Brasília
Chinês alega ter criado bebês geneticamente modificados
O procedimento, proibido em diversos países, tinha o objetivo de editar o gene que permite a entrada do vírus HIV na célula humana
Um cientista chinês alega ter dado um passo inédito na ciência mundial: a criação dos primeiros bebês geneticamente modificados. Segundo He Jiankui, da Southern University of Science and Technology, durante tratamento de fertilidade realizado por sete casais, ele alterou alguns embriões dos quais apenas um resultou em gestação: duas meninas gêmeas que nasceram no início de novembro. O pesquisador explicou que o principal objetivo da intervenção era tentar prover uma característica que poucas pessoas têm naturalmente: a capacidade de resistir a infecções pelo HIV, vírus que causa a Aids.
Se verdadeira, a alegação significa um grande salto no quesito científico e ético; isso porque este tipo de edição genética é proibida na maioria dos países por ser uma tecnologia considerada experimental e cujas alterações no DNA podem ser transmitidas para as próximas gerações com possível efeitos colaterais ainda pouco conhecidos pelos pesquisadores. Embora a clonagem humana seja proibida na China, a edição de genes não é. O caso será divulgado oficialmente nesta terça-feira durante a Conferência de Edição de Genes, em Hong Kong.
Alterações genéticas
De acordo com The Guardian, nos últimos anos, os cientistas descobriram uma maneira de editar os filamentos de DNA responsáveis por comandar o corpo. O método, conhecido como CRISPR-Cas9, consegue reparar as falhas em embriões criados por meio de fertilização in vitro (FIV), tornando possível alterar o DNA para inserir um gene necessário ou desativar aqueles que causam problemas. Na realidade, o CRISPR-Cas9 é uma substância de reação de defesa imunológica natural das bactérias – de onde veio o nome da técnica.
Apesar disso, apenas recentemente a ferramenta foi utilizada em humanos para tratar doenças mortais. Por terem sido feitas em adultos, as mudanças genéticas não são transmitidas aos descendentes, ficando confinadas ao paciente. Isso, no entanto, não acontece quando as intervenções acontecem em espermatozoides, óvulos ou embriões, como é o caso chinês.
Antes chegar ao resultado atual, He Jiankui passou anos praticando a técnica de edição de genes em ratos, macacos e embriões humanos em laboratório, solicitando patentes sobre as descobertas. Para o projeto, o cientista recrutou homens com HIV e mulheres não contaminadas pelo vírus e, embora fosse possível editar o gene para evitar a transmissão parental, ele preferiu utilizar métodos mais simples como o uso de medicamentos padrão para o HIV. A explicação é simples: He pretendia oferecer aos casais a chance de ter um filho que pudesse ficar protegido contra a doença através da edição de gene durante a fertilização in vitro. O interesse pelo HIV como objeto de estudo surgiu por ser uma das infecções mais problemáticas na China.
Passo a passo
Segundo o pesquisador, o primeiro passo foi “lavar” o esperma para separá-lo do sêmen – local em que o vírus pode se esconder. A fecundação foi feita com um espermatozoide único, unindo-o ao óvulo para criar um embrião. Quando os embriões dos sete casais envolvidos no projeto tinham três a cinco dias de idade, algumas células foram removidas e verificadas para edição.
Os participantes puderam optar por embriões com ou sem alterações genéticas para as tentativas de inserção uterina: ao todo, 16 dos 22 embriões foram editados, e 11 embriões foram usados em seis tentativas de implante antes que a gravidez gemelar fosse alcançada. Para prevenir a entrada do vírus na célula, o chinês tentou desativar o gene CCR5, uma porta proteica que permite que o vírus tenha acesso às células.
He Jiankui informou que testes feitos nos bebês sugerem que uma das gêmeas teve ambas as cópias do gene pretendido alterado, enquanto a outra mostrou uma única alteração, o que significa que mesmo com a modificação a menina ainda pode contrair HIV. O cientista disse também que não houve qualquer evidência imediata de danos a outros genes.
Críticas
Apesar das alegações do chinês, o experimento não foi publicado em nenhuma revista científica onde pudesse ser avaliado por outros pesquisadores. Alguns cientistas que revisaram o material que He disponibilizou para a Associated Press afirmaram que a informação é insuficiente para dizer se a edição funcionou ou se danos estão descartados. Eles destacaram também que há evidências de que a edição estava incompleta e que pelo menos uma das gêmeas parece ser uma “colcha de retalhos” de células com várias mudanças.
Outros cientistas ainda denunciaram o estudo chinês como experimentação humana. “Isso é inconcebível. Um experimento em humanos que não é nem moralmente nem eticamente defensável”, protestou Kiran Musunuru, especialista em edição de genes da Universidade da Pennsylvania, nos Estados Unidos. Segundo ele, mesmo quando funciona perfeitamente, pessoas sem os genes CCR5 normais enfrentam altos riscos de contrair certos vírus, como vírus do Nilo Ocidental ou mesmo gripes comuns.
“A edição de gene ainda é experimental e está associada com mutações em genes não modificados, pode causar problemas genéticos no início ou mais tarde na vida, incluindo o desenvolvimento de câncer”, explicou Julian Savulescu, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, ao The Guardian.
Os críticos também alegam que não é possível precisar se os casais participantes tinham total entendimento do procedimento, uma vez que nos formulários de consentimento estava descrito como “programa de desenvolvimento de vacinas contra Aids”. Entretanto, He Jiankui disse ter explicado os objetivos do procedimento, deixando claro para os casais que o processo nunca tinha sido feito anteriormente. Ele alegou também ter providenciado cobertura médica para todas as crianças concebidas pelo projeto.
Já Sarah Chan, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, comentou que, se verdadeiro, o experimento representa uma grave preocupação ética. Para ela, o risco de contrair HIV atualmente é muito pequeno e há outras maneiras de prevenção, além de não ser mais uma doença considerada incurável ou inevitavelmente terminal. “Colocar essas crianças em tamanho risco por causa de um ganho tão pequeno é injustificável”, alertou ao The Guardian.
Polêmica
Em entrevista à CNN, um representante do Shenzhen Harmonicare Women’s and Children’s Hospital, instituição nomeada por He Jiankui como responsável por aprovar os documentos de caráter ético, negou qualquer envolvimento no projeto. “Podemos assegurar que a pesquisa não foi conduzida em nosso hospital nem os bebês nasceram aqui”, disse ele. Ainda assim, o hospital confirmou que dois médicos citados no documento trabalham para a entidade e que uma investigação seria aberta para averiguar a questão.
Já a Comissão de Saúde e Planejamento Familiar de Shenzhen denunciou a legitimidade do comitê de ética do hospital e o processo de revisão que aprovou o pedido. A instituição informou que já abriu uma investigação nesta segunda-feira para “verificar a autenticidade da revisão ética da pesquisa divulgada pela mídia”.
Em nota, a Universidade para a qual o pesquisador trabalha disse que ele está de licença desde fevereiro deste ano. “A pesquisa foi realizada fora da instituição pelo professor associado He Jiankui. Ele não relatou nada para a universidade ou para o departamento de biologia. Não estamos ciente do assunto”, informou. A entidade destacou que o Comitê Acadêmico do Departamento de Bilogia acredita que o projeto viola as normas éticas e acadêmicas.
Enquanto isso, mais de 120 cientistas chineses postaram uma declaração conjunta no site Wiebo condenando a pesquisa. Segundo o texto, experimentos em humanos são “uma loucura” e ninguém pode prever o impacto futuro conforme as substâncias hereditárias modificadas vão inevitavelmente se misturar ao genoma humano. Eles ainda mencionaram que o estudo prejudica a reputação da pesquisa biomédica chinesa, realizada por cientistas diligentes e seguidores da ética científica.
Com tantas questões envolvidas, o estudo acabou sendo suspenso até que a segurança deste primeiro experimento ser analisada por especialistas. Para He Jiankui, é a sociedade quem vai decidir o próximo passo em termos de aceitação ou proibição do método. Fonte: Portal Veja
Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio
Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:
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A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.
A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.
Brasília
Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS
Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória
A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.
A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.
No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.
>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:
– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)
– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)
– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)
– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)
– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)
– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)
– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)
– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).
De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.
No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.
Por Agência Brasil
Brasília
Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.
Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.
O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.
Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.
Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.
O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.
Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.
Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.
A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.
O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.
SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR
O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.
O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.
A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.
O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.
A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.
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