Brasil
Brasil tem pesquisadoras que utilizam a técnica vencedora do Nobel de Química
Pesquisadoras brasileiras participam ativamente de estudos com a técnica que rendeu Prêmio Nobel de Química para dupla feminina. Nove dos 12 cientistas da equipe do Albert Einstein são mulheres, que estudam a edição genética
O Brasil já usa a técnica que rendeu esta semana o Prêmio Nobel de Química de 2020 para duas mulheres pelo desenvolvimento do Crispr, o método de edição genética que permite modificar as características do DNA. Assim como as premiadas Emmanuelle Charpentier, da Franca, e Jennifer A. Doudna, dos Estados Unidos, a participação feminina também tem destaque na pesquisa brasileira. Do grupo de 12 profissionais da saúde do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, nove são mulheres que pesquisam a anemia falciforme, doença hereditária que ataca cerca de 3,5 mil brasileiros todos os anos. Quando finalizado, o estudo, que começou há um ano e meio, irá salvar vidas e economizar recursos públicos.
De acordo com a pesquisadora Priscila Matsumoto, a técnica do Crispr (Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas, em português) usada no Albert Einstein faz uma correção de uma mutação específica da medula óssea, de uma célula chamada D 34, que, deformada, tem aparência de uma foice. “A estratégia tem se mostrado eficaz. Nosso objetivo é chegar à cura. Hoje, o paciente só é curado com transplante de medula com doador 100% compatível. Agora, tudo pode mudar e levar qualidade de vida às pessoas que sentem dores horríveis o tempo todo e passam por muitas internações”, explica Priscila.
De acordo com a também pesquisadora Karina Griese, o método, que ainda está na fase pré-clínica (em laboratório), permite que o sangue retirado da medula seja tratado em laboratório e, após a mudança do código genético que está desequilibrando o sistema, seja reinserido no corpo para fazer a correção e chegar à cura.
A seleção dos pacientes que serão testados pelo grupo de pesquisa quando o estudo chegar à fase de aplicação em humanos, será criteriosa, afirma a médica hematologista Karina Tozatto. “A fase clínica começará em três anos e ainda não há prazo para ampliação do tratamento. Mas a perspectiva é de que os possíveis candidatos sejam aqueles com anemia falciforme mais severa e que não tenham doadores. Vai livrar muitas pessoas de dores, infecções e até de acidentes vasculares cerebrais (AVCs) na infância”, afirma Tozatto.
Grave, a anemia falciforme pode levar o doente rapidamente à morte. Segundo a hematologista, pesquisas apontam que, no Reino Unido, onde a atenção é mais rigorosa, o nível de morbidade é grande. Os doentes vivem 20 anos a menos que a população em geral. No continente africano, entre 50% e 90% da população com a doença morrem antes dos 5 anos. A incidência é maior na África (e também no Oriente Médio), porque é onde há mais casos de malária. A mudança genética foi uma espécie de defesa para a doença.
“(Anemia falciforme) É uma doença estigmatizante. Atrapalha em todas as áreas. Na escola, no trabalho e na vida pessoal, porque além da dor, exige transfusões e longos afastamentos”, completa Tozatto. No Brasil, em torno de 3,5 mil nascidos têm anemia falciforme anualmente. Embora ela seja mais comum em pessoas de origem afrodescendente, o tráfico de escravos e a miscigenação fizeram a doença se espalhar. “Uma pessoa aparentemente loira pode sofrer de anemia falciforme no nosso país”, pontua a pesquisadora.
SUS
O estudo que está sendo feito no Albert Einstein é realizado em parceria com o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), que atende a maioria das pessoas do grupo de risco da doença. De acordo com o Ministério da Saúde, a doença crônica afeta entre 30 mil e 50 mil pessoas no Brasil. A maioria, entre os mais pobres, é baixa renda e tem difícil acesso aos instrumentos mais sofisticados de atenção à saúde.
Não existem dados atualizados sobre o custo para os cofres públicos com a moléstia no Brasil. “Porém, uma pesquisa norte-americana, de 2010, aponta que uma pessoa que consegue viver até os 45 anos poderia provocar um gasto total de US$ 1 milhão no orçamento”, explica Priscila.
Karina Tozatto ressalta que o objetivo principal da pesquisa no Einstein é fundamentalmente a cura, mas “é importante que o custo também seja baixo e que o tratamento seja viável do ponto de vista econômico. Assim, fica mais fácil chegar à ponta. Esse é um avanço muito importante. O desenvolvimento do Crispr traz uma diversidade com promessas firmes de cura de todas as doenças hematológicas, até mesmo da Aids”, pontua a pesquisadora. Na anemia falciforme, os glóbulos vermelhos assumem o formato de foice, ficam escassos e podem obstruir o fluxo sanguíneo. As células morrem prematuramente.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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