próximo de 10% e reforça expectativa sobre fim do ciclo de alta de juros no Brasil
O Ibovespa opera em leve alta nesta terça-feira, 9, com investidores digerindo resultados do segundo trimestre e dados da inflação brasileira.
- Ibovespa: +0,10%, 108.506 pontos
O Índice de Preço ao Consumidor Ampla (IPCA), divulgado nesta manhã pelo IBGE, apresentou deflação de 0,68% no mês de julho, com a inflação acumulada em 12 meses caindo de 11,89% para 10,07%. A queda foi maior que a esperada para 10,10%.
O número ajudou a reforçar a tese de que a inflação brasileira passa por um declínio, tendo já alcançado o pico em abril, quando o IPCA foi de 12,13%.
“Apesar da redução de impostos ter um impacto pontual de queda da inflação, a expectativa é que o processo de desinflação possa se acelerar daqui para frente, refletindo o aperto monetário em curso e a menor demanda global que tende a tirar grande parte da pressão inflacionária que observamos no ultimo ano”, afirmou em nota Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.
A maior expectativa alimenta as esperanças de que o ciclo de alta de juros encerrou na última semana, com a elevação da taxa Selic para 13,75%. A ata do última reunião do Copom, divulgada nesta manhã, também foram nesta direção, segundo a economista-chefe do Inter. “Uma eventual nova alta da taxa Selic ocorrerá somente caso haja alguma mudança no cenário, mas que a taxa atual deve ficar elevada por um período ‘suficientemente prolongado’.”
A perspectiva de um Banco Central menos contracionista contribui para a que a bolsa brasileira descole da maior cautela no exterior. Bolsas internacionais chegam a cair mais de 1%, com os principais índices de Wall Street em queda. O movimento ocorre um dia antes da divulgação do Índice de Preço ao Consumidor dos Estados Unidos, para o qual o mercado projeta nova aceleração, de 8,7% para 9,1%.
Ações em destaque
Entre as principais contribuições positivas para o Ibovespa estão as ações do Itaú, que lideram as altas do índice, após balanço do segundo trimestre. O banco apresentou lucro líquido recorrente de R$ 7,679 bilhões, acima do consenso de mercado da Bloomberg para o trimestre, de R$ 7,43 bilhões. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) recorrente saltou para 20,8% frente os 18,9% do mesmo período do ano passado.
- Itaú (ITUB4): + 1,82%
Analistas do BTG classificaram os resultados como “os melhores até agora entre os bancos brasileiros”. “Margem financeira com mercado, receitas com serviços e seguros foram melhores do que o esperado, enquanto a qualidade dos ativos teve um desempenho melhor do que vimos em seus pares privados”, afirmaram em relatório.
O resultado ajuda a puxar as ações do Banco do Brasil, o único entre os quatro grandes de varejo que ainda não apresentou balanço do segundo trimestre.
Expectativas sobre os balanços também movem as principais quedas do Ibovespa. Na lanterna, a CVC chega a cair mais 8% nesta sessão, antes da divulgação do resultado previsto para esta noite. Empresas que estiveram entre as maiores altas dos últimos pregões também figuram entre as maiores quedas, como as do setor de varejo e de crescimento.
- CVC (CVCB3): – 8,08%
- Méliuz (CASH3): – 6,72%
- Americanas (AMER3): – 5,20%