Tecnologia
Robotaxis em Pequim abrem novo caminho para transporte inteligente
Essa é a primeira vez que uma frota de veículos totalmente sem motoristas foi autorizada a operar em uma grande cidade do mundo
As cenas em filmes de ficção científica de pessoas andando em veículos sem motorista estão se tornando cada vez mais realistas, demonstradas pela recente disponibilidade de Robotaxis em Pequim, que podem ser contratados através de aplicativos móveis.
A cidade concedeu licenças para operar serviços de Robotaxis totalmente sem condutor ao gigante tecnológico chinês Baidu e ao veículo autônomo Pony.ai, no início de março.
Essa é a primeira vez que uma frota de veículos totalmente sem motoristas foi autorizada a operar em uma grande cidade do mundo.
As duas empresas estão entre os líderes da indústria de condução autônoma da China, que implantaram cada uma 10 veículos autônomos, em uma área de 60 quilômetros quadrados, em Yizhuang, um subúrbio do sul de Pequim.
Elas oferecem serviços de robótica aos cidadãos que podem dar uma volta através das aplicações Apollo Go e PonyPilot+ do Baidu.ai
Os veículos operam sem um motorista ou monitor humano. Durante a viagem, os passageiros podem se comunicar verbalmente com especialistas de apoio para receber assistência dentro do veículo.
A mudança segue as duas empresas que iniciaram tais testes rodoviários na área em 30 de dezembro.
Testes de segurança
Durante os testes, Pony.ai disse ter alcançado segurança, estabilidade e zero acidentes em cenários complexos como interseções e estradas estreitas, assim como em condições climáticas extremas como chuva, neve e tempestades de areia.
Pequim estabeleceu um processo em três etapas para testes autônomos de veículos em estradas públicas em 2022.
A primeira etapa envolve testes com um motorista de segurança humana, a segunda etapa permite um motorista de segurança no banco da frente e um passageiro no banco de trás, enquanto a terceira etapa permite uma condução totalmente autônoma sem um motorista de segurança.
Até agora, a área designada em Pequim para condução autônoma já serviu mais de 1 milhão de pessoas com quilometragem superior a 1,3 milhão de quilômetros.
Além da capital, os serviços de pilotagem de Baidu cobrem mais de 10 cidades na China, incluindo Xangai e as províncias de Guangdong, Guangzhou e Shenzhen. A empresa planeja expandir seus serviços autônomos de transporte de carga para 65 cidades em 2025 e 100 em 2030.
De acordo com um chefe da Apollo Go, cada veículo pode fornecer mais de 15 serviços de transporte por dia em cidades de primeira linha, em média. Até o final de janeiro, acumulou mais de 2 milhões de pedidos, colocando-o entre os maiores prestadores de serviços de direção autônoma do mundo.
Tamanho do mercado: US$ 188,6 bilhões
A consultoria global IHS Markit previu que o tamanho do mercado de serviços de táxi para automobilistas da China deverá ultrapassar 1,3 trilhões de yuans (US$ 188,6 bilhões) até 2030, respondendo por 60% do mercado de transporte de automóveis do país até então.
A McKinsey informou que a condução autônoma poderia criar US$ 300-400 bilhões em receitas globais até 2035.
Yale Zhang, diretor administrativo da consultoria Automotive Foresight sediada em Xangai, disse que a frota de robôs da China é a líder mundial, atribuída principalmente aos imensos esforços das empresas que realizam testes e ao estabelecimento de zonas experimentais pelos governos locais.
Apesar das limitações atuais que exigem que os Robotaxis operem em zonas designadas devido às complexas condições das estradas e à falta de falhas legais, espera-se que sua cobertura se expanda à medida que os dados se acumulem e os algoritmos melhorem, disse Zhang.
Estes veículos não tripulados usam principalmente múltiplas tecnologias como lidar, câmeras e sensores ultrassônicos para obter informações sobre o ambiente ao redor. Em seguida, ele processa e julga através de algoritmos de inteligência artificial para conseguir uma condução autônoma.
Espera-se também que o Robotaxis prepare o caminho para o desenvolvimento de veículos autônomos privados, que têm potencial para ser uma tecnologia revolucionária capaz de transformar a vida das pessoas, disse Zhang.
As características de condução de nível 2 se tornaram comuns em carros novos. Os dados do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT) mostram que mais de 30% dos veículos de passageiros novos vendidos na primeira metade de 2022 tinham funções de auxílio à direção de nível 2.
Entretanto, o grande investimento, os longos períodos de pesquisa e desenvolvimento e os atrasos na comercialização em larga escala abalaram a paciência do mercado de capitais para a condução autônoma.
Waymo, um dos primeiros participantes na corrida de Robotaxi, viu sua valorização cair de 175 bilhões de dólares em 2018 para 30 bilhões de dólares em 2022.
Cruise, a unidade de auto dirigibilidade da General Motors perdeu US$ 500 milhões em valor somente no segundo trimestre de 2022, com perdas médias de mais de US$ 5 milhões por dia.
Enquanto isso, a Ford dissolveu a Argo AI, uma empresa automotiva autônoma que ela possuía em conjunto com a Volkswagen. Jim Farley, CEO da Ford, disse que a empresa agora acredita que a implantação em massa de veículos totalmente autônomos está “muito longe”.
Tecnologia
“Brainrot”, você tem isso? Conheça esse efeito colateral da vida digital
Termo descreve a “deterioração mental” causada por consumir grandes quantidades de conteúdo de baixo valor, como memes e vídeos sem sentido
Se você leu meu texto sobre a slopficação da internet, talvez agora você fique um pouco mais assustado. Senta que lá vem a história…
Se você é millennial, como eu, e tinha uma certa esperança que a próxima geração seria melhor e daria conta de um monte de coisas que não conseguimos, bem… nascer e crescer imerso em redes sociais parece que não está fazendo muito bem, pelo menos na construção de gosto e o que se escolhe consumir online.
Entender minimamente a GenZ (Geração Z) e a Geração Alpha tem consumido boa parte do tempo das minhas pesquisas online. Sacar os movimentos e tentar entrar na cabeça dos jovens é interessante e surpreendente, já que os valores e gostos são completamente diferentes. E olha que pra muita coisa eu sou mais Z que Y.
Mas vamos para o que interessa. Você já ouviu ou viu, em algum lugar, termos como:
- Skibidi Toilet
- Level Five Gyat
- Rizz
- Fanum Tax
- Only in Ohio
- Sigma Looksmaxxing
- Grimace Shake
Parece erro, palavras sem sentido, mas eles têm aparecido com frequência em uma série de conteúdos virais, mais especificamente memes, e que têm sido atribuídos ao tal do “brainrot”. Se você perguntar para o Google Tradutor, não vai conseguir nada. Já para o ChatGPT, ele traz uma luz. Olha só:
Acho que, com isso, você já consegue ir sacando o que é “brainrot”. Apesar desse termo ser antigo (usado desde 2004), é agora que ele está bombando em redes sociais muito usadas por jovens da GenZ, como o TikTok.
E não é pouco dizer que esses jovens internautas estão obcecados com a tal “brain rot” ou “brainrot”. Tanto que a própria viralização do termo explica muito o que estamos vivendo nos tempos atuais: “doomscrolling“, essa rolagem infinita nos nossos feeds, e também nosso estado online crônico.
Traduzido por “podridão cerebral”, “apodrecimento do cérebro” ou até “cérebro apodrecido”, o termo, ou condição, descreve a “deterioração mental” causada por consumir grandes quantidades de conteúdo de baixo valor, como memes e vídeos sem sentido, que podem afetar negativamente as habilidades cognitivas e a capacidade de pensar criticamente.
Longe de ser um termo médico ou científico, é simplesmente um efeito colateral do nosso comportamento online, principalmente em redes sociais, frequentemente motivado por um desejo compulsivo de se manter atualizado, principalmente com eventos negativos, mesmo quando isso pode ser emocionalmente desgastante ou prejudicial para a saúde mental.
Basicamente, estamos gastando mais tempo e literalmente nos entregando e absorvendo grandes quantidades de informações irrelevantes e de baixa qualidade.
Sem entrar nas questões neurodegenerativas, não precisamos de muito para entendermos que, ao consumirmos conteúdos piores, ficaremos piores. Ou seja, nossos cérebros vão trabalhar com o que recebem. Se consumimos porcarias, vamos pensar em porcarias. Simples assim.
E tem muita gente online falando que já está com “brainrot” só de ter recebido ou passado por certos conteúdos, justamente porque estão muitos expostos a eles. E assim como os “slops” causam uma certa confusão mental, os conteúdos associados ao brainrot também, desassociando imagens ou conceitos de seus contextos reais.
Um exemplo é a imagem de um soldado da Segunda Guerra Mundial com um olhar atordoado, que faz parte da pintura de Tom Lea “That 2,000 Yard Stare“, que é usado em muitos conteúdos meméticos, e que TikTokers dizem ser brainrot.
Popularização e perigos
Fazendo uma pesquisa rápida no Google Trends, percebemos que tivemos uma procura maior do termo em 2005 e 2010, mas, a partir da segunda metade de 2023 até agora, o termo explodiu. E é interessante notar que esses picos estão muito associados à cultura gamer e a jogos que contribuíram com seu uso ao longo da década de 2010.
Inclusive, “brainrot” é uma doença que os jogadores podem contrair no jogo de “2011 The Elder Scrolls V: Skyrim“. Em 2007, ano que muita gente considera o surgimento do termo, ele aparece em posts no X, nos quais os usuários descreviam reality shows de namoro, videogames e certos comportamentos, como brainrot.
Um artigo recente do NYT, Jessica Roy relata como alguns usuários do TikTok até começaram a criar paródias de pessoas que parecem “ter” essa condição, ajudando, assim, na popularização, ridicularização e adoção do termo. E, apesar de não ser um elogio falar que alguém tem brainrot, algumas pessoas demonstram um leve orgulho ao admitir a condição.
Em um quiz recente do BuzzFeed, dava até pra saber se “o seu cérebro está 1000% cozido”. Outra leva de vídeos fala que quanto mais gírias da internet uma pessoa usa, mais brainrot ela tem.
E apesar do humor que tudo isso traz, existe um lado bem ruim. Sabe quando a gente fica obcecado por algo e vê aquilo em todo lugar, ou quando gostamos tanto de um personagem ou uma celebridade e começamos a ficar parecidos com elas? Bem, consumir conteúdos de baixa qualidade pode nos deixar menos preparados a certaz situações e “menos inteligentes”, como colocam os jovens com brainrot. Muitos compartilham nas redes seu medo de ficaram “burros”.
Há muitos pesquisadores que estão se debruçando nesse tema, como o neurocientista Michel Desmurget, que tem um livro bastante controverso, assim como outros que se adentram nesse tema, “A fábrica de cretinos digitais: Os perigos das telas para nossas crianças”.
Esse medo de ficarmos piores cognitivamente é real, porque somos o que comemos e consumimos. A “Geração Touch” e as “crianças de iPad” certamente carregam consequências disso, tanto pela tela e o aumento de miopia, muita quantidade de luz azul, que traz alterações no sono, e por aí vai, até o que é visto, assistido e lido.
Em toda a história da humanidade, acompanhamos as consequências boas e ruins das mais diversas tecnologias que foram sendo introduzidas nas nossas vidas, e se tratando de internet, hoje e sempre, independente da tecnologia em si, sabemos que “gostamos” de certos conteúdos justamente pelo modo como nosso próprio cérebro funciona.
Nem vou entrar nessa discussão, porque isso daria um outro texto, mas, no caso dos memes, eles são divertidos, rola uma conexão emocional positiva com eles, e isso dá uma ajudinha na disponibilidade de dopamina no nosso cérebro. É entretenimento puro e viciante.
Por isso mesmo, existem muitos pesquisadores interessados no assunto, tanto que, nos Estados Unidos, diversas instituições de saúde já estão estudando isso como um distúrbio. No artigo no NYT, é citada a pesquisa do Hospital Infantil de Boston, que chama essa condição de “Uso Problemático de Mídia Interativa”. E ela mostra que, conforme passamos muito tempo online, mudamos nossa percepção do espaço físico para o online, e isso tem consequências.
E a GenAI nessa história?
Brainrot está na moda hoje em dia, assim como a GenAI (inteligência artificial generativa). Mas será que a IA está ajudando a nos levar a um estado de brainrot generalizado?
Se o uso preguiçoso da GenAI pode nos fazer desenvolver menos algumas habilidades ao longo do tempo, não há dúvida. É como foi com a nossa memória, tanto que hoje não guardamos o número do celular de quase ninguém. Claro que nesse cas,o é reversível, podemos treinar e melhorar, graças a neuroplasticidade cerebral.
Mas, assim como a internet está se “slopificando”, ou seja, sendo tomada por conteúdos sem valor sendo gerados sinteticamente, nós também poderemos acabar nos deparando cada vez mais com esse conteúdo, e (por que não?) aumentando o brainrot, assim como nos enganando cada vez mais por conteúdos falsos. As consequências de longo prazo não sabemos, e muito estudo ainda será feito, mas, com certeza, uma coisa pode alimentar a outra.
Deveríamos nos preocupar com o “brainrot”?
Em certo sentido, sim, embora devamos ser cautelosos ao soar o alarme sobre o que impulsiona ou leva ao “brainrot”. É muito fácil referir-se a praticamente qualquer coisa como causadora de “brainrot”, se formos pensar.
A cultura da internet sempre traz questões e termos interessantíssimos que podem nos fazer pensar e desenvolver muitas teorias e conceitos. Brainrot ainda é uma expressão que carece de rigor científico, principalmente para descrever ou quantificar a saúde mental real. Mesmo assim, não significa que devemos ignorar ou minimizar as preocupações que estão no cerne desse termo.
Tecnologia
Tik Tok planeja lançar o Whee, plataforma de fotos ‘cópia’ do Instagram
Na plataforma, será possível manter um feed de imagens, utilizar filtros nas fotos tiradas pelo próprio aplicativo, além de manter um fluxo de conexão de amigos
O TikTok está trabalhando em seu próprio Instagram, afirmou o site Android Police na terça-feira, 18. O aplicativo, chamado Whee, tem como objetivo o compartilhamento de fotos com melhores amigos – uma mistura da rede de Mark Zuckerberg com o BeReal, de fotos instantâneas e não editadas. O app, que já pode ser utilizado em alguns países, ainda não chegou ao Brasil.
De acordo com as imagens vistas pelo Android Police, o Whee é um app separado do TikTok, mas também mantido pela ByteDance. Na plataforma, é possível manter um feed de imagens, utilizar filtros nas fotos tiradas pelo próprio aplicativo, além de manter um fluxo de conexão de amigos.
Configurações básicas como curtidas e comentários também estão presentes, em um layout bastante parecido com o do Instagram.
“Capture e compartilhe fotos da vida real que somente seus amigos podem ver, permitindo que você seja mais autêntico”, afirma a descrição do Whee no Google Play, loja de apps do Android. “Whee é o melhor lugar para amigos próximos compartilharem momentos da vida”, completam.
O TikTok e a ByteDance ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o aplicativo, mas já é possível encontrar a nova rede social em alguns países em celulares com sistema operacional Android.
Tecnologia
YouTube testa recurso que introduz “notas” de contexto em vídeos
Testes começarão nos Estados Unidos e serão feitos, inicialmente, com usuários e criadores selecionados
O YouTube anunciou, nesta segunda-feira (17), que permitirá em breve que os usuários adicionem “notas” que fornecerão contexto sobre alguns de seus vídeos. Os testes fazem parte de um novo recurso que inicialmente será lançado nos Estados Unidos.
A plataforma convidará alguns usuários e criadores de conteúdo, como parte da fase inicial de teste, para escrever notas destinadas a fornecer “contexto relevante, oportuno e fácil de entender” sobre os vídeos.
As notas, por exemplo, poderão esclarecer quando uma música é uma paródia, apontar quando uma nova versão de um produto que está sendo analisado estiver disponível ou informar aos espectadores quando imagens antigas são erroneamente apresentadas como eventos atuais.
A rede social X, antigo Twitter, possui um recurso semelhante chamado Notas da Comunidade, que permite que colaboradores selecionados adicionem contexto às publicações, incluindo tags como “enganoso” e “fora de contexto”.
O recurso de notas no YouTube será, inicialmente, disponibilizado em dispositivos móveis para usuários nos Estados Unidos e em inglês. Nessa fase, avaliadores externos classificarão a utilidade das notas, o que ajudará a treinar os sistemas, antes de um possível lançamento mais amplo, disse o YouTube.
*Com reportagem de Yuvraj Malik, em Bengaluru
CNN Brasil
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