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Para impedir produtos ilegais, presídio vive ”guerra de drones” em MG

Agentes de segurança foram treinados para interceptar aparelhos que tentam levar drogas, armas e celulares para presos

(foto: PMMG/Divulgação)

Criminosos tentam de diferentes formas entrar com materiais ilícitos em cadeias. Escondidos em chinelo, em alimentos ou, até mesmo, dentro do próprio corpo. Agora, a tecnologia também está sendo usada. Os muros das penitenciárias não estão mais servindo de barreiras, já que drones têm sobrevoado as unidades. Somente neste ano, a média foi de uma aeronave não tripulada interceptada por mês entre janeiro e julho. Uma verdadeira batalha aérea está por vir. Na tentativa de impedir os voos clandestinos nas unidades prisionais, agentes de segurança penitenciários receberam o curso de operador de aeronaves remotamente pilotadas. As ações serão colocadas em prática no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, um dos principais de Minas. Lá, os aparelhos poderão ser usados durante o dia e a noite, já que contam com tecnologia de visão noturna.
O reforço na segurança contrasta com o caos que tomou conta do sistema carcerário de Minas Gerais. Relatório do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) mostra que a superlotação carcerária está presente em mais de 90% das unidades prisionais do estado. O déficit de vagas supera as 34 mil. Junto a isso, está a proibição de alguns presídios de receber presos. Até o fim de julho, mais de 44% das unidades estavam total ou parcialmente interditadas. Somente na Região Metropolitana de Belo Horizonte, 13 unidades estão nessa situação. Entre elas, o Complexo Penitenciário Nelson Hungria.
Registros de tentativa de fuga e entrada de drogas e armas nas unidades prisionais são constantes. Mas, cada vez mais, os criminosos têm usado a criatividade para tentar acessar os muros das penitenciárias. Entre as ações está o uso da tecnologia. Nos primeiros sete meses de 2019, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) interceptou seis drones sobre presídios. Os detalhes das intervenções não foram divulgados, por razões de segurança.
Em 29 de dezembro, em Ipaba, no Vale do Rio Doce, um agente penitenciário abateu drone. Celulares, uma pequena quantidade de maconha e uma serra foram apreendidos. Ninguém foi preso. Em agosto de 2017, um aparelho sobrevoou os pavilhões da Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga, em Uberlândia, no Triângulo, com celulares e carregadores. Ele também acabou interceptado.

Curso de capacitação

Para tentar evitar que voos clandestinos sejam realizados sobre unidades prisionais, quatro agentes penitenciários fizeram um curso de operador de aeronaves remotamente pilotadas, oferecido pelo Comando de Aviação do Estado, da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Foram 21 dias de treinamento. De início, as ações serão realizadas somente na Penitenciária Nelson Hungria, mas poderá ser expandido para outras unidades. “Foi uma iniciativa da própria direção da unidade, visto que o CPNH recebeu da Vara de Execuções Penais de Contagem um drone, por meio de doação. Até o momento, a utilização do equipamento para auxiliar nos procedimentos de segurança se restringe apenas a essa penitenciária e ainda não houve necessidade do uso”, explicou a Sejusp.
O drone vai complementar as ações de segurança terrestre. Os voos com o aparelho poderão ser realizados de dia ou à noite, já que o equipamento tem tecnologia de visão noturna. Os agentes poderão acompanhar as imagens captadas em tempo real por meio de um tablet ou celular. A câmera da aeronave não tripulada tem sensores que conseguem captar calor. Com isso, cria uma representação visível da temperatura de um objeto ou pessoa, mesmo a distância. Os voos são realizados em equipe de no mínimo duas pessoas, sendo um operador e um observador, que repassa informações de obstáculos no caminho e a trajetória dos drones ilegais.
O reforço na segurança vem no momento em que Minas Gerais passa por uma crise no sistema penitenciário. O que ficou evidenciado no relatório final do mutirão carcerário do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A superlotação foi apontada em mais de 90% das unidades prisionais e o déficit de vagas passa de 34 mil. Em Minas Gerais, são 21.658 presos provisórios (aqueles que ainda não foram condenados ou que recorrem em instâncias superiores) e outros 52.626 cumprindo pena. Os números apontam que, em regime fechado, estão 31.686 pessoas.
Destas, 3.621 estão com requisitos objetivos para progressão de pena e 665 para livramento condicional; no semiaberto, são 18.559; e no regime aberto, 1.764, o que totaliza os 52.626 presos em cumprimento de pena. Dos 21.658 presos provisórios, 945 são do sexo feminino, 3.499 estão presos há mais de um ano, 4.659 há mais de seis meses e menos de um ano, e 6.051 presos há mais de três meses e menos de seis meses.
A superlotação acarreta outro entrave. A interdição de unidades prisionais. Até o fim de julho, 44,6% das prisões mineiras estavam total ou parcialmente interditadas – ou seja, não podem mais receber internos. Uma das últimas interdições aconteceu na Penitenciária Nelson Hungria. Os reflexos desse quadro vão muito além dos problemas por trás das grades, atingindo, fora dos muros das penitenciárias, os trabalhos das polícias Civil e Militar e dos advogados da área criminal, principalmente. Isso sem mencionar os direitos dos detentos e de seus parentes, violados diante da superlotação e da precariedade.
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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

Por

Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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