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Paraguaio diz que suplente do PSL usou nome de Bolsonaro para acordo

É a segunda vez que o nome de Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio, surge em meio às investigações; ele nega ter mencionado Bolsonaro

Itaipu: suplente de Olímpio citou família Bolsonaro em depoimento em CPI criada para investigar venda de energia (Stringer/Reuters)

O engenheiro Pedro Ferreira, ex-presidente da Ande (a estatal de energia do Paraguai) disse, em depoimento à CPI criada para investigar a venda de energia de Itaipu, que o empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), citou o nome da família Bolsonaro em uma reunião entre representantes da Léros e da estatal.

É a segunda vez que o nome de Giordano surge em meio às investigações. Em agosto, o advogado José “Joselo” Rodríguez, que se apresentava como assessor jurídico da vice-presidência do país vizinho, disse ter ouvido Giordano usar o nome da família Bolsonaro. Na CPI, no entanto, o advogado recuou.

De acordo com o senador Eusebio Ramon Ayala, presidente da comissão, o depoimento de Ferreira trouxe novos dados sobre a posição da Léros para negociar no Brasil a energia paraguaia. “O engenheiro trouxe dados mais precisos sobre a possibilidade de a Léros obter autorização (do governo brasileiro) para vender energia no Brasil”, disse o senador.

Segundo Pedro Ferreira, o encontro entre representantes da Léros e da Ande aconteceu no dia 10 de maio em Ciudad del Este, um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro ter ido à tríplice fronteira para a cerimônia de início das obras da Ponte da Integração, ao lado do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez.

Ainda segundo o relato do ex-presidente da Ande, Giordano se apresentou como “representante eleito do governo brasileiro” e disse que tinha influência suficiente para conseguir uma autorização para comercializar a energia excedente do Paraguai no mercado brasileiro. “Ele se apresentou como representante eleito do governo. Disse que poderia conseguir a permissão, porque era bem relacionado”, afirmou Ferreira.

O engenheiro disse que foi informado diretamente pelo presidente Abdo Benítez sobre o interesse da Léros em comercializar a energia paraguaia numa reunião da qual também participaram o vice-presidente, Hugo Rodríguez, e o ministro da Fazenda, Benigno López, no palácio do governo, em Assunção, algumas semanas antes da reunião. “Já estavam falando que havia pessoas muito bem conectadas que viriam (à tríplice fronteira) com o presidente Bolsonaro no dia 10 de maio”, afirmou Ferreira no depoimento.

Os nomes do suplente de senador e dos empresários não constam na lista da comitiva presidencial. Embora tenha previsão tanto no tratado binacional para construção de Itaipu quanto em acordos posteriores, a possibilidade de empresas privadas venderem energia da usina no Brasil nunca foi regulamentada e depende de atos administrativos do governo.

Ferreira disse à CPI que no palácio do governo ficou combinado que ele e o vice-presidente receberiam os representantes da empresa brasileira em Ciudad del Este, no dia 9, mesmo da visita do presidente Bolsonaro. O engenheiro, no entanto, foi informado em cima da hora e só pôde ir no dia seguinte, levando ao adiamento do encontro.

A viagem na qual lançou a pedra fundamental da Ponte da Integração foi a segunda de Bolsonaro à tríplice fronteira desde que assumiu o cargo. Antes, ele foi à posse de Joaquim da Silva e Luna como presidente de Itaipu, no dia 27 de fevereiro. Um dia depois, Giordano esteve no Palácio do Planalto.

De acordo com o ex-presidente da Ande, além de Giordano, participaram do encontro outros dois representantes da Léros. Um deles, segundo o empresário, era Adriano Rosa, dono da Léros. O outro, segundo Ferreira, se chama “Koc”, possivelmente Nicolás Martins Koc Pinto, segundo integrantes da investigação.

Ferreira disse que Giordano mencionou Bolsonaro durante a reunião. “(Giordano) voltou a mencionar o nome Bolsonaro na frente de todos. Não entendi muito bem de qual Bolsonaro ele falava, mas depois, conversando entre nós (da Ande) entendemos que era um dos filhos”, disse o engenheiro.

Ligação

Giordano sublocou uma sala comercial no prédio onde fica seu escritório, em Santana (zona norte de São Paulo), para ser a sede do diretório estadual do PSL, cujo presidente é o deputado Eduardo Bolsonaro. Segundo o ex-presidente da Ande, Giordano chegou a apresentar uma credencial de identificação e, em momento algum, disse que era representante da Léros. O crachá era branco com a marca impressa em verde, mas o engenheiro não conseguiu ler o que estava escrito. “Ele (Giordano) mostrou fora do meu campo de visão”, disse Ferreira.

O suplente negou ter usado o nome de Bolsonaro e disse que foi ao Paraguai na qualidade de empresário interessado em comercializar a energia excedente de Itaipu no Brasil. Ele disse ter desistido do negócio posteriormente. “Não falei nada disso. Jamais. É o contrário. Quanto menos eu falar sobre política mais tenho sucesso (nos negócios)”, disse Giordano.

A Léros é um dos focos da investigação que corre no Congresso paraguaio. A CPI investiga irregularidades na assinatura da ata bilateral firmada entre Brasil e Paraguai para comercialização da energia excedente de Itaipu. Um dos pontos contestados é a exclusão do acordo do item 6, que dava à Ande o monopólio para venda de energia paraguaia no Brasil.

O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse nesta terça-feira, dia 1º, que o Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos princípios da autodeterminação dos povos e da não intervenção. “Os ministros das Relações Exteriores, das Minas e Energia e o diretor-geral de Itaipu tem atualizado Bolsonaro”, disse. Segundo ele, o governo continua dialogando com o Paraguai para encontrar soluções para corrigir o desequilíbrio em relação à contratação de energia produzida.

 

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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