Brasil
Secretário da Educação de SP prevê app que controla frequência escolar
“Quando uma escola tem alta frequência é porque os alunos adoram ir, estão aprendendo. Se é baixa, é porque acham que perdem o tempo lá”, disse Secretário
Novo secretário da Educação do Estado de São Paulo, Renato Feder fala com tranquilidade de uma meta difícil, a de até 2025 transformar a escola pública paulista na melhor do País. No ensino médio, São Paulo é o 6.º lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador federal.
Na primeira entrevista no cargo, ele afirma que não se pode “deixar o professor totalmente solto”. Para ele, ex-secretário de Educação do Paraná, isso significa ter materiais que detalham como dar cada aula, professores mais experientes ajudando colegas, diretores preocupados não só com burocracia, mas com o pedagógico.
Também prevê um aplicativo para que diretor e professores monitorem diariamente as faltas de alunos. “Quando uma escola tem alta frequência é porque os alunos adoram ir, estão aprendendo. Se é baixa, é porque acham que perdem o tempo lá”, disse ao Estadão.
O ex-empresário paulistano, de 44 anos, terá a tarefa de se distanciar do fracasso da política educacional de Jair Bolsonaro (PL), padrinho do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Mas também equilibrar interesses desse grupo de apoio. Feder diz não prever escolas cívico-militares, como fez no Paraná, e afirma que focar em questões de gênero é “desserviço para a educação”. Leia os principais trechos:
Como avalia a educação pública de São Paulo hoje?
A escola precisa de mais apoio. Quando as coisas vão bem na escola, os alunos aprendem. Quando o professor não tem apoio, não consegue dar uma boa aula, o aprendizado cai na monotonia. A escola perde vida, energia e atratividade dos jovens. Não pode deixar o professor totalmente solto. Tem de apoiá-lo para preparar uma aula dinâmica, que atraia a atenção do aluno.
Como fazer isso?
Tem de dar material bom, apoiá-lo na hora de preparar a aula. Cada escola escolhe, por exemplo, um livro do Programa Nacional do Livro Didático, mas tem professor que dá aulas em mais de uma escola: tem de dominar dois, três livros. É difícil para ele sozinho.
Mas há grupos que dizem que isso tira a autonomia do professor.
Se o professor quiser ter essa autonomia, preparar sua aula sozinho, ele pode, mas em geral o professor quer apoio. Um material assertivo, um diretor que entenda de gestão de sala de aula, que saiba trabalhar com ele para atrair a atenção dos alunos para uma aula mais dinâmica. Hoje, o diretor só fica preocupado com merenda, transporte, se tem vazamento, se os corredores estão organizados. Não pode ser assim. Se o aluno vai para aula e não sente que está aprendendo, a escola não cumpre o seu papel. O que vimos é que os alunos falam que vão à escola e não aprendem, mesmo na escola em tempo integral. Os resultados das avaliações também dizem isso. Não é só a pandemia.
O Paraná tinha um sistema baseado em performance. Será assim em São Paulo?
O indicador escolar mais importante, que é muito ignorado, é a frequência escolar. É como quando um paciente vai ao médico. O primeiro que ele verá é o batimento cardíaco. Na educação, é a frequência escolar. Quando uma escola tem alta frequência é porque os alunos adoram ir, estão aprendendo. Quando é baixa é porque os alunos acham que perdem o tempo lá. Se os alunos faltam uma vez por semana, a escola está doente. Hoje a secretaria só fornece esses dados sobre a frequência no fim do bimestre. É um erro. Tem de acompanhar diariamente.
A secretaria assinou contrato com a empresa Multilaser, da qual o sr. era do conselho, comprando milhares de computadores. Há conflito de interesse?
Eu me desliguei do conselho de administração da Multilaser em novembro, pouco depois que o Tarcísio me fez o convite, e do bloco de acionistas controlador. Vou criar um comitê para acompanhar esses contratos, para garantir que seja independente, mas qualquer empresa vai ser tratada no método republicano, com deveres e direitos.
E escolas cívico-militares?
É algo que precisamos conversar com a rede. Não está no plano como prioridade, não foi pedido pelo governador. É preciso entender se há demanda dos alunos e famílias. Mas é preciso desmistificar a escola cívico-militar: o conteúdo em sala não muda, o que muda é a presença de policiais para garantir o respeito e a disciplina
E o que pensa sobre a escola tratar temas como questões de gênero, educação sexual, ética, democracia?
Esses assuntos polêmicos, como gênero… Se focar muito nisso, causa desserviço à educação. Sobre educação sexual, deve orientar o aluno a entender seu próprio corpo. Tem também habilidades socioemocionais, questões como respeito, empatia, resiliência, trabalho em grupo. Aprender até onde vai sua liberdade e até onde interfere na liberdade do outro.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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