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Coronavírus provoca guerra por respiradores artificiais no Brasil

Equipamento é essencial no tratamento de pacientes graves infectados pelo coronavírus. No Brasil, fabricantes já estão sem estoque e preço está subindo

(foto: Divulgação/Prefeitura Municipal de Governador Valadares)

Uma grave pneumonia compromete a função pulmonar. Torna a respiração um esforço enorme (dispneia) e reduz a concentração de oxigênio dissolvido no sangue (hipoxemia). Mais crítico estágio da COVID-19 num paciente, a síndrome respiratória aguda grave tem indicação de entubação e utilização de ventilação mecânica imediatas nos hospitais, segundo a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).

Esse estado da doença provocada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) levou à morte quase 30 mil pessoas ao redor do mundo, assustando por provocar uma corrida aos hospitais e grande pressão sobre a oferta de equipamentos de suporte de respiração. A falta dessas máquinas e o seu encarecimento já ocorrem no mercado nacional, o que leva a outros medos comuns em países onde a infecção já está no pico, como o da escolha de quais pacientes que irão sobreviver.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), há 2.934 respiradores em uso pelo Sistema Único de Saúde no estado, um número que pode ser ampliado numa emergência sem precedentes com o emprego de instalações privadas e até de ambulâncias, com incremento de mais 3.353 aparelhos.
O estado também dispõe de 2.795 leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, disse nessa quinta-feira que a capital tem condições de internar em respiradores até 7 mil pessoas simultaneamente.
Para se ter uma ideia, o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling, apresentou estudo que diz que só a Grande BH pode ter de 1.500 a 8 mil pacientes graves internados no pico da infecção. A SES-MG informou que estuda ampliar a oferta dos aparelhos, mas não forneceu números.
Na Europa, onde circulam imagens de hospitais abarrotados de pacientes conectados a respiradores mecânicos, o medo tem tomado conta da população e esse receio pode chegar ao Brasil com a multiplicação e agravamento dos casos. Segundo a Fundação Pulmonar Europeia (ELF), entre os mais preocupados estão pacientes idosos e com doenças respiratórias crônicas. Temem desenvolver os sintomas mais graves da COVID-19 e, por sua condição preexistente, perder a preferência no uso dos respiradores para pessoas mais saudáveis ou mais jovens.
“A grande maioria das pessoas que desenvolve a COVID-19 não precisa de ventilação. Experimentam uma doença viral leve (semelhante a um resfriado) e se recuperam completamente. Isso inclui pessoas que têm condições subjacentes”, informa a fundação.
Essa é uma discussão que a sociedade médica já tem no Brasil, pois no caso de o pico de infecção saturar a oferta de equipamentos, escolhas duras deverão ser feitas. Mas não se trata de perfis já definidos, segundo a coordenadora médica da Diretoria Assistencial da Fhemig, Maria Aparecida Camargos Bicalho.
“Não vamos tirar um paciente mais velho de um respirador e passar para um outro mais novo. Isso não funciona assim. Ainda há uma longa discussão para se fazer e todos precisam ter claros protocolos para serem seguidos. Mas é claro que se aparecerem dois pacientes, por exemplo, um acamado, completamente sequelado, com a idade que for, múltiplos AVCs, demente, que não se cuida mais sozinho, recebendo um cuidado paliativo para ter sobrevida, sem a expectativa de sair do respirador e viver, e um outro, que pode até ser mais velho e que chega por infecção grave por COVID-19, precisando de um respirador, uma escolha vai ter de ser feita”, pondera a médica.

Cuidado

O medo de precisar e não dispôr de um respirador mecânico levou vários europeus com asma, bronquite e outras doenças respiratórias crônicas a procurar pelos seus próprios aparelhos. Mas a ELF alerta que esse é um procedimento perigoso. “A ventilação deve ser fornecida apenas por um especialista treinado e não é algo que você deve adquirir sem a supervisão de um especialista. A coisa mais importante é evitar o vírus. Seguir rigorosamente as medidas de distanciamento social. Por enquanto, reduzir ao máximo o contato com pessoas fora de sua casa e praticar medidas rígidas de higiene”, recomenda a fundação.
A SES-MG informou que foi decretado, no dia 13, Situação de Emergência em Saúde Pública no estado como uma das ações de preparação para assistência aos pacientes. “Entre as medidas previstas pelo decreto estava a dispensa de licitação para compra de insumos, medicamentos e aparatos médicos, além da contratação de profissionais. Portanto, todos os esforços estão sendo realizados para sanar qualquer necessidade de equipamentos e insumos para saúde”.

Utilização  equivocada do aparelho causa lesões

Os procedimentos para a ventilação mecânica dependem de regulação das máquinas para o porte do paciente, grau de comprometimento pulmonar, resposta ao tratamento e outras necessidades clínicas que são avaliadas pelo médico no hospital. De acordo com a coordenadora médica da Diretoria Assistencial da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), Maria Aparecida Camargos Bicalho, o paciente de COVID-19 grave é entubado e sedado numa unidade ou centro de terapia intensiva. “Precisa estar sedado para não competir com o funcionamento da máquina ao tentar respirar. Com isso conseguimos colocar o pulmão dele em situação de repouso e vamos ajustando a composição de gases para o caso específico”, afirma.
De acordo com a médica, o ventilador faz todo o trabalho do pulmão e do sistema respiratório doente de aspirar e expirar, dando ao órgão tempo para se recuperar. “Enquanto isso, tratamos pela entubação da medicação do paciente. Tudo vai sendo ajustado aos parâmetros de cada caso. Por isso, não dá para uma pessoa pensar em comprar esse equipamento e usar sendo leigo. O uso equivocado pode causar lesões sérias aos pulmões”, afirma.
A ventilação é importantíssima para a recuperação do paciente, mas não é capaz de salvar a todos e tem também seus riscos. “A pessoa entubada e com suporte de um respirador acaba sem os filtros que nosso organismo dispõe para outros microrganismos e pode acabar infectado no ambiente hospitalar por outras doenças”, alerta.

Prazo longo para entrega

O preço e a disponibilidade de respiradores mecânicos têm sido um problema principalmente para os hospitais públicos. A grande procura, sobretudo particular, fez com que vários vendedores tivessem seus estoques esgotados e fornecedores passaram a usar até mesmo fábricas de outros aparelhos para ampliar a produção. A reportagem do Estado de Minas fez um levantamento entre cinco grandes fornecedores para hospitais de BH e a dificuldade foi grande para encontrar equipamentos.
Em São José dos Campos, interior de São Paulo, uma fábrica ainda atende às encomendas com um modelo de respirador de R$ 6 mil, com prazo de entrega de 16 dias. Outra fornecedora, de Balneário Camboriú (SC), dispõe de três modelos, mas cada pedido aguarda 20 dias até a aquisição do produto.
O preço tem de ser negociado pela disponibilidade e quantidade. Uma fornecedora de equipamentos hospitalares e laboratoriais de São Paulo já não dispõe de respiradores completos, que vendia por R$ 48 mil, e não há previsão de entrega de novos aparelhos.
Ao ser procurada, uma fábrica do Sul de Minas logo avisa sobre prazos dilatados devido à grande procura por causa da pandemia. O único equipamento de pronta entrega custa quase R$ 60 mil. Três modelos mais em conta estão esgotados e outros sete precisam ser encomendados com preços a combinar.
Outra grande fornecedora de São Paulo também só dispõe de um modelo hospitalar que custa R$ 100 mil. Os demais precisam ser encomendados e estão sujeitos a disponibilidade do fabricante.

Compartilhamento

Uma das saídas para racionar o uso de respiradores escassos numa possível explosão de casos graves da COVID-19 é o compartilhamento de equipamentos por mais de um paciente. Há notícias de hospitais europeus que chegaram a conectar quatro pessoas a um aparelho para tratar de todos. De acordo com a coordenadora médica da Diretoria Assistencial da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), Maria Aparecida Camargos Bicalho, essas técnicas estão sendo estudadas para uso num possível pico de atendimentos em Minas Gerais.
“É uma medida de extrema necessidade, muito complexa. Nem todo paciente pode dividir uma máquina. Se estiver com um quadro muito comprometido, terá de ter um respirador só para ele”, afirma.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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