Dezenas de trabalhadores das duas centrais elétricas instaladas na barragem de Richiganga estão desaparecidos; 14 corpos já foram resgatados
Índia: centenas de militares e paramilitares foram enviados para ajudar nos trabalhos de busca (Indo Tibetan Border Police/AFP)
Ao menos 170 pessoas continuam desaparecidas nesta segunda-feira no norte da Índia, onde 14 corpos foram recuperados um dia após o rompimento de uma geleira no Himalaia, que provocou a cheia repentina de um rio.
“Até o momento resgatamos 15 pessoas e encontramos 14 corpos em diferentes pontos”, tuitou o governo do estado de Uttarakhand, norte da Índia, um dia depois da catástrofe.
De acordo com as autoridades, pelo menos 170 pessoas permaneciam desparecidas.
O chefe de polícia local, Ashok Kumar, mencionou no domingo 200 desaparecidos apenas nas centrais de energia elétrica da área.
Doze pessoas foram socorridas no domingo em um túnel e pelo menos 25 continuam retidas em outro túnel, informou à AFP Piyoosh Rautela, secretário estadual para Ajuda às Vítimas de Catástrofes.
Um porta-voz da polícia de fronteira Índia-Tibete (ITBP) declarou à AFP que 200 funcionários das equipes de resgate retomaram os trabalhos nesta segunda-feira.
Centenas de militares e paramilitares, com o apoio de helicópteros e aviões, foram enviados à região para ajudar nos trabalhos de busca.
A enorme massa de água devastou o vale do rio Dhauliganga, destruindo tudo que encontrava em sua passagem, incluindo estradas e pontes, e deixou uma central hidrelétrica submersa.
“Subia uma nuvem de poeira à medida que a água passava. O chão sacudia como em um terremoto”, afirmou Om Agarwal, morador da região, a um canal de televisão
O rio Dhauliganga é um afluente do Ganges, cujas águas são sagradas para os hindus.
Dezenas de trabalhadores das duas centrais elétricas instaladas na barragem de Richiganga estão desaparecidos, assim como habitantes da região, arrastados pelas águas no momento em que cuidavam do gado, segundo as autoridades.
A barragem foi destruída pela cheia e o avanço da água provocados pela queda de parte da geleira, que se desprendeu de uma montanha.
A água arrasou a estrada principal e o túnel ficou cheio de lama e rochas. As equipes de emergência precisaram utilizar cordas para chegar à entrada.
Os vilarejos nas montanhas que cercam o rio foram evacuados e as autoridades afirmaram no domingo que o maior risco de inundação havia sido superado.
“Recordação sombria”
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, apresentou no domingo pêsames às famílias das vítimas e a todo o país.
“As Nações Unidas estão dispostas a contribuir para os esforços de socorro e assistência em curso e necessário”, afirmou.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, informou que estava monitorando a operação de resgate.
“A Índia apoia a população de Uttarakhand e a nação inteira reza pela segurança de todos nesta região”, escreveu no no Twitter.
Quatorze geleiras estão sobre o rio no Parque Nacional Nanda Devi e são objetos de estudos científicos por causa dos crescentes temores a respeito da mudança climática e do desmatamento, que aumentam os riscos de rupturas.
O derretimento de 25% do gelo do Himalaia observado nas últimas quatro décadas pode ser atribuído ao aumento das temperaturas.
“As avalanches são fenômenos comuns na bacia hidrográfica”, afirmou no domingo à AFP M.P.S. Bisht, diretor do Uttarakhand Space Application Centre. “Além disso, com frequência acontecem grandes deslizamentos de terra”.
As inundações devastadoras provocadas pelas chuvas de monção deixaram mais de 6.000 mortos no estado em 2013, o que provocou uma revisão dos planos de desenvolvimento em Uttarakhand, em particular em áreas isoladas como as próximas à represa Rishi Ganga.
Vimlendhu Jha, fundador da ONG ecologista Swechha, afirmou que o desastre é uma “recordação sombria” dos efeitos da mudança climática e do “desenvolvimento incoerente de estradas, ferrovias e centrais elétricas em zonas ecologicamente sensíveis”.
“Os ativistas e os habitantes são constantemente contrários aos grandes projetos no vale do rio”, disse.
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Vista aérea de Tóquio Getty Images
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano Reuters
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.