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Em noite de protestos, Mangueira arrebata Sapucaí

Em defesa da folia carioca, escola de samba exaltou em seu enredo as próprias escolas de samba e blocos de rua

Rio – A Mangueira despontou como a primeira favorita ao título do carnavalcarioca de 2018 nesta noite de abertura do Grupo Especial no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio. A escola, também conhecida como Verde e Rosa, foi saudada na Apoteose aos gritos de “é campeã” por apresentar um desfile tão belo quanto combativo. Em defesa da folia carioca – da qual, aos 90 anos, é símbolo – a Mangueira exaltou em seu enredo escolas de samba, blocos de rua e criticou abertamente o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), considerado por estes grupos um “prefeito anticarnavalesco” – ele é evangélico.

A Vila Isabel, que cantou seu “Corra que o futuro vem aí” e trouxe carros com efeitos tecnológicos, e a Mocidade Independente de Padre Miguel, com sua viagem à Índia, foram outros destaques. Um carro quebrado tirou as chances do “Cassino do Chacrinha” da Grande Rio. O Império Serrano e sua rota da China vieram simples demais, ao contrário da São Clemente, que fez bonito ao homenagear os 200 anos da Escola Nacional de Belas Artes, vindo muito bem vestida.

O Paraíso do Tuiuti também fez desfile crítico, este, à persistência da escravidão no Brasil e à precarização das ocupações dos trabalhadores, inclusive com uma ala exibindo uma carteira de trabalho chamuscada. Mas o enredo foi mal explorado, com uma profusão de escravos em alas e carros. Nenhuma outra passagem impactou o público como a da Mangueira. A escola ousou ao apresentar Crivella como “o Judas do carnaval”, na figura de um boneco enforcado, junto aos dizeres, extraídos do seu samba: “Prefeito, pecado é não brincar o carnaval”. Foi uma alusão ao apoio que o mundo do carnaval deu ao então candidato em sua campanha de 2014 e ao corte que ele, eleito, fez posteriormente nas verbas para os desfiles.

Mais esperada desta primeira noite do Grupo Especial, por conta do enredo crítico, “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”, tinha carros alegóricos de grande beleza plástica. O carnavalesco Leandro Vieira escolheu tons pouco usados de verde e rosa, mais suaves, e mesclou listras e florais em carros e em alas que representaram blocos tradicionais, como o Bola Preta, o Cacique de Ramos e o Bafo da onça, além de grupos do novo carnaval de rua do Rio, que trazem outros estilos musicais ao samba.

Foliões vieram de pirata, diabo, índios, com Vieira no meio, aplaudido pelo público. O verso do samba “se faltar fantasia, alegria há de sobrar” não se comprovou: a Verde e Rosa estava bem acabada e muito animada, com componentes cantando com vontade as alfinetadas a Crivella. Ele é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e procura se manter afastado do carnaval para não desagradar sua base de apoio evangélica, que condena a festa. Essa semana, disse que valoriza o carnaval, mas ressaltou que a cidade tem outras prioridades.

Mesmo de olho no futuro e na importância de invenções do passado, como a roda e o computador, a Vila isabel teve como estrela, já no abre-alas, o compositor Martinho da Vila, seu maior símbolo. Ele comemorava 80 anos na avenida. Esbanjando luxo, didatismo e alegorias que integravam humanos e equipamentos, a escola se credenciou para voltar no Sábado das Campeãs, quando desfilam as seis melhores – na opinião do júri especializado. O carnavalesco Paulo Barros mais uma vez abusou dos truques tecnológicos nos carros, com alguns bons resultados, como o do rapel na “roda da Vila”. Ao final do desfile, Martinho celebrou: “Nunca me imaginei com 80 anos, mas estou aqui pulando carnaval”, disse à TV Globo

A Mocidade, atual campeã, junto com a Portela, não se aprofundou na sua viagem à Índia, mesclando divindades, Ganesha, Shiva e outras, ao misticismo brasileiro. A escola estava opulenta e bastante fiel ao seu verde tradicional. O carnavalesco Alexandre Louzada também aproximou a vaca sagrada aos bois do Festival de Parintins. A plateia acompanhou a escola até o dia raiar, embalado por seu lindo samba-enredo.

Na estreia do carnavalesco Renato Lage, campeão cinco vezes na Sapucaí, a Grande Rio divertiu a avenida com uma homenagem ao centenário do apresentador Chacrinha (celebrado em 2017), recorrendo a seu apelo popular mesmo passadas três décadas de sua morte. Mas um problema no sexto e último carro, que empacou na Avenida Presidente Vargas e não entrou no Sambódromo, derrubou a escola. A passagem da agremiação tricolor terminou com desfilantes em prantos. O tempo foi estourado em cinco minutos, o que lhe trará penalidade.

O carro representava o carnaval de Recife, que Abelardo Barbosa brincou quando jovem. Muito largo por conta das ornamentações, ele não conseguiu passar numa agulha de cerca de 10 metros da via para seguir para a Sapucaí.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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