Mundo
Europa planeja reabertura de fronteiras ao mundo em julho
Flexibilização do confinamento europeu tem ritmos muito diferentes, de acordo com o cenário de cada país
A União Europeia, mais aliviada a respeito da pandemia do novo coronavírus, planeja reabrir as fronteiras externas em julho, enquanto no continente americano, atual epicentro da covid-19, o clima virou um novo inimigo na luta contra a doença, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Continente mais afetado pela pandemia até o momento com mais de 185.000 mortos, a Europa prossegue com o processo de normalização.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, anunciou nesta quarta-feira que a Comissão Europeia deve propor esta semana aos países do bloco a reabertura “gradual e parcial” das fronteiras externas da União Europeia (UE) a partir de 1 de julho.
A retomada das viagens “não essenciais” à UE, não será aplicada a todos os países, e sim a um número determinado com base em uma série de critérios estabelecidos pelos países europeus e a Comissão, afirmou Borrell.
A medida para conter a pandemia entrou em vigor em 17 de março e, desde então, foi prorrogada nos 27 países do bloco, exceto a Irlanda, assim como em outros quatro países europeus: Suíça, Liechtenstein, Islândia e Noruega.
A nível interno, a Áustria anunciou que voltará a abrir a fronteira com a Itália em 16 de junho.
A Áustria foi o primeiro país da UE que anunciou em 10 de março controles drásticos com a Itália, que foi um dos principais focos do coronavírus na Europa.
A flexibilização do confinamento europeu tem ritmos muito diferentes, de acordo com o cenário de cada país. Na Espanha, por exemplo, o governo anunciou que o uso de máscaras será obrigatório até que o novo coronavírus seja derrotado “definitivamente”, com uma multa de 100 euros (112 dólares) para quem desrespeitar a regra.
América ante o frio e os furacões
No continente americano a realidade é muito diferente. O início do inverno austral aumentará a incidência de doenças respiratórias na América do Sul e a intensa temporada de furacões esperada nos próximos meses no Atlântico também complicará a resposta à pandemia nas Américas do Norte e Central, especialmente no Caribe, afirmou a diretora da OPAS, Carissa Etienne.
O novo coronavírus segue avançando com força no Brasil, Peru e Chile. Os casos também registraram aceleração na Venezuela, assim como no México, Panamá e Costa Rica, sobretudo na fronteira com a Nicarágua, além de Haiti e Suriname.
Na Amazônia brasileira, onde o vírus afeta em particular as populações indígenas, outro problema se aproxima: a temporada de incêndios florestais, cuja fumaça pode agravar a já complexa situação de saúde.
Com mais de 112.000 mortes nos Estados Unidos, país mais afetado do mundo, e mais de 38.000 vítimas fatais no Brasil, o continente americano concentra quase metade dos 7,2 milhões de casos e das mais de 411.000 mortes registradas no planeta desde o surgimento da COVID-19 na China no fim do ano passado.
A propagação da doença pelo mundo forçou bilhões de pessoas a alguma forma de confinamento e provocou a pior recessão global em 80 anos.
Recessão mundial de pelo menos 6%
A OCDE divulgou nesta quarta-feira suas perspectivas econômicas e prevê uma recessão mundial de 6% para 2020 caso a pandemia de COVID-19 permaneça sob controle e de 7,6% em caso de segunda onda.
Para 2021, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) antecipa uma forte recuperação no primeiro caso, com um crescimento de 5,2%, que se verá limitado a 2,8% no caso de uma segunda onda da pandemia.
A zona do euro será particularmente afetada com um retrocesso previsto do Produto Interno Bruto (PIB) de 9,1% no cenário mais favorável, e de 11,5% na hipótese de segunda onda em 2020.
Na América Latina, o Brasil deve registrar uma queda do PIB de 7,4% ou 9,1%, respectivamente, de acordo com o cenário. A Argentina terá retrocesso de 8,3% ou 10,1%. A economia do México deve recuar 7,5% ou 8,6%.
Para os Estados Unidos, a OCDE prevê queda do PIB de 7,3% ou 8,5%, respectivamente, segundo os cenários.
Na maior potência do planeta, onde há dois meses a curva de contágios está em um “platô”, o vírus atingiu com força as costas em um primeiro momento e agora circula nas regiões menos urbanizadas do Meio Oeste e do Sul, onde o confinamento foi determinado mais tarde e flexibilizado antes.
Mundo
Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
versão original
Mundo
Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
Mundo
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.
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