Brasil
Senado dá novo salto de produtividade no primeiro semestre de 2023
O primeiro semestre de 2023 terminou com um salto na produtividade legislativa do Senado. A Casa registrou um recorde de reuniões simultâneas das comissões no dia 31 de maio, quando 15 eventos foram realizados ao mesmo tempo. Com a criação de três novos colegiados, um total de 17 passaram a funcionar permanentemente na Casa. O número de 419 reuniões, presenciais e semipresenciais, tanto para análise de proposições quanto para audiências públicas, é uma demonstração do sucesso do Sistema de Deliberação Remota implementado pelo Senado durante a pandemia de covid-19 e que foi adotado pelos parlamentares após a volta dos trabalhos presenciais, segundo disse à Agência Senado o secretário-geral da Mesa, Gustavo Sabóia.
De acordo com ele, o aumento da produção é um processo natural que resultou da possibilidade de os senadores votarem a partir dos próprios gabinetes, bem como da oportunidade de participação de convidados de audiências por videoconferência, por exemplo. Ele creditou, como fatores-chave para o salto de produtividade, a disposição política dos parlamentares, os avanços tecnológicos adotados durante o período de isolamento social provocado pela epidemia e mantidos após esse tempo, bem como as parcerias entre os órgãos internos do Senado e o empenho de todos os servidores da Casa.
— Tanto no Plenário quanto nas comissões, todos os números dão conta de que houve um incremento dessa produtividade. Todos os parlamentares têm disposição em mostrar seu trabalho, em prestar contas aos seus eleitores, e esse é o nosso grande motor. Aliada a isso, a possibilidade de reuniões simultâneas, presenciais ou remotas, é determinante para que o Senado continue aumentando sua produção, já que permite a participação de convidados de audiências públicas por videoconferência, a votação remota de proposições, assim como acontece em empresas privadas e em diversos outros órgãos públicos.
Novas comissões
Em junho, foram formalizadas mais três comissões permanentes: a de Esporte (CEsp), que se desvinculou da Comissão de Educação (CE), a de Defesa da Democracia (CDD) e a de Comunicação e Direito Digital (CCDD). Antes, a Casa contava com 15 colegiados. Com a mudança, esse número subiu para 17, uma vez que a CDD substituiu a extinta Comissão Senado do Futuro (CSF). O Projeto de Resolução (PRS) 63/2023, que proporcionou as mudanças, também redefiniu as competências e a denominação da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) e da Comissão de Educação e Cultura (CE).
De acordo com levantamento feito pela Secretaria-Geral da Mesa (SGM), o número de comissões em funcionamento na Casa chega a 30. Além das 17 permanentes, há uma temporária; uma subcomissão; nove comissões mistas para análise de medidas provisórias, uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) e uma comissão mista parlamentar de inquérito (CPMI). No total, 281 reuniões deliberativas e 138 audiências públicas foram realizadas nos 92 dias úteis de trabalho entre 2 de fevereiro, início do Ano Legislativo, e 30 de junho, quando o último relatório mensal da SGM foi divulgado. As comissões permanentes promoveram 256 encontros no período e os colegiados temporários, 26.
Além do recorde de eventos simultâneos nas comissões em 31 de maio, em junho 75 pareceres foram proferidos e votados pelos colegiados, totalizando 362 no semestre. Os colegiados fizeram 13 reuniões ordinárias, 220 extraordinárias, 16 conjuntas e 7 encontros da Subcomissão Temporária para debater e avaliar o Ensino Médio no Brasil. Ligada à CE, essa é a única subcomissão em funcionamento atualmente.
Aumento de resultados
Sabóia observou que o trabalho dos senadores não acontece apenas no Senado, mas também em suas bases eleitorais. Para o secretário-geral, a chance de os parlamentares desenvolverem suas atividades remotamente contribui naturalmente para o aumento dos resultados. Isso porque um senador consegue votar proposições por meio do Sistema de Deliberação Remota enquanto atende demandas em seu gabinete, por exemplo.
— Quando o parlamentar consegue atuar nessas condições, é muito natural que a produtividade venha a aumentar — disse Sabóia.
Ajuste fino
O secretário-geral destacou a parceria da SGM com órgãos internos como a Diretoria-Geral (Dger), a Secretaria de Tecnologia da Informação (Prodasen), bem como o empenho dos servidores da Casa que, como afirmou, “têm se desdobrado” para atender e secretariar todas as reuniões. Ao mencionar os desafios desse aumento de produtividade, observados em qualquer instituição, pública ou privada, Saboia considerou que o Senado deu “passos adiante” ao adotar processos inteligentes de trabalho. Ele também comemorou a nomeação dos aprovados no recente concurso público do Senado, afirmando que a medida trará “sangue novo e novo fluxo de ideias e percepções para o Legislativo”.
— Para fazer com que esses implementos tecnológicos, essas novas ferramentas sejam bem utilizadas, sejam confiáveis e cada vez mais estáveis. E esse aumento de produtividade resulta de um esforço coordenado de toda a Casa, claro, da Secretaria-Geral da Mesa, que auxilia diretamente os parlamentares durante as reuniões, as sessões, mas também da Diretoria-Geral, do Prodasen, tudo fruto de uma coordenação e de um ajuste muito fino entre todos.
Preparo técnico
O diretor da Secretaria de Comissões (Scom), Marcos Machado Melo, informou que as reuniões simultâneas são feitas em oito plenários diferentes, distribuídos nas alas Senador Alexandre Costa e Senador Nilo Coelho. À Agência Senado, ele destacou o empenho e preparo técnico dos servidores para o atendimento de todas as demandas, “cujo aumento é sempre um desafio”.
—É tudo muito gratificante. Atuamos de forma descentralizada, com uma equipe bem preparada, técnica e muito profissional. Algo fundamental, porque não é possível estarmos o tempo todo em todos os ambientes ao mesmo tempo — declarou.
Principais matérias
Entre as principais proposições votadas e aprovadas nas comissões no primeiro semestre de 2023, destaca-se o novo arcabouço fiscal (PLP 93/2023). O texto, que foi fruto de intenso debate e recebeu 74 emendas na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), substitui o teto de gastos em vigor e limita o crescimento anual das despesas da União entre 0,6% e 2,5% do produto interno bruto (PIB). A CAE aprovou o relatório do senador Omar Aziz (PSD-AM) por 20 votos favoráveis e 6 contrários e remeteu a proposta ao Plenário. Como sofreu modificações, a matéria retornou para análise da Câmara dos Deputados.
Também fruto do trabalho das comissões, a nova Lei Geral do Esporte (Lei 14.597, de 2023), teve votação final no Senado em maio. Foi outro tema que mobilizou a atenção dos senadores na antiga Comissão de Educação e Cultura (CE).
Já na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), um dos destaques foi a sabatina e aprovação, em junho, do novo ministro do Supremo Tribunal Federal Cristiano Zanin. Após quase oito horas de arguição, a indicação do advogado foi aprovada com 21 votos favoráveis e 5 contrários no colegiado. A matéria seguiu para o Plenário, onde o nome de Zanin foi aprovado com 58 votos a favor e 18 contrários.
Fonte: Agência Senado
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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