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Saúde: a conta da pandemia demorou, mas chegou

É hora de repensar a saúde, pois mais de 80% dos gastos no setor são para tratar pacientes já doentes

Setor de saúde: ausência de cirurgias eletivas deixou margem do setor mais alta durante a pandemia (Reprodução/Marcos Santos/USP Imagens)

 

Após mais de 166 milhões de brasileiros já vacinados com pelo menos duas doses contra a covid-19, a pandemia foi felizmente freada. Ainda convivemos com aumentos pontuais de casos e lamentáveis mortes, mas as principais marcas dessa crise sanitária são históricas. Desde do primeiro caso confirmado no Brasil, no dia 27 de fevereiro de 2020, o país reportou mais de 31 milhões infectados e 667 mil óbitos relacionados ao coronavírus. No pico da variante delta em abril de 2021, quando as taxas de ocupação das UTIs ultrapassavam os 90%, o país atingiu mais de 4 mil mortes diárias pela doença.

E o custo de toda essa chaga foi naturalmente elevado. Em 2020, com o distanciamento social e a postergação de procedimentos eletivos, os planos de saúde tiveram despesas médicas anormalmente baixas. Mas no ano seguinte, a realidade se impôs e o setor conviveu com o retorno das eletivas, juntamente às diversas internações por covid-19. Em 2021, de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as despesas médicas do setor privado subiram 24% quando comparadas ao ano anterior e foram 19% acima dos níveis pré-pandêmicos de 2019.

Agora os reajustes nas mensalidades dos planos de saúde começam a refletir esse ônus. O mercado privado assiste 49,4 milhões de beneficiários ou cerca de 23% do população brasileira. Nesse universo, 18% são planos contratados na modalidade individual, na qual os reajustes anuais são regulados pela ANS. A agência aprovou, no dia 26 de maio, um reajuste máximo de 15,5%, que poderá ser aplicado pelos planos de saúde aos contratos individuais. Dessa forma, todos os contratos de planos individuais que fazem aniversário a partir de maio passam a ser reajustados por esse índice, além dos reajustes por faixa etária. Esse forte aumento foi inevitável, uma vez que a ANS segue uma metodologia bem definida (em vigor desde 2018), que leva principalmente em consideração as despesas médicas dos planos individuais do ano anterior.

Esse reajuste recorde (vide o gráfico) deve naturalmente ancorar o aumento de preços de outras modalidades de seguros de saúde, tais como: (I) os planos corporativos (quando os empregadores pagam pelos planos de seus colaboradores), que representam 70% do mercado de saúde suplementar; e (II) os planos coletivos por adesão (contratos dentro de uma mesma categorial profissional). Para os contratos corporativos vinculados a pequenas e médias empresas (PMEs), que precisam ser reajustados de forma homogênea por cada seguradora, os reajustes médios já anunciados beiram os 18% (vide no gráfico a média dos reajustes praticados nos contratos de PMEs pelas maiores seguradoras de saúde).

Com o forte aumento dos custos combinado com um baixo repasse de preços nos últimos trimestres, os resultados dos planos de saúde decepcionaram. A ação de Hapvida (maior operadora de planos de saúde do país), por exemplo, caiu 43% neste ano e 67% desde que a sua fusão com a NotreDame Intermédica foi anunciada, se aproximando de seu preço inicial na bolsa de valores.

Ainda é cedo para dizer se esse aumento de tarifa será capaz de sanar completamente a queda de rentabilidade do setor. A inflação de custo segue elevada, enquanto a população sofre uma queda importante no poder de compra. Um cenário que facilmente pode implicar a perda de dinamismo na demanda por planos de saúde.

A conta da pandemia chegou e ela não é barata! É necessário aproveitar o momento para pautar uma reflexão: o mercado hoje é focado na doença e não na saúde. Estudos apontam que mais de 80% dos gastos no setor são para tratar pacientes já doentes, enquanto apenas 20% são direcionados ao canal de medicina preventiva. Tratamentos e ações precoces em casos de diabetes, hipertensão e tabagismo geram economia e prolongam a expectativa de vida da população. Uma saúde menos reativa e mais proativa e preditiva. Do contrário, a conta não vai caber no bolso…

Saúde reajuste

* Samuel Alves é sócio do BTG Pactual e especialista dos setores de saúde e educação

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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