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Por que os prédios do centro de SP possuem alto risco para incêndios?

Um dos fatores de risco tem relação com a própria “cara” do centrão

Prédio: A falta de manutenção está relacionada a aspectos culturais (Reprodução/TV Globo/Reprodução)

Prédios antigos com limitações para reformas estruturais, falta de manutenção das instalações elétricas e uso inadequado de imóveis – lojas que viram depósitos -, além do armazenamento de materiais inflamáveis tornam os prédios da região central de São Paulo mais suscetíveis aos incêndios como o desta semana na região da Rua 25 de Março.

“É possível afirmar com todas as letras que existe risco de incêndio em grande parte dos edifícios comerciais e residenciais da região central da cidade”, afirma Roberto Racanicchi, coordenador adjunto da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP). “Não há dúvidas de que existe o risco de início de incêndio”, concorda Antonio Fernando Berto, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Um dos fatores de risco tem relação com a própria “cara” do centrão. São prédios antigos sem características estruturais alinhadas às exigências atuais de segurança. Uma delas é a presença de pavimentos entre os andares com apenas 20 cm de proteção. Prédios mais modernos têm uma separação maior, de pelo menos um metro, para impedir que o fogo passe de um andar para o outro.

Berto observa que praticamente não havia divisão entre os pavimentos no incêndio do número 78, da Rua Comendador Abdo Schahim.

A modernização desses prédios é difícil, pois há pouco espaço físico para reformas estruturais. Não é possível demolir uma escada sem comprometer o prédio vizinho, por exemplo. Engenheiros relataram ao Estadão um episódio recente de ampliação de um prédio na Rua 7 de Abril. Não foi possível entrar com o caminhão de concreto para fazer a obra. A solução foi demolir uma parede para que o veículo entrasse.

As construções antigas também não possuem todos os itens de segurança exigidos pelos projetos atuais, como dutos de ventilação, escadas de incêndio mais largas ou portas corta-fogo.

Prédios com documentação irregular

Por conta dessas características, os prédios têm dificuldade para conseguir o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), documento que atesta o funcionamento da edificação dentro das condições de segurança contra incêndio e pânico.

Nesse contexto, o Ministério Público do Estado deu prazo de 30 dias para que o Corpo de Bombeiros explique se fiscalizou a existência de AVCB nos edifícios atingidos pelo fogo e nos imóveis do entorno na região da 25 de Março.

O ofício está relacionado a um inquérito civil aberto em 2019 para investigar outro incêndio em um edifício comercial de três andares na Rua Cavalheiro Basílio Jafet na esquina com a Rua Jorge Azem, pertinho da Rua 25 de Março. Não houve vítimas.

A investigação, chamada inquérito civil estrutural, ainda está em andamento e pretende fazer uma apuração mais ampla acerca da própria política pública sobre prevenção e combate a incêndios.

O problema não acontece só na capital, diz o MP. Cerca de 5% dos municípios de São Paulo possuem a maioria de suas edificações regulares. Ainda de acordo com o órgão, 90% dos incêndios ocorrem em imóveis irregulares.

O risco do armazenamento de materiais inflamáveis

O armazenamento de materiais inflamáveis torna a situação ainda mais complexa. Na semana passada, o prédio “Comércio e Indústria” tinha vários andares que eram utilizados como depósito de metal, plástico e papel.

Berto afirma que a grande presença de materiais inflamáveis facilita a propagação do incêndio. “A partir de um foco, é muito fácil o incêndio crescer em uma ocupação desorganizada e distante do que seria adequado da segurança contra incêndios”, afirma.

O Estadão apurou que os proprietários do edifício estavam modificando a licença do imóvel de “lojas e escritórios abertos” para “depósitos de mercadorias” quando o início da pandemia interrompeu os trâmites burocráticos. Aqui, Racanicchi salienta a importância da fiscalização do poder público para verificar se o uso e ocupação dos empreendimentos está de acordo com a licença e funcionamento.

Falta de manutenção elétrica, um dos vilões

Outro fator de risco é a falta de manutenção das instalações elétricas internas dos condomínios residenciais e comerciais. Valdir Pignatto, professor da Escola Politécnica da USP, explica que a maioria dos incêndios no Brasil é causada pelas instalações elétricas, como fios desencapados, fiação antiga sem manutenção.

Com o tempo, os condutores perdem suas propriedades de levar a energia, esquentam e pegam fogo. “Temos um problema que é a falta de identificação da causa do incêndio. Isso é importante. Como vamos atacar um problema se não sabemos exatamente qual é a causa?”, questiona.

Marcelo Lima, diretor-geral do Instituto Sprinkler Brasil, organização sem fins lucrativos que difunde o uso de sprinklers no País, adota raciocínio semelhante. “As instalações elétricas são uma fonte muito grande de incêndios, mas às vezes sua culpa é um superestimada, até pela dificuldade de se investigar e descobrir a causa real de um incêndio”, diz. Por meio do monitoramento diário de notícias de incêndios no Brasil, o Instituto registrou 999 ocorrências de incêndios estruturais de janeiro a junho deste ano.

A falta de manutenção está relacionada a aspectos culturais, como argumenta o engenheiro Rafael Timerman, “As pessoas que gerem os condomínios empresariais ou residenciais têm uma cultura de falta de manutenção. Não é primazia do centro de São Paulo. É preciso haver uma conscientização de que é mais barato atuar de maneira preventiva do que corretiva e emergencial”, alerta o diretor do Instituto de Engenharia de São Paulo.

“Fazer manutenção é como tomar uma vacina contra uma doença. Você evita um mal maior”, compara Racanicchi compara.

O diagnóstico não é recente. Quatro anos atrás, às vésperas do incêndio de 2018, um decreto do então governador Márcio França instituiu um regulamento de segurança contra incêndios no Estado. Entre os objetivos, estava o de “fomentar o desenvolvimento de uma cultura prevencionista de segurança contra incêndios”.

Bombeiros dizem realizar fiscalizações

A Prefeitura da cidade de São Paulo informa que a emissão e fiscalização do AVCB são de responsabilidade do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, mas com objetivo de agilizar a fiscalização nos prédios da capital, a administração municipal poderá contribuir com a exigência da apresentação do AVCB para a liberação de funcionamento dos empreendimentos e comércios na cidade.

O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBPMESP) informa que o Plano de Fiscalização das edificações e áreas de risco segue cronograma definido com base em metodologia e planejamento do Serviço de Segurança Contra Incêndio conforme tabela de priorização, consolidado em uma Matriz para Fiscalização de Ocupações (MFO) que se baseia em um ranqueamento dos riscos envolvidos e na ferramenta de qualidade do Método de Pareto.

Desde 2019, foram realizadas 37727 fiscalizações. Somente no ano de 2022 foram feitas 9387 fiscalizações, o que corresponde a uma fiscalização a cada 30 minutos. Destas 37727 fiscalizações, o CBPMESP aplicou um total de R$2.274.013,72 de multas.

O CBPMESP promove as ações de fiscalização em todos os tipos de edificação, mas é importante lembrar que o comportamento adequado, a manutenção periódica das medidas de segurança e o uso correto da edificação é tão importante quanto buscar o licenciamento.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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