Mundo
Elon Musk: o bilionário que encara briga contra o lockdown
É possível ser contrário ao isolamento social máximo sem ser maluco? O gênio criativo e encrenqueiro da Tesla não é a pessoa certa para responder
Ele acabou de ter um filhinho ao qual deu o nome de X Æ A-12.
Isso deveria encerrar a questão. Se o sobrenome do menino não fosse Musk, como o do pai.
Elon Musk é o tempestuoso bilionário do mundo high tech que compra brigas por todos os lados, tem seu próprio programa espacial e agora desafiou a ordem de paralisação da Tesla, a fabricante de carros elétricos tão encrencada quanto seu criador.
A briga foi localizada, contra determinações da autoridade sanitária da região de San Francisco, que não permitiu a retomada de atividades como no resto da Califórnia, para a saída gradual do confinamento em vigor no estado.
Musk mandou reabrir a fábrica assim mesmo. “Estarei lá na linha como todo mundo. Se alguém for preso, peço que seja só eu”.
Desafiar uma ordem de autoridades constituídas nos Estados Unidos é para os muito pequenos, que não podem ser sequer encontrados pelo longo braço da lei, ou os muito grandes.
Elon Musk, colecionador de genialidades desde os dez anos, batendo agora, aos 48, nos 40 bilhões de dólares, evidentemente é do segundo time.
As autoridades da comarca de Alameda County acabaram cedendo, aceitando uma reabertura condicionada da fábrica.
O desafio dramático de Musk culminou uma tempestade de revolta contra a paralisação total de atividades econômicas e da livre circulação, o lockdown.
Adjetivos pesados como “anticonstitucional” e “fascista” foram esgrimidos, com o exagero que mesmo outros simpatizantes libertários da causa no Vale do Silício prefeririam evitar.
Atenção: a fábrica, com mais de 10 mil funcionários, é um primor de alta tecnologia e foi dotada de medidas de segurança para garantir o distanciamento e evitar eventuais contágios.
Seria reaberta de qualquer maneira em poucos dias, mas Musk quis comprar a briga – uma das suas especialidades.
Vários governadores ofereceram vantagens fiscais, entre outras, para Musk mudar de estado, uma das ameaças que fez.
O gosto do bilionário tempestuoso para se meter em encrencas, pulando de corpo inteiro, ofereceu mais uma oportunidade para que os partidários do isolamento social, geralmente no campo progressista, pusessem os rótulos de malucos e assassinos, entre outros, nos adversários do lockdown.
As duas correntes, quando não estão em estado de surto, têm argumentos meritórios. O peso da opinião pública e de especialistas, principalmente em saúde pública, pende para o mais importante de todos: o isolamento social salva vidas.
É uma briga brava e vem desde a disseminação da pandemia – e estamos falando de países onde o estilo chutar a porta não faz muito sucesso.
Agora, ela se deslocou para a discussão sobre o momento certo para a retomada gradual das atividades. Está fervilhando nos Estados Unidos, envolvendo política e pandemia.
A minoria contrária à paralisação, ou agora à retomada mais rápida das atividades, tem seu principal representante nas autoridades sanitárias da Suécia, que foram contra a corrente e estão segurando um rojão cujos resultados só poderão ser avaliados mais adiante.
Na Alemanha, em ritmo gradual de saída do confinamento, o jornal Bild, o maior do país, alinhou as opiniões de sete qualificados representantes do “pensamento lateral”, ou menos alinhado com o senso comum.
Ninguém pensaria em usar a palavra negacionista para um renomado patologista alemão como o Klaus Püscher, professor de medicina forense da Universidade de Hamburgo.
“No final, a Covid-19 é uma doença viral como a gripe, inofensiva na maioria dos casos e fatal em casos excepcionais”.
“Será importante ver, depois da epidemia, se a Covid-19 realmente foi a causa da morte. Dos cerca de 180 óbitos por coronavírus que examinamos, todos sofriam de morbidades pré-existentes graves e não eram crianças ou adolescentes. A Covid-19 foi a gota d’água”.
Outro alemão sem travas na língua ouvido pelo jornal foi Stefan Homburg, professor da Universidade de Hanover.
“Com o lockdown, o governo federal e os governos estaduais cometeram um grande erro”.
“Os prejuízos se acumulam a cada dia, todas as proibições precisam ser eliminadas”.
“Na Itália, a epidemia foi pior do que uma de gripe. Na Alemanha, foi menor”.
O filósofo Julian Nida-Rümelin, ex-ministro da Cultura, entrou na briga: “Com a Covid-19, os grandes números que aparecem a cada dia nos deixam assustados e perplexos”.
“Esses números precisam ser entendidos à luz de outros, como por exemplo: quantas pessoas morrem todo dia na Alemanha? Quantas morrem de ataque cardíaco? De câncer? De Covid-19?”.
Deveria ter acrescentado: e quantas foram salvas pelo confinamento? Esta pergunta vai perdurar por muito tempo, principalmente para cobrar os governos que entraram tarde no isolamento.
Atenção, de novo: comparativamente, a Alemanha conseguiu mobilizar a máquina da saúde pública de forma eficiente e contabiliza até agora cerca de 7.700 mortes para 170 mil casos confirmados.
Nesse caso, sim, dá para comparar com as epidemias de gripe.
Desde que a epidemia começou a se expandir nos Estados Unidos, Elon Musk tem dito mais ou menos o mesmo que os especialistas alemães entrevistados pelo Bild, só que no estilo deixa que eu chuto.
Já disse que o pânico causado pelo novo vírus “é idiota” . Depois explicou: acha que o crescimento exponencial estava sendo superextrapolado.
“Continuem fazendo isso; o vírus acabará excedendo a massa do universo conhecido”.
Musk largou o doutorado em física em Stanford para iniciar a carreira de criação de empresas inovadoras. A mais conhecida foi a PayPal, pioneira nos pagamentos pela Internet.
Tentou manter as fábricas da Tesla em funcionamento, mas ela foram progressivamente sendo fechadas, por decisão de governadores e prefeitos.
E o tom das reações de Musk foi subindo.
“Dizer para as pessoas que elas não podem sair de casa e que serão presas se saírem, isso é fascismo. Isso não é democracia, não é liberdade”.
Elon Musk é um visionário, como faz parte do perfil dos bilionários high tech que mudaram o mundo.
Quer dominar a energia renovável e explorar o espaço. Já disse que “acha deprimente” uma visão do futuro que “não inclua ser uma espécie multiplanetária”.
Tem uma legião de haters, claro.
Faz – e fala – besteiras como todo mundo – embora 40 bilhões de dólares sejam um escudo muito útil.
Sobre o nome de seu filhinho com a cantora Grimes, existe uma explicação.
Mas o mundo já está suficientemente complicado no momento para entrarmos em detalhes.
Mundo
Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
versão original
Mundo
Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
Mundo
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.
-
Mundo8 meses atrás
México vai às urnas em eleição histórica e pode eleger 1ª presidente mulher
-
Geral8 meses atrás
Saiba como fica a composição do TSE com a saída de Moraes e a chegada de André Mendonça
-
Geral8 meses atrás
Após derrotas no Congresso, Lula faz reunião com líderes do governo nesta segunda (3)
-
Política8 meses atrás
Apoio de Bolsonaro e estrutura do PL podem levar Fernando Rodolfo ao segundo turno em Caruaru, mostra pesquisa
-
Saúde7 meses atrás
Cientistas descobrem gene que pode estar associado à longevidade
-
Polícia8 meses atrás
Homem é executado em plena luz do dia em Bom Conselho
-
Comunidade8 meses atrás
Moradores do São João da Escócia cobram calçamento de rua há mais de 20 anos
-
Comunidade8 meses atrás
Esgoto estourado prejudica feirantes e moradores no São João da Escócia