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Brasil

Prejuízos com chuvas no RS superam R$ 12 bilhões; setor habitacional é o mais afetado

Previsão foi divulgada nesta sexta-feira pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM)

 

Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS) (Agência Brasil/Ricardo Stuckert/ Presidência da República)

 

Passados 45 dias após o início das chuvas que inundaram o Rio Grande do Sul, os prejuízos no estado somam R$ 12,2 bilhões, segundo balanço da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgado nesta sexta-feira. O setor habitacional é apontado como o mais prejudicado, com R$ 4,7 bilhões em perdas. Ao todo, 101,5 mil casas foram danificadas e outras 9,4 mil totalmente destruídas pelas tempestades.

A agricultura, por sua vez, teve prejuízo calculado em R$ 4,1 bilhões. Este é o setor do segmento privado que teve maior perda até aqui, seguido pela agropecuária, com R$ 372,1 milhões, e pela indústria, com R$ 277,8 milhões.

Como mostrou O GLOBO, o estado terá que recuperar 3,2 milhões de hectares de cultivo atingidos pelos temporais recentes, estima a Secretaria Estadual da Agricultura, com base em imagens de satélite.

A retomada do plantio nas terras alagadas é essencial para que a distribuição nacional de alimentos não seja reduzida a longo prazo. Os gaúchos são os principais produtores de arroz do Brasil, responsáveis por 70% da safra, e ocupam a quarta posição na plantação de soja.

‘Casas provisórias’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o plano de construção de casas provisórias para as vítimas das enchentes na terça-feira. Durante encontro com autoridades em Pernambuco, o petista declarou que, muitas vezes, obras temporárias se tornam definitivas, ao mesmo passo que ponderou ser demorado o processo de construção de novas residências em locais seguros.

— Eu disse ao companheiro Jader (Filho, ministro das Cidades) lá no Rio Grande do Sul, porque tem sempre a ideia de que é preciso cuidar de fazer casa provisória, e eu falava não tem casa provisória. É melhor dizer a verdade para o povo, é melhor dizer que destruir é muito rápido, construir é muito demorado — afirmou Lula.

— A gente vai ter que encontrar terreno sólido, vai ter que fazer casa com rua, com esgoto, com água, com energia elétrica, com área de lazer para as crianças, com escola, porque a gente não pode fazer o pessoal, depois do que passaram no Rio Grande do Sul, voltar a morar em lugar inóspito, em lugar inseguro — acrescentou.

O governador Eduardo Leite anunciou na sexta-feira passada a destinação de R$ 86,7 milhões para construir 250 moradias definitivas (R$ 20 milhões) e 500 temporárias (R$ 66,7 milhões), com 27 metros quadrados, voltadas a famílias de baixa renda. As residências serão instaladas em Eldorado do Sul (250), na Região Metropolitana de Porto Alegre (100) e no Vale do Taquari (150).

Vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza apresentou um contraponto à fala do presidente em postagem na rede social X (antigo Twitter).

“Quando a casa de uma família é destruída, ela precisa ficar em algum local até que consiga um lar definitivo e digno para morar. Ou seja, não é pelo governo não providenciar uma casa provisória que a família não vai precisar de um local para residir por um tempo. A situação precária da família não “desaparece” devido ao não agir do governo.

A diferença é que, quando o governo age para oferecer algo digno, a família não precisa se submeter a dormir por meses no chão de um ginásio de esportes que serve como abrigo.

A propósito: a melhor forma de evitar que as famílias que perderam suas casas não necessitem de um lar provisório é agilizando a entrega das moradias definitivas, na quantidade suficiente para atender todas que estão necessitando.

Desde o evento climático que atingiu o Vale do Taquari, em setembro de 2023, as únicas entregues até o momento foram as casas provisórias construídas numa parceria entre o Sinduscon RS, o governo estadual e as prefeituras!”, escreveu.

Na semana passada, o governo estadual também assinou com as prefeituras de Porto Alegre e Canoas o termo de cooperação para instalação dos primeiros cinco Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs), chamados popularmente de “cidades provisórias”, que vão receber desabrigados pelas fortes chuvas que castigaram o estado. Também foram definidos os locais de construção.

Os cinco espaços anunciados pelo estado poderão abrigar 3,7 mil pessoas. Em Porto Alegre, estão previstas estruturas no Centro Humanístico Vida, no estacionamento do Porto Seco e no Centro de Eventos Ervino Besson. As unidades na capital gaúcha terão capacidade para acolher até duas mil pessoas.

Já em Canoas, os CHAs serão montadas na avenida Guilherme Schell, próximo à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), e no Centro Olímpico Municipal (COM). Cerca de 1.700 moradores serão acolhidos nos dois locais. A gestão estadual aponta que os CHAs terão “toda a estrutura necessária para atender às demandas das famílias”, como segurança pública.

A infraestrutura prevista para os CHAs é a mesma utilizada em hospitais de campanha. Serão espaços modulares em formato de galpão (retangular) e tenda piramidal, com estruturas metálicas e divisórias internas que irão definir os espaços ocupados por cada uma das famílias. Outra parte dos centros será composta por 208 casas montáveis cedidas pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), com capacidade média de cinco pessoas por unidade.

Agência o Globo

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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