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Parlamento Europeu concede prêmio de liberdade de pensamento a opositor de Putin

Alexei Navalny recebeu o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, 12 dias após o jornalista Dmitry Muratov ganhar o Nobel. Adversário do Kremlin cumpre pena de três anos e meio de prisão

Alexei Navalny – (crédito: AFP)

 

A visita dos advogados à Colônia Penal número 2, na região leste de Moscou, sempre às quintas-feiras, terá sabor especial para Alexei Navalny. Hoje, o opositor russo de 45 anos será informado sobre a decisão do Parlamento Europeu de lhe conceder o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, uma honraria que anualmente homenageia indivíduos ou organizações que defendem os direitos humanos e as liberdades fundamentais. É a segunda distinção, em 12 dias, a contemplar adversários do presidente russo, Vladimir Putin. Em 8 de outubro passado, o Comitê Nobel Norueguês escolheu o jornalista Dmitry Muratov — editor-chefe do diário Novaya Gazeta (Moscou) — como um dos laureados com o Nobel da Paz, ao lado da também jornalista filipina Maria Ressa.

“Ele (Navalny) tem feito uma companha sistemática contra o regime de Vladimir Putin. Por meio de seus perfis nas redes sociais e de suas campanhas políticas, Navalny ajudou a expor abusos e a mobilizar o apoio de milhões de pessoas em toda a Rússia. Por isso, ele foi envenenado e jogado na prisão”, declarou David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu. “Ao atribuir o Prêmio Sakharov a Alexei Navalny, reconhecemos a sua imensa bravura e reiteramos o suporte inabalável do Parlamento Europeu à sua imediata libertação”, acrescentou.

Por sua vez, a finlandesa Heidi Hautala, vice-presidente do Europarlamento, chamou Navalny de “defensor pela mudança”. “Ele mostrou grande coragem em suas tentativas de restaurar a liberdade de escolha do povo russo. Por muitos anos, lutou pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais em seu país. Isso lhe custou a liberdade e, por pouco, a vida. Em nome do Parlamento Europeu, apelo à sua libertação imediata e condicional”, afirmou. Hautala exigiu que as autoridades russas cessem “todo tipo de assédio, intimidação e ataques contra a oposição, a sociedade civil e mídia”. Até o fechamento desta edição, o Kremlin não tinha se pronunciado sobre o Prêmio Sakharov deste ano.

Navalny receberá a quantia de 50 mil euros (ou R$ 325 mil) durante sessão especial no hemiciclo do Parlamento Europeu, em 15 de novembro, na cidade de Estrasburgo (França). Não se sabe se Navalany, condenado a três anos e meio de prisão, terá a permissão de Moscou para participar da cerimônia. Em nota publicada no Twitter, a Fundação Anticorrupção (FBK, pela sigla em russo), movimento fundado por Navalny em 2011, afirmou que o Prêmio Sakharov é uma distinção dedicada a “todas as pessoas que não são indiferentes e que, mesmo nos momentos mais obscuros, não temem falar a verdade”. “Todos os dias somos mais e mais de nós. Juntos, venceremos”, escreveu.

Em entrevista ao Correio, o Nobel da Paz Dmitry Muratov (leia Duas perguntas para) saudou a concessão do Prêmio Sakharov para Navalny e disse esperar que o opositor seja libertado em breve. Chefe do Programa de Política Doméstica Russa do Carnegie Endowment for International Peace, sediado em Moscou, Lilia Shevtsova admitiu à reportagem que Navalny merece o prêmio “por sua missão na busca da liberdade e por sua prontidão ao sacrifício”. “A mensagem é mostrar ao mundo que a comunidade internacional aprecia sua agenda”, explicou.

Shevtsova acredita que o fato de dois russos terem sido contemplados com dois prêmios de grande prestígio este ano pode não ter sido intencional. “Mas a comunidade russa considera as duas láureas como uma prova de que parte do mundo centra as atenções sobre o que ocorre na Rússia”, comentou. Para a especialista, o Prêmio Sakharov confirma que a comunidade internacional apoia a agenda da liberdade na Rússia. “O futuro do meu país dependerá dos acontecimentos na Rússia e da prontidão da sociedade russa em lutar pela liberdade. No momento, porém, o sistema de Putin é bastante estável”, afirmou.

Além de Navalny, disputavam a edição deste ano do Prêmio Sakharov a ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez e a Comissão Afegã Independente de Direitos Humanos — um grupo de mulheres liderado por Shaharzad Akbar.

» Duas perguntas para

Dmitry Muratov, editor-chefe do diário russo Novaya Gazeta (Moscou), laureado com o Prêmio Nobel da Paz, em 8 de outubro

Qual é a mensagem do Prêmio Sakharov para Alexei Navalny?

O Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento não é outorgado para homenagear um conjunto de méritos, mas pelo valor e pelos princípios de uma personalidade. Entre os premiados no passado, estão Nelson Mandela (ex-presidente da África do Sul e líder contra o apartheid), em 1988, e Sergei Adamovich Kovalyov (ativista dos direitos humanos), em 2009. Pessoas como Mandela, Kovalyov e Navalny vão para a prisão por suas convicções, sem serem poupadas.

Como vê os prêmios Nobel e Sakharov para o senhor e para Navalny no mesmo ano?

No caso de Navalny, vejo o reconhecimento, por parte do mundo, do valor da atividade política alternativa e da oposição como normal do mundo contemporâneo. Em relação a mim, acho que é uma pergunta a ser feita para o Comitê Nobel. Desejo a Alexei Anatolyevich Navalny um rápido retorno para a sua família e seus amigos. (RC)

» Moscou recebe delegação talibã

A Rússia pediu, ontem, para trabalhar com o novo governo talibã no Afeganistão, com o objetivo de garantir a “estabilidade” da região. O Kremlin teme a atividade de grupos jihadistas e o risco de uma grave crise humanitária. A preocupação foi partilhada pela China e pelo Irã. Uma delegação do Talibã está em Moscou para as primeiras negociações internacionais desde que o grupo assumiu o poder, em 15 de agosto passado. Em declaração conjunta, os países participantes expressaram sua vontade de cooperar com o regime talibã em questões de segurança para “contribuir para a estabilidade regional”, dada a ameaça de “organizações terroristas” que pesa sobre o novo regime em Cabul.

Mundo

Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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