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Por que a eleição no Senado é crucial para o próximo presidente dos EUA

Caso Joe Biden leve a Presidência, mas não tenha controle do Congresso, suas mãos estarão atadas. O mesmo vale para Donald Trump, caso seja reeleito

Senado americano: a vantagem estável para Joe Biden apontada nas pesquisas de intenção de votos também deve beneficiar os candidatos democratas ao Senado (Mark Wilson/Getty Images)

O mandato de dois anos para os deputados é uma entre tantas peculiaridades do sistema eleitora americano. Outra é a renovação escalonada dos senadores, cujo mandato é de seis anos. A cada ciclo eleitoral, apenas um terço das cem vagas do Senado são renovadas.

Isso significa na prática que o controle de ambas as casas pode mudar de mãos a cada biênio. Em 2018, na metade do mandato de Trump, os democratas reconquistaram a Câmara (mas continuaram em minoria no Senado).

Na terça-feira, 35 cadeiras do Senado estarão em disputa: 14 são democratas e 21, republicanas. O partido de Biden trabalha com duas hipóteses, ambas plausíveis de acordo com as pesquisas mais recentes:

  • Com uma vitória de Biden, bastaria um ganho líquido de três disputas. O Senado ficaria dividido exatamente ao meio (dois senadores são independentes, mas votam sempre com os democratas, o que significa 50 senadores para cada partido em termos práticos). A vice-presidente, Kamala Harris, seria o voto de Minerva.
  • Caso Trump seja reeleito, os democratas teriam de garantir quatro vagas a mais, o que lhes daria uma maioria de um único voto.

No começo de setembro, o site FiveThirtyEight calculava em 57% as chances de uma troca de controle no Senado. De acordo com as estimativas mais recentes, essa probabilidade agora é de 78%.

A matemática é complicada, pois são muitas cadeiras em disputa, e as pesquisas podem estar erradas. Mas a sensação entre os observadores é que a mesma onda que vem garantindo uma vantagem estável para Joe Biden também deve beneficiar os candidatos ao Senado.

O principal motivo é a pandemia da Covid-19. Os Estados Unidos contabilizam quase 9 milhões de casos e 228.000 mortes (ambos recordes mundiais). A doença segue fora de controle no país, e com a chegada do inverno há temores de que o pior ainda esteja por vir.

A eleição presidencial é um referendo sobre a atuação do governo Trump – e o mesmo está acontecendo com as disputas do Legislativo.

Em cinco estados em que os candidatos democratas têm vantagem sobre os adversários – Arizona, Carolina do Norte, Colorado, Iowa e Maine –, Trump está atrás de Biden. Em três deles, o presidente foi o vitorioso na eleição de quatro anos atrás.

Até mesmo na Geórgia, estado do Sul americano controlado pelo Partido Republicano há quase 30 anos, há boas chances de que os democratas vençam as duas vagas de senador em disputa.

Por que o Senado é crucial

Obter o controle do Senado é considerado essencial para as pretensões de Joe Biden e do Partido Democrata. Sem maioria, muitas de suas promessas de campanha morrerão na praia.

Com raríssimas exceções, ambos os partidos votam em bloco. Ou seja, uma proposta de Biden para ampliar a cobertura de saúde estatal, por exemplo, não tem a menor chance de ser aprovada por um Senado dominado pelos republicanos.

Nem sempre foi assim. Leis que ampliaram os direitos civis, em meados do século passado, foram passadas com apoio de democratas e republicanos. O mesmo aconteceu no processo de impeachment de Richard Nixon.

Mas, hoje, o abismo entre os partidos não poderia ser mais vasto. Um exemplo recente é uma segunda dose de estímulo econômico para reavivar a economia.

Os democratas aprovaram na Câmara um pacote de 2,2 trilhões de dólares, mas o projeto ficou empacado no Senado. Já os senadores  queriam um pacote menor, de 500 bilhões de dólares, bloqueado pelo Partido Democrata (neste caso são necessários 60 votos).

Como se a polarização já não fosse extrema, o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, colocou a aprovação da juíza Amy Coney Barrett para a Suprema Corte na frente das discussões sobre a ajuda de emergência.

“Nosso país ainda tem muito a fazer para superar essa crise de saúde pública e a nossa economia se recuperar plenamente. Há muito mais a ser feito”, escreveu a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, numa carta ao secretário do Tesouro, Steve Mnuchin.

Mas os números de crescimento do PIB recém-divulgados – um aumento de 33,1% — devem complicar ainda mais qualquer possibilidade de acordo.

Uma hipótese cada vez mais plausível é que a nova rodada de ajuda oficial fique para o ano que vem. Os novos senadores assumem no dia 3 de janeiro. Caso os democratas obtenham a maioria, as chances de um acordo são consideradas maiores.

Também existe a expectativa de que, com o Congresso do seu lado, Biden estenda o programa de auxílio a pequenas empresas e a estados e municípios, que estão diante de déficits históricos por causa da paralisação econômica provocada pela pandemia.

Curta janela

A história mostra que, mesmo que com uma vitória completa, Biden deve ter pouco tempo para aproveitar o controle do Legislativo. Em apenas 8 dos últimos 30 anos um mesmo partido dominou a Casa Branca e as duas casas do Congresso.

Como as eleições acontecem a cada dois anos, em 2022 haverá uma completa renovação da Câmara e de um terço do Senado – as chamadas midterm elections. Tradicionalmente, o partido que está na Casa Branca sai derrotado nessas eleições.

Em 2010, os democratas perderam o controle da Câmara na metade do primeiro mandato de Barack Obama. O então presidente chamou aquela eleição de “uma surra”.

Em 2016, Trump e os republicanos obtiveram uma vitória completa: Casa Branca e Congresso. Foi graças a isso que Trump conseguiu aprovar no final de seu primeiro ano de mandato um corte de impostos para cidadãos e empresas. Um ano mais tarde, porém, os republicanos perderiam o controle da Câmara.

Mas nada se compara à derrota sofrida por Bill Clinton nas midterms de 1994. Num evento que ficou conhecido como “revolução republicana”, o presidente democrata viu o Congresso inteiro passar para as mãos da oposição – o que não ocorria havia 40 anos.

O resultado acabou com as chances de aprovação de um plano de reforma completa do sistema de saúde americano – um esforço capitaneado pela então primeira-dama, Hillary Clinton.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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