Conecte Conosco

Brasil

‘Vi famílias dizimadas’: relatos dramáticos da pandemia que deixou 400 mil mortos no Brasil

Com o aumento de infecções e mortes pela doença, médicos e enfermeiros na linha de frente dos atendimentos passaram a viver o período mais difícil de suas carreiras

Getty Images Em meio às centenas de milhares de mortes, os profissionais de saúde acompanham diversas cenas que ilustram a tragédia do novo coronavírus. –

Desde o primeiro caso confirmado de covid-19 no Brasil, no fim de fevereiro de 2020, a rotina dos profissionais de saúde mudou. Com o aumento de infecções e mortes pela doença, médicos e enfermeiros na linha de frente dos atendimentos passaram a viver o período mais difícil de suas carreiras.

“Existe uma exaustão entre esses profissionais de saúde há mais de um ano. É um estresse 24 horas, como a gente nunca viveu. É uma exaustão física e emocional. Estamos trabalhando 24 horas salvando vidas”, diz o cardiologista Roberto Kalil, presidente do Conselho Diretor do Instituto do Coração em São Paulo.

Nesta quinta-feira (29/04), o Brasil atingiu a marca de 400 mil mortes pela covid-19, em meio ao seu mês mais letal da pandemia — em abril já foram registradas mais de 75 mil mortes pela doença, enquanto em março deste ano, até então o período com mais óbitos, foram 66 mil.

Em meio às centenas de milhares de mortes, os profissionais de saúde acompanham diversas cenas que ilustram a tragédia do novo coronavírus.

Despedidas, mortes por falta de recursos básicos e óbitos de diferentes integrantes da mesma família são algumas das situações que marcam os trabalhadores na linha de frente.

“É o pior período para a saúde mental dos profissionais de saúde. Muitos médicos pararam de dar plantão ou diminuíram o ritmo de trabalho porque estavam muito estressados. Tem sido um período muito grande de estresse”, relata o médico intensivista José Albani de Carvalho.

Os profissionais de saúde relatam que cenas difíceis de serem esquecidas se tornaram cada vez mais comuns em meio à pandemia. Para dimensionar a tragédia vivida no país de 400 mil mortes pela doença, a BBC News Brasil pediu para médicos relatarem algumas das situações mais dramáticas que presenciaram desde o ano passado.

‘Vimos um paciente morrer atrás do outro

Profissionais de saúde examinando corpo de mulher que morreu com suspeita de covid em Manaus

Reuters Em janeiro, Manaus viveu tragédia da falta de oxigênio medicinal. Caso se tornou alvo de investigação.

Desde o primeiro caso confirmado de covid-19 no Brasil, no fim de fevereiro de 2020, a rotina dos profissionais de saúde mudou. Com o aumento de infecções e mortes pela doença, médicos e enfermeiros na linha de frente dos atendimentos passaram a viver o período mais difícil de suas carreiras.

“Existe uma exaustão entre esses profissionais de saúde há mais de um ano. É um estresse 24 horas, como a gente nunca viveu. É uma exaustão física e emocional. Estamos trabalhando 24 horas salvando vidas”, diz o cardiologista Roberto Kalil, presidente do Conselho Diretor do Instituto do Coração em São Paulo.

Nesta quinta-feira (29/04), o Brasil atingiu a marca de 400 mil mortes pela covid-19, em meio ao seu mês mais letal da pandemia — em abril já foram registradas mais de 75 mil mortes pela doença, enquanto em março deste ano, até então o período com mais óbitos, foram 66 mil.

Em meio às centenas de milhares de mortes, os profissionais de saúde acompanham diversas cenas que ilustram a tragédia do novo coronavírus.

Despedidas, mortes por falta de recursos básicos e óbitos de diferentes integrantes da mesma família são algumas das situações que marcam os trabalhadores na linha de frente.

“É o pior período para a saúde mental dos profissionais de saúde. Muitos médicos pararam de dar plantão ou diminuíram o ritmo de trabalho porque estavam muito estressados. Tem sido um período muito grande de estresse”, relata o médico intensivista José Albani de Carvalho.

Os profissionais de saúde relatam que cenas difíceis de serem esquecidas se tornaram cada vez mais comuns em meio à pandemia. Para dimensionar a tragédia vivida no país de 400 mil mortes pela doença, a BBC News Brasil pediu para médicos relatarem algumas das situações mais dramáticas que presenciaram desde o ano passado.

‘Vimos um paciente morrer atrás do outro’

Profissionais de saúde examinando corpo de mulher que morreu com suspeita de covid em Manaus

Reuters
Em janeiro, Manaus viveu tragédia da falta de oxigênio medicinal. Caso se tornou alvo de investigação

O médico cirurgião Pierre Oliva Souza nunca esquecerá as cenas que presenciou no plantão que começou da noite de 14 de janeiro até o dia seguinte, em uma unidade de saúde em Manaus, no Amazonas.

Ele chegou para o plantão no Serviço de Pronto Atendimento (SPA) Joventina Dias por volta das 19h. Na unidade, logo foi informado por um colega que não havia estoque de oxigênio medicinal — item fundamental para auxiliar pacientes com dificuldades respiratórias, como aqueles com quadro grave de covid-19.

“Havia apenas dois cilindros de oxigênio, que durariam por algumas horas somente, porque a unidade estava lotada. Normalmente, havia 20 pacientes com suspeita de covid-19 que precisavam desse oxigênio, mas naquele período tinha mais de 40”, relata o médico.

Ele conta que alguns gestores da região falaram que logo chegaria um caminhão carregado com oxigênio. “Deram falsas esperanças, porque isso não era verdade. Não havia oxigênio em lugar nenhum de Manaus, porque também faltou no mesmo dia em outras dezenas de unidades do Amazonas”, comenta.

Na madrugada de 15 de janeiro, o oxigênio acabou completamente no SPA Joventina Dias. “Ninguém tinha avisado, dias antes, que o estoque de oxigênio estava acabando no Estado. Foi muito chocante para todo mundo”, diz Souza.

“A gente sabia o quanto essa falta de oxigênio seria danosa e grave. O governador chegou a comentar, na semana anterior, que o Estado estava à beira de uma crise de oxigênio, por causa do aumento de casos de covid-19. Mas nós, profissionais de saúde, não tínhamos noção de como, de fato, a situação estava”, diz o médico.

“Por causa da falta de oxigênio, a equipe de saúde teve que assumir a difícil decisão de quem vai sobreviver ou morrer por conta da absoluta falta de estrutura. Vimos um paciente morrer atrás do outro naquela madrugada. Eles definhavam, buscavam respirar, ficavam com a coloração azulada e morriam asfixiados na nossa frente. Não tínhamos o que fazer”, relata Souza.

Segundo Souza, somente no SPA Joventina Dias foram contabilizadas oito mortes naquela madrugada. O médico relata que, normalmente, havia duas ou três mortes por plantão. “Sei de lugar que registrou mais de 20 mortes por causa da falta de oxigênio”, comenta.

A situação no Amazonas se tornou notícia em todo o mundo. Diversos pacientes foram transferidos para outros Estados. Posteriormente, a cidade recebeu abastecimentos de oxigênio. “A situação foi normalizada depois. Hoje as coisas estão bem, principalmente porque os números de internações caíram nas últimas semanas”, diz o médico.

Apurações apontam que a falta de oxigênio causou dezenas de mortes no Amazonas em meados de janeiro.

Então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello afirmou, na época, que foi avisado por volta de 8 de janeiro que o alto número de internações em Manaus até quintuplicou o uso do oxigênio medicinal. Em razão disso, segundo ele, o Ministério da Saúde logo passou a tomar providências junto com o governo estadual e a prefeitura.

De acordo com a CNN Brasil, o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo, alegou, em depoimento à Polícia Federal que a falta de oxigênio ocorreu porque a principal fornecedora do insumo no Estado informou somente dias antes que não teria capacidade de atender a demanda na região, em razão do aumento de internações.

Segundo o secretário, o governo local logo comunicou o Ministério da Saúde e foram adotadas todas as medidas necessárias para o “enfrentamento de uma crise de saúde sem precedentes na história do Amazonas”.

Em meados de abril, o Ministério Público Federal (MPF) do Amazonas apresentou uma ação de improbidade administrativa por omissão sobre a crise no fornecimento de oxigênio medicinal no Amazonas. Entre os alvos do procedimento estão três secretários do Ministério da Saúde e o então responsável pela pasta, general Eduardo Pazuello, e dois integrantes do governo do Amazonas, entre eles o secretário estadual de Saúde, Marcellus Campelo.

O MPF apontou falhas como omissão no monitoramento da demanda de oxigênio medicinal e adoção de medidas para evitar o desabastecimento, além de demora nas transferências de pacientes para outros Estados. O caso segue na Justiça Federal do Amazonas.

Mais de três meses depois, as cenas de meados de janeiro agora fazem parte das piores lembranças da pandemia para os profissionais de saúde do Amazonas.

“Eu vou superar, porque nosso trabalho pede, mas não vou esquecer nunca. Apesar de todo ensinamento que tivemos na faculdade, nunca pensei que fosse viver em tempos de paz aquilo que só acontece na guerra, que é escolher quem vai viver ou morrer”, desabafa Souza.

O médico intensivista José Albani de Carvalho, que atua em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais da grande São Paulo, comenta que algumas das situações mais tristes que presenciou envolvem as mortes de membros de uma mesma família pela covid-19.

“Ver famílias inteiras morrendo foi uma das coisas que mais me marcaram. Não foi uma, nem duas, nem três. Foram vários casos de irmãos, pais e filhos ou outros parentes morrendo com diferenças de horas ou dias. A grande verdade é que na minha vida inteira nunca tinha visto isso tão frequentemente”, desabafa o médico, que trabalha em UTIs há mais de 30 anos.

“Teve uma família em que morreram três irmãos em dois dias. Dois deles estavam em leitos próximos. Isso impacta muito, porque você vê uma família ser dizimada”, diz o médico.

Ele detalha o caso de três mortes de pessoas na faixa dos 40 anos que eram da mesma família. “O rapaz foi intubado com covid-19. A mulher dele foi internada, mas parecia que evoluiria bem e não precisaria ser intubada. Mas é muito difícil saber, porque às vezes um paciente demora 10 dias na UTI e você não sabe para onde ele vai, se vai melhorar ou piorar”, comenta Albani.

“O rapaz acabou morrendo. A mulher dele, que a gente achava que daria alta em poucos dias, piorou também e foi intubada. Dias depois, ela morreu. Depois, a irmã dela, que estava internada no hospital, também faleceu”, relata o médico.

O intensivista foi o responsável por contar sobre as mortes à família. “Nunca é fácil comunicar isso, porque você acompanha essas famílias e aquele sofrimento durante as internações, que muitas vezes duram dias ou semanas”, diz.

“Por incrível que pareça, esse comunicado para as famílias acaba sendo algo que a gente se acostuma. Não é ser insensível, mas é que há mais de 30 anos na UTI isso acaba se tornando algo do cotidiano. Mas claro, quando você vai comunicar três mortes para uma mesma família, como tem acontecido em alguns casos, é mais difícil”, acrescenta Albani.

O médico comenta que os familiares dos pacientes sempre reconhecem o trabalho dos profissionais de saúde.

Enquanto precisam enfrentar números de internações e mortes como nunca tinham presenciado em período recente, os profissionais de saúde também enfrentam o estresse causado pela falta de cuidados de muitos em relação ao coronavírus.

“Do ponto de vista da sociedade em geral os profissionais de saúde não são reconhecidos. Enquanto vemos as dificuldades, as mortes e trabalhamos sob muito estresse, há muitas pessoas nas ruas que falam que máscara é bobagem e fazem aglomerações. Olhar essas situações causa ainda mais estresse a esses profissionais”, desabafa Albani.

‘Ficamos com medo de dar a notícia da morte da esposa’

Paciente intubado em UTI paulista

Reuters
‘Nenhuma outra doença tinha esse agravante de muitas pessoas da mesma família morrendo juntas. Os casos são impactantes’, diz médica

Para a médica Luisa Frota Chebabo, um dos momentos mais tristes da pandemia envolveu uma família completamente afetada pela covid-19. Ela conta que foram internados mãe, pai e filho no mesmo dia em um mesmo hospital público da capital do Rio de Janeiro, em novembro passado.

“A mãe (de 60 anos) chegou muito grave e foi intubada no momento da admissão (no hospital). O pai e o filho estavam um pouco mais estáveis”, diz Luisa.

Ela comenta que os leitos de covid-19 estavam sobrecarregados na unidade de saúde, por isso os três integrantes da mesma família tiveram de ficar na área de emergência.

“O filho foi mantido em observação, sem precisar de oxigênio suplementar. O pai necessitou do oxigênio. Os dois ficaram ao lado da mãe, intubada em estado grave”, detalha a médica.

Luisa conta que o pai, que tinha 62 anos, dizia para todos os médicos que o filho havia frequentado festas e transmitiu a covid-19 para a família.

No dia seguinte à internação, o pai foi internado em um leito que ficou vago na enfermaria de covid-19. O filho, por volta dos 30 anos, se recuperou e logo teve alta hospitalar. A mãe continuava em estado grave na emergência.

“O pai foi internado com piora progressiva. Todos os dias, ele perguntava pela esposa, que também estava piorando cada vez mais”, detalha a médica.

Dois dias após chegar na unidade de saúde, a mãe da família morreu. “O marido dela, cada vez mais precisando de suplementação de oxigênio, continuava perguntando pela esposa”, diz Luisa.

“A gente falava para ele que não tinha como ver muitos detalhes sobre ela, já que estava internada em outro setor. Mas a gente falava que ela continuava intubada, mesmo após a morte dela”, relata a médica.

“Esse paciente era bem ansioso, então ficamos com medo de dar a notícia do falecimento e precipitar uma descompensação da parte respiratória. A própria família falou que era melhor não dar a notícia enquanto ele não melhorasse, por causa desse componente de ansiedade importante”, diz Luisa.

A equipe médica optou por informar sobre a morte da companheira somente quando o homem apresentasse melhora clínica. Cinco dias após o falecimento da esposa, ele foi intubado. Três dias depois, morreu. “Somente o filho ficou bem”, diz Luisa.

A médica comenta que histórias como a da família que ela acompanhou em novembro demonstram a gravidade da covid-19 em comparação a outras enfermidades. “Nenhuma outra doença tinha esse agravante de muitas pessoas da mesma família morrendo juntas. Os casos são impactantes”, diz a médica.

Jovens internados

UTI em SP

Reuters
‘No ano passado, a gente via pessoas mais velhas na UTI. Agora vemos muitos jovens. Muita gente fica grave rapidamente’

O cardiologista Roberto Kalil, que está há mais de três décadas na Medicina, não tem dúvidas de que tem vivido o período mais dramático de sua carreira.

“O que impacta é a agressividade do vírus, que até então (antes do início da pandemia) era algo inesperado. É uma agressividade tanto na fase hospitalar como até, em alguns casos, depois da alta”, relata o médico, que atua em hospitais de São Paulo.

Uma das situações que mais impactaram Kalil foi quando notou, neste ano, a explosão de casos de covid-19 e a gravidade que a doença passou a ter também entre muitos pacientes mais jovens, que foram parar na UTI ou até morreram.

“No ano passado, a gente via pessoas mais velhas na UTI. Agora vemos muitos jovens. Muita gente fica grave rapidamente”, diz à BBC News Brasil.

Ele comenta que o agravamento do quadro entre os mais jovens é em razão da variante P.1, descoberta em janeiro em Manaus. A maior incidência entre os mais novos é uma das características associadas à nova variante.

A maioria dos casos registrados em 2021 em São Paulo, por exemplo, se concentra entre pessoas de 20 a 54 anos. Na Grande São Paulo, dados do início de março mostraram que 80% dos pacientes haviam sido infectados pela P.1.

Dados do governo paulista apontam que na primeira onda da pandemia mais de 80% dos leitos UTIs eram ocupados por idosos e portadores de doenças crônicas. Agora, 60% das vagas são ocupadas por pessoas de 30 a 50 anos, a maioria sem doença prévia.

Essa variante do coronavírus é mais contagiosa, entre outros motivos, por causa de mutações que facilitaram a invasão de células humanas. Essa característica pode estar ligada a duas hipóteses que estão próximas de serem confirmadas por cientistas: agravamento mais rápido do quadro de saúde e maior letalidade.

Conforme mostrado em reportagem da BBC News Brasil em 19 de abril, uma das principais hipóteses para que a nova variante afete duramente os mais jovens é a busca tardia por atendimento, quando a doença está bastante agravada, muitas vezes de forma silenciosa.

Um dos principais benefícios da busca por atendimento antecipado é o uso do oxigênio medicinal, que pode ajudar a evitar um maior comprometimento dos pulmões. Além disso, o acompanhamento médico logo nos primeiros sintomas pode evitar maiores complicações em outros órgãos.

Para o cardiologista Roberto Kalil, o cenário da pandemia no Brasil pode melhorar, aos poucos, com a vacinação. Porém, diante da falta de prazo para o avanço da imunização, que ainda está na fase dos grupos prioritários, ele avalia que os trabalhadores na linha de frente ainda devem enfrentar muito estresse em decorrência da sobrecarga no sistema de saúde.

“Espero que o cenário melhore a cada semana, mas ainda estamos longe de sair da pandemia’, diz Kalil.

A pediatra em estado grave

Profissionais da saúde fazem intubação em paciente internado

Getty Images
‘Ela, como médica, também percebeu que não estava evoluindo bem’, relata especialista

Entre as histórias que acompanhou desde o início da pandemia, o médico Lucas Antony se recorda do caso de uma pediatra aposentada que foi internada com a covid-19 em janeiro deste ano.

A idosa, de 85 anos, chegou ao hospital particular, na capital Rio de Janeiro, com dificuldades respiratórias. “Ela foi internada e usamos uma máscara de ventilação não-invasiva nela. Mas a paciente não estava respondendo bem. Ela, como médica, também percebeu que não estava evoluindo bem”, diz Antony.

O quadro da aposentada se agravou e ela precisou ser intubada no dia seguinte à chegada ao hospital. Antony afirma que a situação se tornou mais difícil por se tratar de uma paciente que era médica e sabia da gravidade de seu próprio quadro.

“Ela estava falando com a gente com a máscara de oxigênio e debatendo o caso dela quando informamos que ela precisaria ser intubada. Em certo momento, ela parou de falar, ficou olhando para frente e disse que só queria ir para casa”, relembra o médico.

Enquanto era intubada, a pediatra reparou em uma enfermeira que a auxiliou. “Ela perguntou se a enfermeira já havia sido, na infância, atendida em um determinado serviço médico. A enfermeira disse que não que ela soubesse, mas a pediatra falou que lembrava dela”, relata Antony.

Horas após a pediatra ser intubada, a enfermeira entrou em contato com a mãe. “A mãe da enfermeira disse que ela levava a filha para ser atendida naquele serviço (citado pela médica aposentada) na infância. Então, provavelmente essa pediatra atendeu a enfermeira em algum momento”, conta o médico.

Dois dias após ser intubada, a pediatra aposentada não resistiu às complicações da covid-19. O médico relata que ficou comovido com o caso da paciente por ser uma médica que sabia que não resistiria à doença e pela lembrança que ela teve da enfermeira. “Foi uma história que me marcou”, diz.

Brasil

Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

Por

Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

Continuar Lendo

Brasil

Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

Por

Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

Continuar Lendo

Brasil

Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

Por

Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

Continuar Lendo

Trending

Avenida Agamenon Magalhães, 444
Empresarial Difusora – sala 710
Caruaru – PE

Redação: (81) 2103-4296
WhatsApp: (81) 99885-4524
jornalismo@agrestehoje.com.br

comercial@agrestehoje.com.br

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados