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Mundo

Os muros estão de volta 30 anos depois de Berlim

Mas 30 anos depois, os muros e grades estão cada vez mais presentes em todo o planeta com temores relacionados à globalização

O traçado de 160 quilômetros do Muro de Berlim se transformou hoje em dia em um local de passeio bucólico
(foto: Hans Peter Merten/DZT)

A queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989, com milhares de alemães orientais celebrando a destruição da muralha de concreto, gerou previsões do “fim da história” e a chegada de um mundo sem fronteiras.

Mas 30 anos depois, os muros e grades estão cada vez mais presentes em todo o planeta com temores relacionados à globalização, prometendo soluções de segurança e retomada de identidade, consideram analistas.
“Se quem acompanhou o fim da Guerra Fria observa o que se passa hoje, verá que mudou por completo o paradigma”, diz Elisabeth Vallet, pesquisadora da Universidade Quebec de Montreal e especialista em muros de fronteiras.

40.000 km

O traçado de 160 quilômetros do Muro de Berlim se transformou hoje em dia em um local de passeio bucólico muito apreciado por corredores e ciclistas.
Em outros lugares acontece o mesmo: atualmente “estamos seguros de que existe o equivalente à circunferência terrestre, ou seja, 40.000 quilômetros no sentido literal”, diz Vallet. Esse número teve um forte aumento em 20 anos, e corresponde a “71 muros”, definidos como estruturas presas ao solo que não se pode cruzar.
A maioria está no continente asiático, ao redor da Índia, China e Coreia, mas também no Oriente Médio. Foram construídos também na Europa Central, Hungria e Bulgária, além dos Estados Unidos, para tentar conter a chegada de migrantes.
Paralelamente, também há um movimento de retomada dos sistemas democráticos no mundo.
Há 30 anos, na Europa, com o fim da Cortina de Ferro, “as pessoas estavam felizes em ver que era possível derrubar fronteiras que pareciam eternas. Hoje em dia voltou uma época de construção de muros para criar temores e divisões”, lamenta Nick Buxton, do Instituto Transnacional, um centro de pesquisas que publicou um relatório sobre o tema ano passado.

Globalização

Os especialistas tentam explicar o retorno dos muros. “No início dos anos 2000, a hipótese era que os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos eram a explicação”, diante da ameaça jihadista, explica Vallet.
Atualmente, a ideia mais aceita é dos efeitos da globalização. Com uma necessidade para parte da opinião pública de recuperar a soberania nacional em um mundo que parece aberto para tudo.
As fronteiras “nunca teriam desaparecido, exceto em nossos mapas mentais de viajantes europeus”, diz o geógrafo francês e ex-embaixador Michel Foucher em seu livro “O retorno das fronteiras”.
“Abolir as fronteiras é fazer desaparecer os Estados, um mundo sem fronteiras é um mundo bárbaro”, estima. O pastor Joachim Gauck, que participou da revolução de 1989 na República Democrática Alemã antes de se tornar presidente da Alemanha unificada, considera hoje que os governos devem impor “formas de limitação” para “aliviar os temores da população”.
“A globalização gerou um movimento de abertura e um movimento de encerramento”, diz Vallet, severa diante dos partidários da livre circulação total.

Erro

“Um dos erros foi postular que as fronteiras, as soberanias, iam desaparecer, o que não é o caso”, afirma.
“Isto tem gerado uma forte reação que se apoia no populismo”: nos Estados Unidos com o “muro” do presidente Donald Trump entre EUA e México, e na Itália com a fronteira marítima defendida pelo líder da extrema-direita, Matteo Salvini, no Mediterrâneo, diz.
O Brexit também está dentro dessa tendência.

Porque, como resume o cientista político alemão Wolfgang Merkel, o verdadeiro “muro” mundial atualmente é o que separa os cidadãos “cosmopolitas”, beneficiários da globalização, dos “comunitaristas” que têm medo ou sofrem com ela.
Essa evolução também preocupa alguns alemães que viveram na RDA comunista, como Karsten Brensing.
Em 1989, antes da queda do Muro de Berlim, Brensing, com 21 anos, conseguiu cruzar a Cortina de Ferro, arriscando sua vida. “Somos a última geração (de alemães) que cresceu em uma ditadura, somos testemunhas da história e é realmente terrível ver que as pessoas pedem de novo para fechar as fronteiras”, diz.

Mundo

Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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