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Ucrânia fala em paz e cobra: ‘Brasil deve usar relação com Rússia para ajudar a acabar com guerra’

Governo Zelensky trabalha para conseguir alta adesão à reunião convocada pela Suíça para discutir proposta de paz sem a presença da Rússia; Lula não participará do evento, confirmam fontes

 

Reprodução da Internet

 

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e os principais membros de seu Gabinete trabalham em ritmo frenético com um objetivo principal em mente: que seja um sucesso a reunião convocada pela Suíça para discutir em meados de junho, sem a presença da Rússia, uma proposta de paz para pôr fim à guerra iniciada em 24 de fevereiro de 2022. Enquanto o chefe de Estado visita Espanha e Portugal nesta semana para reforçar os pedidos de ajuda ao esforço de guerra ucraniano e tentar ampliar as adesões para o encontro — ao qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, confirmaram fontes diplomáticas em Brasília, nunca cogitou ir —, seus ministros telefonam diariamente para governos estrangeiros, redobrando as pressões. Entre autoridades ucranianas que lideram a ofensiva diplomática de Zelensky, praticamente não se fala em outra coisa.

“Nosso maior desafio é a Cúpula da Paz, na Suíça. Estamos falando intensamente com todos os países para que participem e já temos 80 confirmações (de um total de 162 convidados) “, disse nesta segunda-feira o chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, em conversa com jornalistas latino-americanos na sede do Ministério das Relações Exteriores, em Kiev.

Perguntando especificamente pela negativa do Brasil em participar e pelo papel que a Ucrânia desejaria que o governo Lula tivesse numa eventual negociação, Kuleba foi direto ao ponto:

“O Brasil tem um importante papel global, com extensas relações com a Rússia, e deve usar sua boa relação com Moscou para ajudar a acabar com a guerra. Se todos os países com boas relações com a Rússia usarem essa relação para ajudar a acabar com a guerra, a Rússia se sentiria mais isolada”.

Nas reuniões com altos funcionários ucranianos, uma coisa fica bem clara: o pedido de incluir a Rússia nas conversas, feito por países como Brasil e China, não será atendido. O governo Zelensky quer liderar sozinho o esforço de iniciar uma negociação de paz e, para isso, está em busca de aliados para a reunião na Suíça. Kiev aceitaria, em todo caso, um convite ao governo de Vladimir Putin para um futuro encontro, quando já se tenha uma proposta concreta.

“Os que querem, como o Brasil, que a Rússia esteja de cara na mesa de negociações se baseiam nos livros da diplomacia tradicional. Nós nos baseamos na realidade da Rússia. A Rússia só tem boa-fé quando se sente fraca no campo de batalha”.

Durante uma visita à Espanha nesta segunda-feira, o presidente ucraniano pediu ao Ocidente que use “todos os meios” para forçar Moscou a aceitar uma proposta de paz unilateral e reiterou seu pedido de mais ajuda econômica e envio de armas, em momentos em que uma ofensiva russa se fortalece na região de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, na região nordeste. Madri prometeu € 1 bilhão (R$ 5,58 bilhões) em ajuda militar ao país.

“Devemos intensificar o trabalho conjunto com nossos parceiros para conseguir mais: segurança e coerção tangível à Rússia para alcançar a paz por todos os meios”, instou Zelensky durante entrevista coletiva ao lado do premier Pedro Sánchez.

A visita de Zelensky à Espanha estava inicialmente marcada para 17 de maio, mas foi adiada devido à ofensiva do Exército russo no nordeste ucraniano. Nesta terça-feira, ele vai a Portugal.

Kuleba admitiu que nos telefonemas a ministros estrangeiros costuma dizer que cada dia de demora no envio de armas, recursos econômicos ou de apoio de outros países à Ucrânia “mais vidas são perdidas em nosso país”. O chanceler ucraniano é um diplomata de carreira de longa experiência e que, em momentos de descontração, consegue relaxar e até mesmo reconhecer que seu sonho é viver uma vida similar à do famoso chef argentino Francis Mallman, de quem é fanático e seguidor nas redes sociais. Mas são apenas alguns segundos de desconexão da agenda intensa centrada, nas próximas semanas, no esforço diplomático pelo sucesso da reunião na Suíça.

Frustração explícita

O Brasil é visto pelo governo ucraniano como um país importante na equação, e suas mais altas autoridades não escondem a frustração de não contar com um apoio contundente de Lula em sua disputa com a Rússia.

“O Brasil deve ocupar um lugar digno, uma solução [ para o conflito] também está nas mãos de Lula. Esperamos que o Brasil participe [da reunião], seja com Lula ou com algum alto representante do presidente, afirmou o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal.

Em Kiev, autoridades do governo Zelensky dizem não acreditar no que Kuleba definiu como uma estratégia de “Rússia paz e amor” por parte de Putin e questionam o fato de países como o Brasil olharem para a guerra, em palavras do chanceler ucraniano, “a partir do prisma de sua relação com a Rússia”.

“Estive com o assessor especial do presidente Lula [o ex-chanceler Celso Amorim], e vemos que o Brasil vê a guerra na Ucrânia a partir do prisma de sua relação com a Rússia. Pedimos ao Brasil que olhe para a Ucrânia sem óculos russos. Se a Rússia vencer na Ucrânia, quem vai se beneficiar? Ninguém”, disse Kuleba, que não gostou nem um pouco da proposta conjunta de busca da paz apresentada semana passada por Brasil e China, durante uma visita de Amorim a Pequim.

“Não se fala em respeito à integridade territorial, isso é um posicionamento”, frisa o chanceler ucraniano.

Para Kiev, o que considera supostos esforços da Rússia pela paz são cortinas de fumaça, e a única maneira de forçar Putin a aceitar uma negociação é isolando o país. Ciente de que não contará com Brasil nem China como aliados em sua empreitada, o governo da Ucrânia busca reforçar laços com países latino-americanos como a Argentina de Javier Milei e o Chile de Gabriel Boric, ambos chefes de Estado abertamente defensores da causa ucraniana.

Mas quando o Brasil surge na conversa, o tom dos ucranianos é amável, afinal, ninguém em Kiev está pensando em estremecer relações com os importantes atores mundiais. Pelo contrário, o primeiro-inistro ucraniano disse esperar que o Brasil convide Zelensky para participar da cúpula de chefes de Estado do G20, no Rio, em 19 de novembro. A presença de Putin não foi confirmada, mas Kiev quer enviar seu presidente. A dúvida é se o Brasil de Lula fará o convite.

Agência o Globo

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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