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Ocidente quer sanções e expulsão russa do conselho de segurança da ONU

A reunião foi convocada após as imagens de cadáveres nas ruas de Bucha, nos arredores de Kiev. Novas sanções contra a Rússia também são estudadas

Conselho de segurança da ONU: reuniões nesta semana debatem possíveis “crimes de guerra” da Rússia na região de Kiev (Getty Images/David Dee Delgado)

 

As imagens de destruição e cadáveres encontradas em Bucha, na Ucrânia, seguirão sendo centro do debate nesta terça-feira, 5, em meio a reuniões e possíveis novas sanções estudadas contra a Rússia – incluindo no setor de energia.

Nesta terça-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) tem reunião convocada em que os países membros devem discutir a eventual classificação dos ocorridos como “crime de guerra” e possíveis punições.

A reunião foi convocada pelo Reino Unido, atual presidente rotativo do conselho, após as imagens de cadáveres nas ruas de Bucha começarem a aparecer no fim de semana.

A Rússia tentou convocar uma outra reunião para esta segunda-feira, 4, para discutir o que chamou de “provocações” da Ucrânia e imagens falsas dos cadáveres em Bucha, mas o pedido não foi acatado.

Eventuais decisões tomadas no conselho podem ser barradas pela Rússia, no entanto, pelo fato de o país ser membro permanente (uma decisão do período pós-Segunda Guerra, ainda relativo à antiga União Soviética). Os membros permanentes são Rússia, EUA, China, França e Reino Unido.

Os EUA também têm defendido a retirada da cadeira permanente da Rússia do Conselho de Segurança, outro tema que deve aparecer hoje.

A Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, a chilena Michelle Bachelet, disse que as imagens de Bucha indicam “possíveis crimes de guerra”.

O prefeito de Bucha, Anatoliy Fedoruk, disse que os cadáveres encontrados indicam que houve estupro de mulheres e violações de direitos humanos contra civis. Há imagens de civis com as mãos amarradas atrás do corpo antes de serem aparentemente baleados, segundo reportaram jornalistas independentes, embora não seja possível confirmar de forma independente os responsáveis pelas mortes.

A Rússia nega os ataques contra civis e diz que as imagens são encenação fabricada pelo governo ucraniano para pedir mais armas ao Ocidente.

A região metropolitana de Kiev, em locais como Irpin, Bucha e Hostomel, foi retomada pelas forças ucranianas na última semana.

“Todos os dias, quando nossos combatentes entram e recuperam um território, eles veem o que acontece”, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que também discursará na ONU nesta terça-feira. Zelensky disse que as evidências encontradas na região de Kiev mostram que a Rússia cometeu “genocídio” contra ucranianos.

Novas sanções

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, também disse nesta segunda-feira, 4, que os Estados Unidos e seus aliados irão anunciar “esta semana” novas sanções econômicas contra a Rússia.

Segundo ele, estudam-se possíveis medidas “relacionadas à energia”, um tema delicado para os europeus, muito dependentes do gás russo.

A União Europeia (UE) também começou a debater “em caráter de urgência” nesta segunda-feira uma nova rodada de sanções, segundo afirmou o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell.

O presidente francês, Emmanuel Macron, falou nesta segunda-feira de sanções individuais e medidas contra “o carvão e o petróleo”, mas não mencionou a compra de gás, um tema que divide os países europeus.

Josep Borrell em reunião do Conselho de Relações Exteriores da UE, em 21 de março de 2022: sanções no setor energético seguem dividindo opiniões (AFP/AFP)

O chanceler alemão, Olaf Scholz, também pediu novas sanções no domingo, depois de qualificar de “crimes de guerra” o assassinato de civis em Bucha.

No entanto, a Alemanha continua rejeitando as sanções que visam o setor de gás russo. “Temos que considerar sanções rígidas, mas em curto prazo o fornecimento de gás russo não é substituível” e cortá-lo “nos prejudicaria mais do que à Rússia”, disse o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, antes de uma reunião com seus colegas da UE em Luxemburgo.

Ainda nesta semana, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, estará em Bruxelas na quarta e quinta-feira para uma reunião de ministros das Relações Exteriores dos países da Otan, aliança militar das potências do Ocidente e que inclui os principais países europeus.

Foco russo no leste

A área nos arredores de Kiev onde foram encontrados os corpos foi uma das primeiras atacadas pelo exército russo no início da guerra, em 24 de fevereiro. Apesar da conquista das cidades, as tropas da Rússia não conseguiram novos avanços em mais de um mês de guerra e não conquistaram efetivamente a capital Kiev.

Assim, as tropas se retiraram da região da capital na semana passada e esforços estão agora concentrados no leste (próximo da fronteira com a Rússia) e partes do sul da Ucrânia.

O governador de Luhansk pelo lado ucraniano, Sergii Gaiday, disse nesta segunda-feira, 4, que a Rússia prepara “um ataque maciço” no leste.

“Temos visto equipamentos vindos de diferentes direções, que eles [os russos] estão trazendo homens, que estão trazendo combustível […]. Entendemos que eles estão se preparando para um ataque maciço”, disse o governador de Luhansk em uma mensagem de vídeo.

Militares ucrânianos guardam posição no front na região de Luhansk, no leste do país, em 2 de março de 2022: ofensiva russa no leste (AFP/AFP)

O governador pediu que civis saiam de suas casas. “Não hesitem, por favor. Hoje, mil pessoas foram evacuadas. Por favor, não esperem que suas casas sejam bombardeadas”, pediu.

Há duas narrativas sobre a estratégia russa no leste. O governo russo afirma que o objetivo sempre foi “libertar Donbas”, região separatista no leste. Por esta lógica, o argumento é de que os ataques a Kiev serviram apenas para separar as tropas ucranianas enquanto russos conquistavam mais partes do leste.

Já Sullivan disse nesta segunda-feira que a Rússia “tentou subjugar toda a Ucrânia e falhou”, e que essa falha é o motivo da desistência em Kiev.

“Agora, [a Rússia] tentará subjugar partes do país”, disse o conselheiro americano, estimando que esta nova fase da ofensiva militar “pode durar meses ou mais”.

Um dos principais alvos é a cidade de Mariupol, que vem sendo alvo de ataques frequentes e onde mais de 100 mil moradores estão cercados, quase sem água e comida. 

Mariupol é estratégica por seu importante porto e por sua localização entre territórios já dominados ou sob influência russa, como a Crimeia (anexada em 2014, ao sul) e as repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk, que estão em guerra civil com o governo ucraniano desde 2014 e têm apoio russo.

(Com AFP)

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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