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Pompeo faz visita controversa à Cisjordânia e ao Golã

Mike Pompeo torna-se o primeiro secretário de Estado dos EUA a viajar a colônia judaica e às colinas disputadas por Istael e Síria. Embaixador palestino em Brasília critica “gesto desesperado” do governo Trump. Damasco condena gesto “provocador”

(crédito: AFP / POOL / Patrick Semansky)

A 62 dias de o presidente Donald Trump deixar a Casa Branca e o poder, o secretário de Estado norte-americano despertou a ira dos palestinos, do governo da Síria e de ativistas que defendem um movimento a favor de boicote econômico, cultural e político a Israel. Mike Pompeo tornou-se o primeiro chefe da diplomacia de Washington a visitar uma colônia israelense encravada na Cisjordânia e as Colinas do Golã, região capturada da Síria, na Guerra dos Seis Dias (1967), e anexada por Israel em 1981. Um forte aparato de segurança marcou a chegada de Pompeo; da mulher, Susan Pompeo; e do ministro das Relações Exteriores israelense, Gabi Ashkenazi, à vinícola Psâgot, no assentamento judaico de mesmo nome, situado na Cisjordânia, entre Jerusalém e Ramallah. “As vinhas dos vinhedos israelenses deste lugar contam uma história de 2 mil anos, a da relação de um povo e sua terra”, declarou a equipe de Pompeo, depois da visita.

Depois de desembarcar de um helicóptero Blackhwak no Monte Bental, situado nas Colinas do Golã, Pompeo fez uma declaração que em nada agradou ao presidente sírio, Bashar Al-Assad. “Não se pode chegar aqui, ver o que está do outro lado da fronteira e negar a parte essencial do que o presidente Trump reconheceu: isso é parte de Israel”, disse. “Imagine o risco que representaria para o Ocidente e para Israel se esse território estivesse sob o controle de Al-Assad”, alfinetou. “A visita de Pompeo é um passo provocador antes do fim do mandato de Trump, e uma flagrante violação da soberania da República Árabe Síria”, reagiu o Ministério das Relações Exteriroes sírio, em nota divulgada pela agência de notícias estatal Sana. “A Síria afirma que tal visita criminosa encoraja (Israel) a continuar com sua perigosa abordagem hostil.”

A presença inédita de um secretário de Estado norte-americano na região seria polêmica por si só. Duas afirmações de Pompeo acirraram os ânimos no Oriente Médio. O enviado de Trump anunciou que o Departamento de Estado classificaram oficialmente de “antissemita” o movimento global Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS, pela sigla em inglês) — uma forma de punir Israel contra a ocupação e a colonização dos territórios palestinos. Pompeo chegou a compará-lo a um câncer”. Depois da ida a Psagot, vizinha do vilarejo palestino de Mukhmas, ele avisou que os Estados Unidos passarão a rotular produtos exportados das colônias da Cisjordânia com a menção “Made in Israel” (“Fabricado em Israel”). “Por um longo tempo, o Departamento de Estado adotou uma visão errada sobre os assentamentos, uma visão que não reconhecia a história deste lugar especial. Em vez disso, agora, o Departamento de Estado dos EUA defende firmemente o reconhecimento de que os assentamentos podem ser feitos de modo que seja lícito, apropriado e adequado, “delarou Pompeo.

“Formidável”

O Correio entrevistou, por telefone, Yaakov Berg, proprietário da vinícola Psâgot e anfitrião de Pompeo. “Eu acho que a importância da visita do secretário de Estado está no fato de que, pela primeira vez, não somos chamados de ladrões de terras. Depois de tantos anos, Mike Pompeo levantou-se e disse, em alto e bom som, que as terras da Samaria e da Judeia pertencem ao povo judeu, por causa da história e da Bíblia”, afirmou. “Por 2 mil anos, temos rezado e esperado pelo dia em que nossa terra será devolvida. Ninguém pode negar. O secretário pôs fim às fake news que o ex-presidente Barack Obama propagou.”

Berg classificou a visita como “formidável”. “O casal Pompeo é formado por pessoas adoráveis, abertas. Creio que ele escolheu a nossa vinícola pelo fato de as pessoas daqui sofrerem com as consequências do movimento BDS e do boicote aos nossos produtos”, comentou. O vincultor israelense rejeita as condenações das nações árabes ao tour de Pompeo. “Para produzirmos vinho, pagamos aos nossos funcionários palestinos três ou quatro vezes mais do que receberuam da Autoridade Palestina. Nós os respeitamos e damos a eles os mesmos direitos dos judeus. Nós, judeus, vivemos em paz com nossos vizinhos palestinos”, assegurou.

Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina em Brasília, criticou a ida de Pompeo ao assentamento judeu de Psagot. “É um gesto de desespero da atual administração norte-americana. Uma corrida contra o tempo para legitimar a ocupação de Israel dos territórios árabes e palestinos”, denunciou o diplomata ao Correio. “O Estado palestino condena energicamente a visita a assentamentos ilegalmente construídos no nosso território. A ocupação e as visitas de pessoas que estão de saída do cenário político não geram legitimidade”, destacou.

Segundo Alzeben, os assentamentos israelenses são desprovidos de legalidade. “Os seus habitantes e seus produtos são contrário ao direito internacional e ao direito legítimo do povo palestino”, afirmou. O embaixador também destacou que o BDS é “um movimento contra a ocupação”. “Confundir a opinião pública com gestos desesperados e com jogos de palavras não muda a realidade”, disse o diplomata.
Em nota oficial à imprensa, o movimento BDS considerou “bastante irônico que o governo Trump, impulsionado pelo regime de apartheid de Israel, continue a permitir e a normalizar a supremacia branca e o antissemitismo nos Estados Unidos e no mundo, enquanto difama o BDS”. “Nós rejeitamos, de forma categórica, todas as formas de racismo, incluindo o racismo antissemita, por uma questão de princípios”, afirma o comunicado.

Vinho “Pompeo” de presente ao visitante

Yaakov Berg, proprietário da vinícola Psâgot, presenteou Mike Pompeo com uma garrafa do vinho blend tinto Psâgot Pompeo, produzido especialmente para o visitante. Fabricado com quatro variedades de uvas — Merlot, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Cabernet Franc —, o vinho traz o rótulo “Produzido na legalidade” e o nome “Jerusalém” abaixo. “Para honrar o secretário de Estado e para mostrar o quanto o amamos, e o quão importante são suas declarações para nós, que moramos nesta região, decidimos em 2019, produzir um vinho especial para ele”, afirmou Berg ao Correio, por telefone. “Enviamos este vinho a quase todas as autoridades de Washington, inclusive congressistas que gostam, ou não, de Pompeo. Ninguém devolveu uma garrafa sequer.”

» Eu acho…

“Israel ocupa os territórios palestinos e árabe, como o Golã e parte do sul do Líbano. Esta situação que acabar, para reconstruirmos a paz no Oriente Médio. O caminho para a paz e a legitimidade é claro e visível: o fim da ocupação e de todas as suas consequências, tanto os assentamentos, quanto os muros; além do estabelecimento do Estado da Palestina, soberano, mediante um processo de negociação garantida por uma conferência internacional.” Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina em Brasília.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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