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Brasília

Com foco na polarização, “Fake News” devem influenciar eleições no Brasil, apontam especialistas

A mudança na forma de consumo da informação criou um cenário mais livre e, ao mesmo tempo, mais favorável à disseminação de notícias falsas

Morguefile

Nas últimas semanas, o mundo se alarmou com o uso de dados de usuários de redes sociais, por empresas de marketing político, para influenciar as eleições nos EUA e o plebiscito do Brexit no Reino Unido.

O objetivo da Cambridge Analytica, empresa que esteve no olho do furacão, seria monitorar preferências políticas e influenciar a opinião pública, de acordo com o interesse do cliente. A Cambridge Analytica já havia fechado parceria com companhia brasileira para compartilhar conteúdo dentro do nosso pleito eleitoral, destaca o professor de Direito Digital do Mackenzie, Renato Monteiro.

Na mesma lógica de visar públicos específicos e apostar na capacidade de viralização, as “fake news” (ou notícias falsas) são um elemento usado nas últimas grandes eleições mundiais, e sua produção tem se tornado cada vez mais profissional.

Após a onda de “fake news” ideológicas que circulou em torno do assassinato em 14 de março da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), e por causa do dia 1º de Abril, chamado “Dia da Mentira”, a Jovem Pan conversou com três especialistas para saber como esse elemento pode influenciar o debate político no Brasil em 2018 – e as eleições de outubro próximo.

Veja os principais debates suscitados:

Como são disseminadas as “fake news”?

Márcio Ribeiro, professor da USP e gerente do Monitor do Debate Político, que acompanha os debates mais “quentes” nas redes sociais brasileiras, pondera que a mudança na forma como consumimos notícias gera um terreno fértil para as notícias falsas.

“Os veículos grande de comunicação fazem um trabalho de apuração que muitas vezes os menores não fazem. Com as redes sociais, o papel do editor ficou diminuído. O trabalho de definir o que aparece com mais destaque está diluído nas redes sociais em cada um dos usuários”, explicou. “As próprias pessoas fazem um papel de editoração. Elas decidem o que vão passar para frente e isso chega ‘mais longe’ ou ‘mais perto’”.

“Uma boa parte dos usuários não tem preocupação de apuração e muitas vezes ele acaba compartilhando uma falsa notícia”.

“As redes sociais empoderam o usuário e isso não é necessariamente ruim”, ressalvou Ribeiro. “Há 15 anos, a gente tinha um modelo de produção de informação concentrado e com muito poucos atores. Seis, sete famílias concentravam toda a informação que circulava no Brasil inteiro. Hoje, com os blogs e redes sociais, você democratizou a possibilidade de produção. Junto a isso, temos efeitos associados à ‘fake news’, polarização e produção de boatos. Isso tudo é desafio da democracia e do momento que estamos vivendo”, avaliou o professor da USP, sem negar que os grandes influenciadores do debate político ainda são os grandes meios de comunicação.

“Mas eles disputam espaço com outros produtores de notícia, muito não profissionais e sem qualquer trabalho de apuração de dados. Isso é um problema. Gostaríamos de ter mais diversidade, mas que essa diversidade ao mesmo tempo contribuísse para o debate público, e não o contrário”, ponderou.

Observando o caso de Marielle Franco, Ribeiro entende que as “fake news” são geralmente disseminadas em primeiro lugar pelo Whatsapp, aplicativo de troca de mensagens particulares que tem criptografia de ponta a ponta. “Faz sentido (as notícias falsas) surgirem no Whatsapp porque é muito mais difícil rastreá-las por lá”, ponderou o professor. Depois, as pessoas começam a descrever os boatos no Twitter e no Facebook.

“Uma das estratégias que eles usam é plantar esses boatos nos comentários dos veículos de comunicação mais estabelecidos“, disse Ribeiro. “Tenta-se construir um fato com uma intenção conectado a alguma notícia ‘quente’, que tenha ressonância em algo que de fato aconteceu”, avalia. “O que fica claro é que há um processo de tentativa e erro, que não sei se é intencional ou mais ou menos orgânico”.

O professor de Direito Eleitoral do Damásio, Clever Vasconcelos, compara as notícias falsas à compra de um produto falso. “A pessoa, muitas vezes quer se vangloriar por ter comprado um relógio, vai lá e compra o falso ao invés do verdadeiro. Igual com a notícia: ela (pessoa) quer se vangloriar que está compartilhando, protestando, e mostra uma coisa mentirosa”.

“É provável” que se empresas de marketing eleitoral atuem no Brasil de forma “profissional” usando o contexto polarizado das “fake news” na disputa política, avalia Ribeiro. “Nos Estados Unidos já foi (profissional), em outros países também, e essas empresas estão aqui já”.

O professor de Direito Digital do Mackenzie, Renato Monteiro, aponta que os autores das “fake news” usam perfis falsos e manipulação de algoritmos para disseminar conteúdo. “Esses conteúdos tentam estar muito próximos das fontes oficiais, para justamente passar uma segurança maior a quem compartilha sem checar a fonte”, ponderou.

“Depois que um conteúdo ilegítimo é criado por pessoas contratadas para isso, uma das formas mais comuns (de espalhá-lo) é utilizar robôs que vão automatizar o compartilhamento desse conteúdo”, explicou Monteiro. “Esses robôs são programas de computadores que controlam perfis falsos nas redes sociais”.

“Quando você menos percebe, o conteúdo se torna um pouco mais ‘confiável’ porque circula amplamente nas redes sociais. Mas quem deu início a essa distribuição foram perfis falsos. A máxima diz que uma ‘mentira contada mil vezes se torna uma verdade’. Uma notícia falsa compartilhada mil vezes, existe uma presunção muito maior de que é verdade”, disse o professor do Mackenzie.

Quem é o público-alvo das “fake news”?

As “fake news” se alimentam da polarização política, observa o professor de Sistema de Informações da USP. “A disputa do debate político no Brasil está muito polarizada”, diz. O grupo que compartilha matérias de política corresponde a cerca de 15% dos que circulam nas redes sociais, segundo Márcio Ribeiro.

Há dois grupos “bastante estruturados” no contexto atual, avalia: um grupo antipetista e “um grupo contra o grupo antipetista”. Essa polarização tomou força em 2013, quando os grandes protestos de junho tomaram o Brasil.

“Então, o que acontece é que as matérias que têm mais alcance tipicamente apelam para a paixão política das pessoas que estão disputando esses discursos”, aponta. “Quando você ‘produz um fato’ em torno de uma narrativa contra a corrupção, ou, por outro lado, acusando o ‘golpe’, como eles falam, as pessoas estão muito apaixonadas em torno desses temas e servem de vetores para espalhar esses boatos”.

“O fenômeno das ‘fake news’ está muito associado à polarização e à paixão dos envolvidos no debate político”, explicou Ribeiro.

A esfera pública, constituída por , é constituída por 10% a 15% da população, apontam estudos. “Os dados do Monitor do Debate Político corroboram isso”, diz Ribeiro. “Não é sem mediações que isso acontece. Há 15% disputando o discurso político e certamente essas pessoas estão influenciando todas as outras. As pessoas são sujeitos também. Elas acompanham indiretamente o debate político”.

“O debate da esfera pública é um grupo hoje polarizado em 15% da população e a disputa eleitoral está muito mais interessada nos outros 85%, a maioria da população. Mas há uma relação entre as duas coisas. De que forma essas pessoas muito polarizadas, que consomem os meios da grande imprensa e da lógica bélica de produção de ‘fake news’, como elas influenciam as outras todas que vão participar das eleições?”, questiona.

“As notícias falsas que vingam geralmente são coisas que as pessoas queriam ouvir, que elas se encaixam em uma narrativa que elas estão pré-dispostas a aceitar”, ponderou. “Esta é a grande característica das notícias falsas que chegam a ter um impacto maior, porque elas dependem que as pessoas compartilhem”, concluiu Ribeiro.

Como isso pode desestabilizar o cenário eleitoral?

O professor de Direito Digital do Mackenzie, Renato Monteiro, destaca que o debate vai além das “fake news”. “Há uma tentativa de influenciar o comportamento e a opinião das pessoas em quem vão votar com base não só em conteúdos falsos, mas também em conteúdo direcionado com base em interesses, gostos, dados pessoais dos eleitores que podem ter sido coletados de forma não autorizada”, apontou.

Monteiro destacou que “hoje nossos dados são muitas vezes coletados com nosso consentimento, autorização dada em políticas de privacidade que infelizmente nunca lemos” ou de fontes não autorizadas, como aplicativos, sites e serviços na internet.

“Fake News” são crime?

Não. Mas o seu uso proposital e esquematizado pode ser enquadrado em “abuso de poder econômico”, crime eleitoral contemplado na Lei da Ficha Limpa.

“Muitas vezes o candidato mal intencionado contrata uma equipe de imprensa só para fazer notícias falsas. Isso é abuso do poder econômico. É utilização do dinheiro em detrimento da liberdade de informação do leitor e pode ocasionar a impugnação da candidatura da pessoa”, avalia Clever Vasconcelos, professor de Direito Constitucional e Eleitoral da Ibmec Damásio e promotor de Justiça.

O combate ao uso das “fake news” pode não ser efetivo durante a campanha, no entanto. Reportagem recente do Estadão mostrou que recursos das eleições de 2018 no Tribunal Superior Eleitoral podem ser julgados apenas em 2023, no limite do prazo de prescrição, devido ao excesso de processos e falta de funcionários.

“Nada impede que a justiça eleitoral faça a impugnação do registro de candidatura por abuso do poder econômico antes mesmo da eleição”, ressalta. “Mas imagine um tribunal Superior Eleitoral analisar todas as propagandas eleitorais possivelmente ilegais do Brasil inteiro num intervalo de 90 dias. Não dá tempo. É humanamente impossível”, destacou o professor do Ibmec.

legislação eleitoral não trata especificamente das “fake news”, destacou Vasconcelos. Ele ressalta, porém, que “toda veiculação de informação não verdadeira é passível de tomada de providência criminal”, enquadrando-a como injúria, calúnia e difamação, previstas pelo Código Penal, além da possibilidade de reparação civil (indenização) por eventual dano moral à imagem dos afetados.

“O que a gente precisa não é fortalecer a legislação, que talvez não possa coibir isso, mas criar um mecanismo de esclarecimento constante para que o leitor e o ouvinte tenha o cuidado de conferência da fonte”, opinou.

Já o usuário que compartilha as “fake news” de boa-fé não é responsabilizado, de regra. “Ele está usando uma bolsa falsa, um relógio falso”, compara. “Mas ele pode ser processado criminalmente por injúria, difamação e calúnia”.

Vasconcelos lembra que eventuais abusos podem ser denunciados por meio dos sites do da Procuradoria Regional Eleitoral (PRE-SP) do Ministério Público Federal, e dos Ministérios Públicos Estaduais. “Hoje os canais são eletrônicos, você pode denunciar de casa. Mas é importante que o requerente coloque a foto e o objeto da “fake news” (e o link) para facilitar a investigação”, disse.

Marco Civil da internet trouxe regras rígidas e claras para o compartilhamento de dados pessoais na internet, destacou o professor do Mackenzie, Renato Monteiro. Há, porém, lacunas no Brasil e a discussão de uma lei mais adequada para tratar essa situação vista nos EUA com o Facebook.

Para Monteiro, não há nem precisamos de uma legislação específica para tratar de “fake news”. “As medidas até agora apresentadas trariam muito mais malefícios que benefícios. Imagina tornar crime compartilhar conteúdo falso, sendo que a pessoa nem sabia”.

“Além disso, definir o que é um conteúdo falso pode variar muito. Um político pode ver uma reportagem de um jornalista investigativo ou crítico e considerá-la falsa”, apontou.

“Na minha leitura, o Marco Civil da Internet junto às recentes alterações do código eleitoral já são suficientes para tentar coibir ‘fake news’ sem que haja uma limitação da liberdade de expressão”, disse Monteiro.

Especialistas consultados e entrevistas completas:

Márcio Moretto Ribeiro, doutor em Ciências da Computação e professor na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Ele é idealizador e gerente do Monitor do Debate Político, que acompanha os debates mais “quentes” nas redes sociais brasileiras:

Renato Leite Monteiro, professor de Direito Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie:

Clever Vasconcelos, professor de Direito Eleitoral e Constitucional da Ibmec Damásio e promotor de Justiça:

Brasil

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Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio

 

Fumaça no Congresso assusta brasilienses – (crédito: Redes sociais)

 

Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:

A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.

A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.

Correio Brasiliense

 

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Brasília

Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS

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Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória

 

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O governo federal liberou mais R$ 1,8 bilhão para ações de reconstrução no Rio Grande do Sul. A autorização do crédito extraordinário foi feita por meio da edição da Medida Provisória 1.223/2024, publicada na noite desta quinta-feira (23).

A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.

A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.

No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.

>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:

– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)

– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)

– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)

– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)

– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)

– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)

– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)

– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).

De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.

No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.

Por Agência Brasil

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Brasília

Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.

Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.

O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.

Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação –uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.

Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.

O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz –a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.

Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.

Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.

A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.

O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.

 

SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR

O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.

O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.

A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.

O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.

A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.

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