Brasília
UnB quer repassar gestão da manutenção de imóveis para moradores
A Universidade dialoga com inquilinos sobre a criação de uma associação de moradores para gerenciar as manutenções básicas dos imóveis
A administração da Universidade de Brasília (UnB) pretende passar a gestão de manutenções básicas dos seus prédios residenciais para os atuais moradores. A intenção da instituição é que os inquilinos criem associações que possam gerir as demandas simples das edificações, de forma similar com o que ocorre em condomínios.
Os prédios residenciais da UnB estão localizados no Campus Darcy Ribeiro, na localidade conhecida como “Colina”, e também nas SQN 205 e 206, além dos blocos I e J da SQN 109. De acordo com a universidade, a taxa de manutenção paga pelos moradores é de R$ 6,1 milhões, que é integralmente utilizado para os serviços de limpeza, jardinagem, segurança e portaria.
Para a UnB, o problema é que, com o teto de gastos implementado após a Emenda Constitucional nº95, assinado pelo Governo Federal em 2016, o valor sobrecarrega o orçamento institucional. A universidade acredita que é mais viável que os R$ 6,1 milhões sejam geridos pelos próprios moradores, separando um espaço na verba acadêmica que permita o investimento para as áreas de pesquisa, ensino e extensão.
O plano da UnB é que sejam criadas Associações de Compossuidores nos prédios, prática tradicional aplicada em outros condomínios residenciais do Plano Piloto. Com isso, os grupos seriam responsáveis por gerenciar as taxas de manutenção, administrando as ações necessárias por conta própria.
Falta de manutenção estrutural gera impasse
Um dos assuntos que marca presença nas recorrentes discussões entre a Reitoria e os moradores dos prédios residenciais é sobre a conservação estrutural das construções. Muitas delas, como a “Colina Velha” (blocos A à D) possuem mais de cinquenta anos, e não tiveram manutenções adequadas ao longo do seu envelhecimento.
Desta forma, os moradores temem que, com a transferência da gestão, eles precisem desembolsar um alto valor para lidar com os diversos problemas presentes nos prédios. Na última reunião que tratou sobre o tema, realizado no dia 18 de agosto, a reitora da UnB, Márcia Abrahão Moura, afirmou que as manutenções estruturais continuarão sendo de responsabilidade da instituição. “Como proprietária dos apartamentos, a UnB continuará responsável pela manutenção da infraestrutura, como obras de recuperação, modernização dos elevadores e qualquer despesa que seja configurada como um investimento”, disse.
A professora de design Daniela Garossini mora na Colina Velha há sete anos, e comenta que o apartamento onde mora conta com problemas de encanação frequentes, no qual não têm consciência sobre os custos necessários para o reparo. “No meu prédio, toda semana tem vazamento de água porque o encanamento é muito velho. Eles fazem um remendinho e depois volta a vazar de novo”, conta.
Segundo a docente, que é uma das principais lideranças dos moradores da Colina durante os debates com a Reitoria, a motivação do impasse pelos inquilinos é a inexistência de um fundo de reserva. Caso os reparos sejam superiores aos R$ 6,1 milhões das taxas condominiais, os habitantes teriam que dividir os valores excedentes: “A gente não sabe quanto custa tudo isso”.
“O problema é que a gente não tem um planejamento da Universidade sobre quando essas reformas vão ser feitas. Se eu tenho um elevador que quebra toda semana porque é muito velho, eu preciso gastar com esse serviço toda semana”, explica a moradora.
Para Daniela, um consenso entre os moradores pode ser conquistado após mais debates, e diz que a universidade poderia resolver o problema com uma listagem de valores. Além disso, a professora afirma que a UnB deveria entregar os prédios “arrumadinhos” para as novas associações: “A não ser que a gente tenha um levantamento da própria universidade que apoie este processo. É necessário fazer um estudo mais aprofundado”.
Discussões são feitas desde 2013
As discussões sobre a criação de associações de compossuidores nos prédios residenciais da UnB não são recentes. Desde 2013, quando foi realizada uma audiência pública sobre o tema, a Universidade e os moradores dialogam sobre a gestão dos edifícios. Quando disputava as eleições para a Reitoria em 2016, a então candidata Márcia Abrahão recebeu uma demanda dos moradores, que queriam ter uma maior autonomia e maior transparência em relação aos gastos milionários para as manutenções básicas.
Ao longo do seu mandato, ela continuou realizando reuniões conjuntas com os inquilinos para tratar sobre o assunto. Em 2018, foi apresentada a primeira proposta de mudança de gestão dos prédios. Em 2019, as reuniões progrediram ainda mais, porém, com a pandemia de covid-19, o assunto não avançou.
Em fevereiro deste ano, a reitora voltou a pôr o tema em pauta, com uma reunião realizada entre a administração da UnB e os moradores dos edifícios residenciais. Após o recebimento de solicitações dos inquilinos, foi idealizada uma proposta para a mudança de gestão, que teve 14 votos contrários e sete votos a favor de um debate ampliado.
UnB defende transferência de gestão
Em uma nota enviada para a equipe de reportagem do Jornal de Brasília, a UnB defende que o modelo de gestão tornaria menos burocrática a contratação de serviços básicos, como limpeza, portaria, água e luz. “Os próprios moradores decidem sobre a melhor forma de utilização dos recursos arrecadados com as taxas condominiais”, afirma o comunicado.
A UnB afirma que ao longo da gestão da reitora Márcia Abrahão, iniciada em 2016, já foram realizadas mais de 400 ações de manutenção em apartamentos e nos prédios, mesmo com universidade se encontrando em uma “conjuntura de sistemáticos cortes no orçamento da UnB”. Atualmente, há cerca de 140 imóveis em manutenção, sendo 23 nos prédios mais antigos da Colina.
A nota da UnB também pondera que o diálogo da Reitoria com os moradores dos apartamentos é permanente, e que a resolução que propõe criar a Associação de Compossuidores foi inicialmente discutida com os representantes dos prédios, com sugestões que foram incorporadas à proposta.
Sobre a situação atual das discussões, o comunicado informou que a Reitoria propôs a criação de uma comissão com a participação de representantes de prédios para que, em um prazo de até 60 dias, possam sugerir eventuais ajustes ao documento. “A Administração Superior está sempre atenta às demandas dos servidores e entende que a proposta beneficia os servidores e o patrimônio da Universidade”, conclui.
Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio
Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:
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A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.
A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.
Brasília
Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS
Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória
A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.
A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.
No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.
>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:
– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)
– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)
– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)
– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)
– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)
– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)
– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)
– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).
De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.
No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.
Por Agência Brasil
Brasília
Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.
Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.
O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.
Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.
Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.
O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.
Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.
Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.
A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.
O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.
SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR
O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.
O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.
A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.
O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.
A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.
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