Conecte Conosco

Brasília

Site para democratizar terapia reúne 10 mil pacientes e cresce em empresas

Com regulamentação do Conselho Federal de Psicologia, a Vittude explora atendimento a pacientes de classe média, distantes das metrópoles ou funcionários

Tatiana Pimenta, fundadora da Vittude: ela começou na engenharia, mas empreendeu com psicologia após experiências próprias (Vittude/Divulgação)

Consultas com psicólogos ainda são para poucos. Mas uma recente mudança no mercado poderá incentivar soluções mais acessíveis e o crescimento de startups que miram o mercado da saúde mental.

Há poucos meses, vigorou uma norma do Conselho Federal de Psicologia que ampliou o atendimento psicológico por plataformas digitais. Uma dessas soluções é a Vittude. O site de consultas online se aproxima dos 10 mil pacientes cadastrados, com três mil atendimentos feitos mensalmente.

Agora, a startup capta recursos para financiar a entrada da terapia virtual nas empresas, o que gera produtividade para os negócios — e diminui o custo de aquisição de clientes da Vittude.

Terapia para mais pessoas

Tatiana Pimenta, fundadora da Vittude, é engenheira de formação e trabalhou principalmente em gigantes do setor, como Grupo Votorantim, Camargo Corrêa e Hilti. Pimenta teve sua primeira percepção de oportunidades no mercado de psicologia em 2012, ao encontrar dificuldades ao procurar um profissional para si, em São Paulo, e para seus pais, que moram em Corumbá (Mato Grosso do Sul). No material do plano saúde, só havia o nome, o endereço e o telefone dos profissionais, sem seu histórico de carreira e especializações. Na internet, a situação não era muito melhor.

“A maioria dos bons profissionais ficam em bairros específicos das grandes capitais. Deveria ser mais fácil ter acesso a um serviço que é cada vez mais disseminado e essencial”, afirma Pimenta. O Brasil possui cerca de 150 mil psicólogos, mas 60% deles se concentram na região Sudeste. Outro obstáculo está no custo: uma consulta sai por 226,38 reais em média, de acordo com o Conselho Federal de Psicologia.

A Vittude começou a operar como um blog no meio de 2016, após falar com centenas de potenciais usuários nas portas de hospitais e em seções de autoajuda de livrarias e construir um mínimo produto viável em cinco semanas. Depois do blog, inaugurou um buscador estabelecimentos físicos de psicólogos. O investimento inicial foi de 56 mil reais.

Em setembro do mesmo, obteve a autorização do Conselho Federal de Psicologia para operar consultas online. Hoje, 80% dos atendimentos são feitos virtualmente.

Como monetização, a Vittude cobra planos trimestrais dos psicólogos e um percentual sobre cada consulta. No plano mais barato, de 179 reais o trimestre, a taxa é de 15%. O mais assinado é o de 359 reais, com taxa de 5% sobre cada consulta.

A Vittude atende três perfis comuns de pacientes: o brasileiro que vive no exterior; o brasileiro que mora em pequenas cidades do interior, com pouca oferta de psicólogos; e o brasileiro que mora em grandes cidades e não quer perder tempo e dinheiro com deslocamento.

O principal canal de indicação são amigos que testaram a plataforma, que possui um Net Promoter Score (NPS) de 89/100. As categorias mais procurados são ansiedade, relacionamento amoroso, depressão e estresse.

Os consumidores mais comuns (37,5%) possuem renda mensal de mil a três mil reais, seguidos pelos que apresentam ganhos de três a cinco mil reais por mês (23,4%). Sete a cada atendimentos estão na faixa de 50 a 90 reais por sessão.

“As pessoas fazem ao menos uma sessão por semana e não podem gastar mais do que 10% do seu salário com isso. É necessário termos preços mais acessíveis do que os vistos no consultório, e profissionais em cidades menores ou que atendem em horários que ficaram sem agendamentos podem oferecer isso”, afirma Pimenta.

As startups de saúde digital receberam sete bilhões de investimentos globalmente, de acordo com a empresa de análises CB Insights. As principais concorrentes internacionais da Vittude são KRY (sediada na Suécia, com 79,1 milhões de euros em investimentos); Babylon Health (Reino Unido, 85,3 milhões de dólares); Lyra Health (Estados Unidos, 83,1 milhões de dólares); Talkspace (Estados Unidos, 56,7 milhões de dólares); AbleTo (Estados Unidos, 46,6 milhões de dólares); e Ieso Digital Health (Reino Unido, 18,7 milhões de euros). O estudo Healthtec Mining Report – Primeiro Semestre 2018 mapeou mais de 1.000 startups brasileiras, das quais 288 empresas foram colocadas no setor de saúde, incluindo a Vittude.

Expansão

A nova decisão do Conselho Federal de Psicologia ajudou a tornar a terapia online mais conhecida — por consequência, a Vittude. Na regulamentação anterior do CFP, criada em 2012, só era possível realizar no máximo 20 consultas e em “caráter experimental”.

“Com a novidade, os psicólogos se abriram mais. Eles tinham medo de ter seu registro cassado. Nossa plataforma é uma solução especializada para manter o sigilo da consulta, uma obrigação da profissão”, afirma Pimenta. A consulta online possui seus dados criptografados e gravados de maneira anonimizada, de acordo com o protocolo americano de privacidade na saúde HIIPA.

A Vittude realiza três mil atendimentos por mês, com 2.850 psicólogos e 9.116 pacientes na plataforma. O negócio se expande, em média, de 20 a 30% por mês. Antes da mudança proferida pelo CFP, crescia 10% no mesmo período.

Em 2019, a plataforma de psicologia online espera atingir 50 mil atendimentos e crescer sete vezes em relação ao ano anterior, impulsionada pelo relacionamento com empresas. A Vittude já atende quatro corporações, que dão o consultório online como um benefício aos empregados. Até o final do ano, espera ter 20 clientes do tipo.

A corporação banca parte das consultas — geralmente, 50%. A maior empresa atendida hoje pela Vittude é a Resultados Digitais, com cerca de 700 funcionários. “Primeiro houve uma onda de empresas oferecerem saúde física. Agora, vemos o mesmo com saúde mental. As corporações sabem que a atitude traz dinheiro: cada dólar gasto com saúde mental gera quatro dólares em produtividade”, afirma Pimenta. Caso a telemedicina siga o exemplo das terapias online e seja regulamentada, a Vittude estuda inserir psiquiatras em sua plataforma nos próximos anos.

Para financiar essa expansão, a Vittude espera captar um investimento de série A. O negócio passou por acelerações da Startup Farm e da Artemisia/Facebook e recebeu uma bolsa de 17 mil dólares do Google. Também já ganhou 30 mil dólares por ser finalista do Cartier Women’s Initiative Awards, prêmio que reúne empreendedoras e dá mentorias e contato com investidoras. Agora, a startup concorre ao prêmio de 100 mil dólares. Saúde mental é cada vez mais uma necessidade dos pacientes — e uma oportunidade para seus investidores.

Fonte Exame

 

Publicidade
Clique aqui para comentar

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Brasil

Por

Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio

 

Fumaça no Congresso assusta brasilienses – (crédito: Redes sociais)

 

Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:

A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.

A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.

Correio Brasiliense

 

Continuar Lendo

Brasília

Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS

Por

Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória

 

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O governo federal liberou mais R$ 1,8 bilhão para ações de reconstrução no Rio Grande do Sul. A autorização do crédito extraordinário foi feita por meio da edição da Medida Provisória 1.223/2024, publicada na noite desta quinta-feira (23).

A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.

A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.

No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.

>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:

– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)

– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)

– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)

– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)

– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)

– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)

– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)

– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).

De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.

No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.

Por Agência Brasil

Continuar Lendo

Brasília

Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país

Por

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.

Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.

O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.

Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação –uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.

Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.

O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz –a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.

Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.

Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.

A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.

O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.

 

SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR

O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.

O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.

A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.

O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.

A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.

Continuar Lendo

Trending

Avenida Agamenon Magalhães, 444
Empresarial Difusora – sala 710
Caruaru – PE

Redação: (81) 2103-4296
WhatsApp: (81) 99885-4524
jornalismo@agrestehoje.com.br

comercial@agrestehoje.com.br

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados