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Políticas públicas e proximidade podem evitar tragédias como a de Suzano

Proximidade da família, professores e amigos, além de uma nova política pública, ajudam a identificar problemas em jovens antes de atingir extremos

Tiroteio ocorrido na quinta (13), em Suzano, deixou dez mortos em uma escola (Heitor Feitosa/VEJA.com)

São Paulo — As cenas do tiroteio em Suzano são chocantes, mas estão longe de serem consideradas um caso isolado. Na quinta-feira (13), Luiz de Castro e Guilherme Monteiro mataram 8 pessoas e deixaram outras nove feridas. Logo após o massacre, eles se suicidaram.

Para especialistas, esse tipo de tragédia poderia ser evitado. Há sinais que costumam ser emitidos antes das tragédias e que podem ajudar a evitar esses crimes.

Postagens nas redes sociais com citações gratuitas de ódio, por exemplo, devem ser observadas por pais e amigos. Podem ser vistas, mais do que uma opinião extremada, uma espécie de pedido de socorro.

No caso de Suzano, um dos atiradores publicou cerca de trinta fotos em que ele aparecia com uma máscara de caveira, o boné e o relógio utilizados durante o tiroteio. Ele usava a mesma máscara de caveira das fotos quando foi encontrado morto no chão do colégio.

“Existem jovens que não sabem como dar vazão às raivas, aos medos e às repulsas e precisam ter acompanhamento”, diz o professor Helio Deliberador, professor de psicologia da PUC-SP.

Evidentemente que as mudanças na adolescência não podem servir como justificativa para esses massacres. Mas trata-se de um tema que precisa ser discutido por pais, professores e responsáveis pelo dia a dia dos alunos, segundo especialistas.

Políticas públicas

Além da participação de pais e professores, o Estado também precisa fazer a sua parte dando suporte para as escolas fazerem o seu trabalho. Isso é o que defende Telma Vinha, professora na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Essa estrutura, no entanto, não significa colocar armas na mão dos professores ou utilizar de atitudes autoritárias em sala de aula. Segundo Vinha, isso dá resultado apenas no curto prazo.

“É preciso criar e fomentar um ambiente saudável para o jovem dentro da escola. O colégio pode ser um ambiente extremamente hostil para uma criança”, diz.

Sabe aquelas mensagens nas redes sociais que dizem que, antigamente, o “bullying” moldava o caráter? Então, isso não é real e muito menos frescura. Não por acaso, é algo que a Espanha está buscando eliminar do seu cotidiano com política pública.

Desde 2005, as escolas são obrigadas a construir planos de convivência. Basicamente, professores e alunos sentam para falar sobre diversidade cultural, religiosa e racial. Eles são ensinados a respeitar as diferenças e estimulados a falar sobre os seus problemas abertamente.

“É preciso trabalhar na formação desses jovens, para que cresçam como adultos ‘inteiros’. Nesse contato entre alunos e professores podem ser descobertos problemas que evitem essas atitudes extrema”, afirma a professora. “A escola precisa trabalhar de forma complementar com a família desses jovens.”

Psicopatia?

O caso será investigado e não está descartado que os envolvidos possuíssem traços de psicopatia. No entanto, na visão de Deliberador, da PUC-SP, os fatos divulgados até agora sobre o caso não demonstram um traço fundamental para identificar psicopatas: demonstração de arrependimento ou remorso.

“Em tese, pode ser psicopatia. No entanto, o fato deles terem se matado logo depois do ataque, quando já estavam sendo perseguidos pela polícia, mostra que eles se mataram pelo medo de enfrentar as consequências dos atos”, diz o professor.

Segundo ele, a sua opinião não se trata de uma tentativa de vitimização dos atiradores, mas uma forma de chamar a atenção para um perfil que acaba se repetindo em ataques similares ao de Suzano.

Os atiradores possuem o mesmo perfil dos responsáveis por ataques anteriores. Assim como ocorreu em Suzano, casos fatídicos no Brasil como Realengo, em 2011, e no colégio Goyases, em Goiânia, há dois anos, também tiveram como responsáveis homens adolescentes ou no início da fase adulta.

Nos Estados Unidos, a situação é bem similar. Um estudo feito pela publicação Journal of Child and Family Studies, especializada em psicologia da família, mostra que 77% dos responsáveis dos ataques ocorridos por lá eram adolescentes. Todos os crimes analisados pelo estudo foram cometidos por homens.

E por que o detalhe de todos serem homens é importante? Os jovens do sexo masculino não estão sabendo lidar com a fraqueza e com as suas frustrações, segundo professor da PUC-SP.

Prova disso que até em momentos de desespero, acreditam que a saída pela força é a mais adequada. E o ambiente de polarização e violência que o país vive, segundo Deliberador, não ajuda em nada para mudar esse cenário. Nem mesmo o velho pensamento de que homem precisa ser forte e duro o tempo todo.

Fonte Exame

 

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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