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Primeiro debate entre Trump e Biden é marcado por ofensas e mentiras

No duelo em Atlanta, Trump chama Biden de “o pior presidente da história” e o acusa de destruir o país, além de abrir a fronteira para “terroristas”. O democrata contra-ataca e define republicano como “trouxa”, “criminoso condenado” e com “a moral de um gato de beco”

 

Joe Biden (D) e Donald Trump (E) travam duelo nos estúdios da emissora CNN, em Atlanta: economia e imigração no primeiro bloco do debate – (crédito: Andrew Caballero Reynolds/AFP)

 

De um lado, um Donald Trump incisivo, com respostas imediatas e agressivas. De outro, um Joe Biden que parecia acuado e, algumas vezes, tinha dificuldades de se articular. A 131 dias das eleições presidenciais, o atual inquilino da Casa Branca, potencial candidato do Partido Democrata, e o antecessor republicano travaram um duelo histórico, na noite desta quinta-feira (27/6), no primeiro debate, nos estúdios da emissora CNN, em Atlanta (Geórgia). Economia, aborto, imigração e o conflito no Oriente Médio abriram o embate em meio a um clima nada amistoso: não houve aperto de mãos.

Os moderadores questionaram Biden sobre o fato de a inflação ter reduzido, enquanto os preços se mantêm altos. “Quando assumi, a economia estava em colapso. Não existia emprego”, disse, tentando controlar o pigarro. “Muito ainda precisa ser feito. (…) Quando ele (Trump) saiu, deixou o caos.” Trump tratou de defender o seu legado e garantiu que, após a pandemia de covid-19, fez com que o país retomasse o crescimento. “Ele (Biden) está fazendo um trabalho muito ruim, está nos matando. (…) É a pior administração da história”, declarou o republicano.

Imigração

Trump prosseguiu no ataque, ao abordar a crise migratória nos EUA. “Tudo o que o ‘Joe sonolento’ fez foi abrir nossa fronteira. Temos o maior número de terroristas vindo para os Estados Unidos, não apenas da América do Sul, mas de todo o mundo. Esse cara apenas abriu as fronteiras”, disparou Trump, antes de afirmar que os migrantes assassinam pessoas em vários estados do país. “Nós passamos a ser um país não civilizado nesse momento. Essas pessoas estão destruindo o nosso país. Nós temos que expulsá-las. (…) Estão matando nossos cidadãos em um nível nunca antes visto.”

Biden reagiu, acusou Trump de mentir e de cometer violações dos direitos humanos durante o seu governo. De acordo com o democrata, alegar que os EUA abrem os braços aos migrantes que entram ilegalmente no país “simplesmente não é verdade”. “Não há dados que sustentem o que ele disse. Ele está exagerando. Ele está mentindo”, disse. “Nós nos encontramos em uma situação em que, quando ele era presidente, ele separava os bebês de suas mães, os colocava em gaiolas, garantindo que suas famílias fossem separadas. Esse não é o caminho certo.”

Em um dos momentos mais tensos, Biden questionou se Trump chamou os veteranos de guerra de “trouxas e perdedores”, ao visitar um cemitério militar, na França, durante seu mandato. “Meu filho não foi um trouxa nem um perdedor. Você é trouxa e perdedor”, disparou o atual presidente, ao citar Beau Biden, o filho falecido, que combateu no Iraque. O republicano replicou e qualificou o democrata de “o pior comandante-em-chefe da história dos EUA”.

Minutos depois, o magnata foi chamado de “criminoso condenado” por Biden — em alusão ao caso envolvendo o suborno à ex-atriz pornô Stormy Daniels — e lembrou que Hunter Biden, filho de Joe Biden, também é “um criminoso condenado”. A reação de Biden foi um dos pontos altos para o democrata. “Os crimes dos quais você é acusado — e pense em todas as penalidades civis contra você. Quantos bilhões de dólares você deve em penalidades civis por molestar uma mulher em público? (…) Por fazer sexo com uma estrela pornô à noite, enquanto sua mulher estava grávida?”, perguntou. “Você tem a moral de um gato de beco”.

Em relação à política externa, o debate apresentou três instantes simbólicos. Questionado pela jornalista Dana Bash se apoiaria a criação de um Estado palestino, Trump desconversou: “Eu teria que ver”. O republicano classificou a retirada de tropas americanas do Afeganistão como “o dia mais embaraçoso da história dos EUA”. E assegurou que a guerra na Ucrânia jamais teria começado “se tivéssemos um líder”.

A invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, foi trazida ao debate e parece ter provocado mal-estar em Trump. Ao ser confrontado sobre se foi omisso, ao não evitar o ataque, o republicano respondeu: “Eu poderia ver, não tinha praticamente nada para fazer; eles me pediram para discursar”.

Resultado da eleição

Ao fim do debate, Trump foi perguntado, por três vezes, se aceitará o resultado das eleições. Nas duas primeiras ocasiões, tergiversou. Pressionado, disse que “se as eleições forem livres, justas e boas, absolutamente”. “A fraude e tudo o mais é algo ridículo.” Em entrevista ao Correio, Jennifer McCoy — cientista política da Universidade Estadual da Geórgia — disse que Biden mostrou boas respostas com conteúdo, mas elas foram fracas na entrega. “Biden tem boas respostas com conteúdo, mas fracas na entrega. Trump pareceu enérgico, mas mentiu”, avaliou. “Não houve vencedores. Trump é pura mentira e não respondeu às perguntas. Nesse sentido, ele controlou o conteúdo, e Biden falhou ao não reagir.” Para ela, o debate foi mal organizado, à medida que os moderadores se recusaram a intervir e não verificaram os fatos. “Isso não ajudará Biden em nada. Ele parece fisicamente fraco, ainda que com respostas mais substantivas. Trump escapou, impune, com suas mentiras e ignorou as perguntas”, concluiu McCoy.

Historiador político da American University, em Washington, Allan Lichtman admitiu ao Correio que o debate girou em torno de respostas às constantes mentiras de Trump. “Aqueles que acreditam que Trump está mentindo pensarão que Biden venceu. Aqueles que acreditam em Trump pensarão que Trump venceu”, avaliou.

Correio Braziliense

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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