Mundo
Putin se vacina contra a covid — e quer 700 mi doses da Sputnik no mundo
A decisão de Putin de se vacinar veio após comentários críticos na União Europeia sobre o imunizante. A Sputnik mostrou eficácia alta nos testes, de quase 92%
A lista de líderes mundiais vacinados ganha novo membro nesta terça-feira, 23. O presidente russo, Vladimir Putin, deve se vacinar hoje contra a covid-19, segundo informou o mandatário à imprensa estatal.
Putin tomará a Sputnik V, vacina do Instituto Gamaleya financiado pelo Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), que é responsável pelas negociações de exportação com outros países.
Outrora patinho feio das vacinas globais, o imunizante russo ganhou notoriedade depois que testes de eficácia publicados na renomada revista científica The Lancet mostraram taxa de eficácia de 91,6%.
A lista de líderes mundiais vacinados ganha novo membro nesta terça-feira, 23. O presidente russo, Vladimir Putin, deve se vacinar hoje contra a covid-19, segundo informou o mandatário à imprensa estatal.
Putin tomará a Sputnik V, vacina do Instituto Gamaleya financiado pelo Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), que é responsável pelas negociações de exportação com outros países.
Outrora patinho feio das vacinas globais, o imunizante russo ganhou notoriedade depois que testes de eficácia publicados na renomada revista científica The Lancet mostraram taxa de eficácia de 91,6%.
A decisão de Putin de se vacinar veio após comentários críticos na União Europeia sobre o imunizante. No fim de semana, o ex-ministro francês Thierry Breton, comissário para o mercado interno da UE, disse que o bloco “absolutamente não tem necessidade de ter a Sputnik V”. O comentário foi feito semanas após a EMA, reguladora europeia (similar à Anvisa no Brasil), começar a analisar o imunizante.
Putin respondeu nesta segunda-feira, 22, classificando a fala como “estranha” diante da falta de doses na União Europeia. O bloco, que aplicou doses suficientes para cerca de 9% da população com a primeira dose, tem tido vacinação mais lenta do que outras regiões ricas, como Reino Unido (onde 42% tomaram a primeira dose) e EUA (25%).
“Nós não estamos impondo nada a ninguém… Quais interesses essas pessoas estão protegendo, o das farmacêuticas ou dos cidadãos europeus?”, disse Putin, afirmando na sequência que pretendia se vacinar no dia seguinte com a Sputnik. O presidente russo disse também que, apesar do “descrédito deliberado em nossa vacina, mais e mais países estão mostrando interesse nela”.
A UE tem recebido número insuficiente de doses de seus outros fornecedores, como a AstraZeneca, que cortou pela metade as doses que seriam entregues ao bloco.
Há uma viagem dos técnicos da EMA marcada para a Rússia em 10 de abril, para analisar os testes feitos para a vacina. Mas com casos de covid-19 aumentando, dois países membros, a Hungria e mais recentemente a Eslováquia nesta semana, autorizaram a Sputnik V sem esperar a reguladora europeia.
Usando a Sputnik, a Rússia aplicou ao menos 10,6 milhões de doses em seus 146 milhões de habitantes. Cerca de 4% da população tomou ao menos a primeira dose — taxa ainda baixa e similar à do Brasil, que vacinou mais de 16 milhões de pessoas, mas onde a população é maior. A Rússia passou semanas sem atualizar os dados oficiais de vacinados, mas voltou a fazê-lo nos últimos dias.
A vacina russa usa tecnologia parecida à da vacina de Oxford/AstraZeneca, com adenovírus, mas precisa ser transportada a temperatura menor, de -18 graus Celsius (o que torna o transporte mais difícil em relação à AstraZeneca, que precisa ser transportada entre 2 e 8 graus).
Mais de 50 países já aprovaram o imunizante, segundo o site oficial da Sputnik. Entre eles está a Argentina, que começou a vacinar ainda em dezembro e onde mais de 3 milhões de pessoas foram vacinadas (o equivalente a pouco mais de 3% da população), majoritariamente com a vacina russa, sem efeitos adversos graves registrados.
Em janeiro, o presidente argentino, Alberto Fernández, se tornou o primeiro presidente na América do Sul a se vacinar, tomando uma dose da Sputnik. Também aprovaram a vacina outros sul-americanos, como México, Bolívia, Paraguai e Venezuela.
No exterior, há questionamentos sobre o porquê de a Rússia estar vendendo vacinas enquanto a vacinação em casa é insuficiente. “Ainda nos perguntamos por que a Rússia está teoricamente oferecendo milhões e milhões de doses enquanto não tem progredido suficientemente na vacinação de sua própria população”, disse em fevereiro a presiente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O ministro da Saúde Mikhail Murashko anunciou o plano de vacinar 60% da população até julho. Em declaração no fim de fevereiro, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o número de vacinados aumentou dez vezes desde janeiro, de 13.000 pessoas para de 135.000 a 145.000 doses aplicadas diariamente.
Mas o número terá de subir mais para que a meta seja cumprida. O país também aprovou recentemente outras duas vacinas, a EpiVacCorona e a CoviVac – embora a Sputnik ainda seja a principal usada na Rússia. Como foi com a Sputnik, aprovada ainda em agosto, as vacinas receberam aval para uso na Rússia antes da fase 3 de testes. Também está sendo testada uma versão de somente uma dose da Sputnik (que vem sendo chamada de “Sputnik Light”).
Enquanto isso, a média móvel de novas mortes por covid-19 na Rússia caiu mais de 20% desde o pico, em dezembro e janeiro, mas, como no restante da Europa, a prevalência de novas variantes da covid-19 é uma preocupação.
O governo russo diz que espera que a Sputnik V chegue a 700 milhões de doses globalmente neste ano. Só para os países africanos, a Rússia ofereceu 300 milhões de doses. O plano para chegar lá é fazer parcerias de transferência de tecnologia com fabricantes mundo afora e ampliar a produção (similar aos contratos feitos entre Fiocruz-AstraZeneca e Butantan-Sinovac, que permitem a produção no Brasil).
Nesta semana, o fundo russo fechou parceria com o laboratório indiano Virchow Biotech para fabricar 200 milhões de doses por ano. No Brasil, a parceira é a União Química, que projeta fabricar 8 milhões de doses da Sputnik por mês.
Mas a desconfiança com relação à vacina russa ainda não desapareceu após a divulgação da eficácia. Mesmo dentro da Rússia, uma pesquisa no começo do mês mostrou que menos de um terço da população deseja se imunizar.
Como feito por outras potências, o governo russo espera usar a vacina como arma de diplomacia global. A demanda crescente – e a falta de doses suficientes das farmacêuticas americanas e europeias – tem feito os países emergentes se voltarem a vacinas de países como Rússia, China e Índia.
O imunizante tem se mostrado seguro nos países onde começou a ser aplicado, o que é uma boa notícia para esses planos e para a imagem que Putin deseja transmitir da Rússia como grande potência científica. Ao afirmar que iria se vacinar, Putin disse que a Sputnik V é “um sucesso absoluto de nossos cientistas e especialistas”.
Sputnik V no Brasil
No Brasil, a Sputnik V ainda precisa ser aprovada pela Anvisa para uso emergencial. A reguladora afirma que faltam documentos a serem entregues até maio pelas fabricantes, antes da aprovação.
O consórcio dos governadores do Nordeste fechou neste mês a compra de 37 milhões de doses da Sputnik V, a serem entregues entre abril e julho e usadas em todo o país por meio do Plano Nacional de Imunização.
Já o governo federal comprou diretamente outras 10 milhões de doses, todas importadas prontas (serão 400.000 doses até o fim de abril, mais 2 milhões no fim de maio e 7,6 milhões em junho). Nos próximos meses, a Sputnik também será produzida nacionalmente por meio do laboratório brasileiro União Química.
A Sputnik virou ainda assunto na política externa brasileira após os EUA divulgarem um documento mostrando que, no governo do ex-presidente Donald Trump, o país pediu ao Brasil que não comprasse vacinas russas. O documento foi divulgado pelo próprio governo americano, agora sob presidência do democrata Joe Biden. A atuação para que o Brasil não usasse a vacina foi feita sem contrapartidas, como o oferecimento de vacinas americanas.
Mundo
Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
versão original
Mundo
Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
Mundo
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.
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