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Por que é que o Ocidente se cansou da Ucrânia?

Segundo a analista Viktoria Nikiforova, entrevistada pela Sputnik, nas relações entre Washington e Kiev os períodos de entusiasmo são seguidos de períodos de incapacidade e frustração. Nestes momentos, os EUA começam a ver a Ucrânia como um fardo, enquanto a Ucrânia, por sua vez, começa a se esforçar para não perder o seu aliado principal.

© Kenzo Tribouillard

O primeiro episódio de cansaço da Ucrânia atingiu Washington ainda em maio. Uma data fatal estava se aproximando – 90 dias desde o início da operação especial. Os publicitários bem sabem que é praticamente impossível manter a atenção do público em relação a certo acontecimento mais de três meses.

“O cansaço da Ucrânia está aumentando”, constatou a popular revista norte-americana Newsweek.

A partir dessa data, Kiev passou a se preocupar. Zelensky prometeu mobilizar um milhão de ucranianos. A “contraofensiva ucraniana” foi promovida de forma abrangente. As Forças Armadas ucranianas seguiram bombardeando civis com nova força. Nesse contexto, surgiram novas tentativas de chamar atenção ao conflito ucraniano em meio aos bombardeamentos da usina nuclear de Zaporozhie, controlada pelas tropas russas, através dos disparos contra o depósito de resíduos atômicos. Tais passos por parte do regime de Kiev colocaram toda a Europa à beira de uma catástrofe nuclear, cujas dimensões podem ser maiores que as de Chernobyl.
Conforme a colunista, durante um certo período, a estratégia de Kiev foi bem-sucedida. Contudo, a prometida contraofensiva das tropas ucranianas não se realizou. Nesse contexto, o Ocidente, tendo mergulhado nos seus próprios problemas, de novo vira as costas à Ucrânia.

“Desligando a televisão: será que estamos cansados da guerra ucraniana na mídia?” – é esta a pergunta retórica do canal de televisão Euronews, que responde de forma positiva: sim, estamos cansados.

As edições ocidentais passaram a retirar da frente ucraniana os seus jornalistas e correspondentes, enquanto as notícias que não têm nada a ver com a Ucrânia (por exemplo, as discussões sobre o direito ao aborto nos EUA) substituíram o país nos principais cabeçalhos.
As razões de tal “resfriamento”, segundo Nikiforova, têm um caráter completamente objetivo. Por um lado, a bomba de gasolina e a geladeira venceram a televisão e a Internet. A população ocidental começou a se preocupar com as razões da deterioração drástica do seu nível de vida.

“Os russos estão sendo punidos pelas ‘sanções infernais’ devido à operação na Ucrânia, está claro. Contudo, são os europeus que sofrem com estas sanções de forma mais grave. E por quê?”, questiona a jornalista.

Por outro lado, os publicitários anglo-saxônicos se tornaram vítimas das suas próprias atividades.

“A Ucrânia tem sido promovida no campo informacional de maneira tão insistente, que o público acabou por estar farto dela. É que no início contavam que tudo terminasse em algumas semanas, enquanto o tom estava tão alto que não era possível mantê-lo durante um longo período.”

Após a divulgação de fakes na primavera, o público começou a enfrentar a realidade trágica, em que tanto os acontecimentos em Bucha como os numerosos casos de assédio sexual, alegadamente cometidos pelos militares russos em relação a mulheres ucranianas, provaram ser notícias insidiosamente falsificadas e inventadas. Não é de surpreender que, passados uns meses, tais histórias tenham desaparecido quase por completo da agenda midiática ocidental. Pouco a pouco, o público ocidental passou a confiar cada vez menos na narrativa da mídia.
Junto com os civis comuns, os governos nacionais também se aperceberam do que na realidade tem acontecido na Ucrânia. Nas vésperas, durante uma votação na ONU, apenas 54 países, em vez de 141 em fevereiro, apoiaram a resolução que apela para a Rússia terminar a sua operação militar. Entre os 54, quase todos são aliados e, nas palavras da colunista, “vassalos” dos EUA, incluindo os países europeus e o Reino Unido.
Nos próprios Estados Unidos, “o cansaço da Ucrânia” é liderado pelos “jovens republicanos” que apoiam o ex-presidente Donald Trump. Estas forças planejam entrar de maneira triunfante no Congresso e no Senado já no outono que vem. Os que estão neste campo não entendem de todo para que é que inundar Kiev com bilhões de dólares em armas quando seria muito mais útil gastá-los nos próprios Estados Unidos.
Mesmo assim, de acordo com o analista político Aleksandr Motyl, é pouco provável que os EUA abandonem a Ucrânia à sua sorte. Antes de mais nada, segundo ele, a Casa Branca já despejou na Ucrânia somas enormes, que não podem se perder. Além disso, “se Putin vencer”, a Rússia receberá novos territórios, ricos em recursos naturais, e fortalecerá a dependência europeia dos seus combustíveis e todo o mundo – do seu trigo.
Mas, o mais importante é que a vitória russa na Ucrânia, conforme Motyl, mudará o equilíbrio do poder no mundo não a favor do Ocidente. Assim, a hegemonia dos EUA no mundo chegará ao fim – visto que hoje em dia já não existe na realidade, mas continua existindo nas mentes dos cidadãos comuns.

Mundo

Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Mundo

Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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