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O que mudou depois do 11 de setembro? Relembre o ataque 19 anos depois

Do endurecimento da segurança nos EUA às guerras no Oriente Médio e novas relações globais, o atentado de 11 de setembro mudaria para sempre o século 21

George W. Bush: o republicano era o presidente americano quando aconteceram os atentados de 11 de setembro (David Hume Kennerly/Getty Images)

Um dos episódios que mudou o século completa 19 anos nesta sexta-feira, 11. Os ataques de 11 de setembro de 2001, que mataram quase 3.000 pessoas nos Estados Unidos, desencadearam a “Guerra ao Terror” do governo americano e mudaram a conjuntura geopolítica mundial.

Naquele dia, quatro voos comerciais que rumavam em direção aos Estados Unidos foram sequestradas por 19 membros da organização terrorista Al-Qaeda.

Os sequestradores fizeram propositalmente dois dos aviões colidirem com as chamadas Torres Gêmeas, no complexo empresarial World Trade Center. O alvo, a região de Wall Street em Nova York, é o centro do capitalismo financeiro e as cenas até hoje chocam o mundo. O impacto matou todos os passageiros a bordo e muitos dos trabalhadores dos edifícios. Os prédios desmoronaram horas depois, destruindo parte da vizinhança e fazendo novas vítimas.

World Trade Center em chamas após ataque: dois dos quatro aviões sequestrados foram lançados contra as Torres Gêmeas (Spencer Platt/Getty Images)

O terceiro avião foi lançado contra o Pentágono, sede da defesa dos Estados Unidos, no estado da Virgínia. Por fim, o quarto avião foi palco de uma das muitas cenas de heróis anônimos da tragédia: o avião caiu em um campo aberto em Shanksville, na Pensilvânia, depois que alguns de seus passageiros e tripulantes tentaram tomar o controle da aeronave.

Não houve sobreviventes, mas a resistência fez com que o avião, que se dirigia para Washington D.C., não fizesse ainda mais vítimas civis.

A Guerra ao Terror no Oriente Médio

Os EUA eram então governados pelo presidente americano George W. Bush, eleito no ano anterior, em 2000, em uma acirrada eleição com o democrata Al Gore — que incluiu uma contagem de votos polêmica na Flórida e que até hoje é questionada.

O atentado evidenciou pela primeira vez a vulnerabilidade da maior potência militar do mundo em seu próprio território. A resposta dos EUA e a busca pelos culpados da tragédia levou o país à invasão do Afeganistão, em 2001, e do Iraque, em 2003, dois países acusados de apoiarem o Al-Qaeda.

No Afeganistão, o objetivo era derrubar o Talibã, acusado de ajudar a esconder líderes da Al-Qaeda. O principal era Osama Bin Laden, líder do grupo terrorista e acusado de ser mentor do 11 de setembro. Bin Laden terminaria sendo capturado por um comando americano em 1º de maio de 2011, em uma região montanhosa perto de Islamabad, capital do Paquistão. Horas depois, o presidente Barack Obama fez um pronunciamento na Casa Branca anunciando que Bin Laden havia sido morto com um tiro na cabeça.

No Iraque, uma coalizão entre os EUA e o Reino Unido invadiu o Iraque em 2003 para depor o governo do ditador Saddam Hussein, que estava no poder desde 1979. Hussein, que era sunita, foi condenado em 2006 pelo assassinato de xiitas, grupo rival muçulmano, e executado por enforcamento no mesmo ano.

Soldados americanos em Bagdá, em 2008: algumas tropas americanas permanecem no Iraque (Chris Hondros/Getty Images)

Ao longo dos anos seguintes, a Al-Qaeda divulgou comunicados, vídeos e áudios sobre o atentado. Em 2002, foi divulgada uma “carta ao povo americano” supostamente escrita por Bin Laden, na qual ele cita os motivos que o levaram a organizar o atentado. O terrorista cita alguns dos pontos que tornaram sensível a relação americana com o mundo árabe, como a presença americana na Arábia Saudita (aliados de longa data do governo americano) e o apoio a Israel.

Outra desavença na época eram as sanções dos Estados Unidos ao Iraque. “Vocês deixaram famintos os muçulmanos do Iraque, onde crianças morrem todos os dias. É uma maravilha que mais de 1,5 milhão de crianças iraquianas morreram como resultado de suas sanções, e vocês não mostraram preocupação. Mas, quando 3.000 do seu povo morrem, o mundo inteiro se levanta”, diz a carta.

A política pós-11 de setembro

A região do World Trade Center em Nova York guarda hoje um memorial em homenagem às vítimas do 11 de setembro — uma das dezenas de espaços construídos ao redor do país. Mas o impacto do episódio nos Estados Unidos foi além dos memoriais em pedras e das lembranças de quem assistiu à tragédia.

Os reflexos do 11 de setembro são vistos em todos os lados do espectro político americano, tanto no Partido Republicano quanto no Democrata. De Bush a Obama, as duas décadas que se seguiram ao atentado impactaram a política dos EUA e a segurança global.

Além da intensificação das guerras no Oriente Médio, uma das mudanças mais bruscas foi na inteligência americana. Depois dos atentados, o presidente George W. Bush assinou o USA Patriot Act (ou a “Lei Patriótica”). O decreto permitia que a inteligência interceptasse comunicações de pessoas supostamente envolvidas com terrorismo sem autorização judicial.

Os reflexos das medidas do 11 de setembro perdurariam por muitos anos: o presidente Barack Obama extendeu o Patriot Act em 2011 até 2015. Depois, o Congresso o substituiu pelo USA Freedom Act, que impõe algumas restrições ao manuseamento dos dados.

Esse tipo de super poder das agências de inteligência — como o FBI e a NSA — foi criticado na última década por ativistas.

Foi também o estopim para casos como o do whistleblower Edward Snowden, que em 2013 vazou documentos da NSA mostrando que os EUA vinham espionando cidadãos e até governos aliados, incluindo o Brasil.Ainda assim, há entre um campo progressista uma visão questionadora sobre as invasões americanas a países do Oriente Médio, enquanto o Exército e as próprias agências de inteligência defendem as medidas como necessárias para conter o terrorismo. Em resposta às críticas, um antigo assessor de Bush, Karl Rove, chegou a dizer que “muitos democratas têm uma visão do mundo pré-11 de setembro” e não entendem a gravidade da situação.

Biden e Mike Pence, vice de Trump, em evento do 11 de setembro em Nova York: o atentado gerou cicatrizes nos dois lados políticos (Amr Alfiky – Pool/Getty Images)

No governo do presidente Donald Trump, no poder desde 2016, os embates com o mundo árabe seguem sendo frequentes. Um dos episódios mais controversos do presidente foram as declarações de que pretendia mudar a embaixada americana em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém (cidade que é sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos e que palestinos alegam não poder ser vista somente como território de Israel).

Nesta sexta-feira, 11, Trump deve participar de eventos em homenagem às vítimas da tragédia em 2001, assim como seu rival nas eleições presidenciais de novembro, o democrata Joe Biden — que também foi por oito anos vice-presidente na gestão de Barack Obama e acompanhou de perto as respostas americanas nos últimos anos.

Para alguns especialistas, as decisões americanas que se seguiram ao atentado, de democratas a republicanos, ajudaram a acentuar o embate entre os americanos, o Ocidente e o mundo árabe. Apesar das incursões ocidentais em países do Oriente Médio, até hoje nações como Iraque e Afeganistão vivem uma conjuntura política conturbada.

O mundo também vivenciou uma série de outros atentados desde então, sobretudo alguns episódios na Europa, além do surgimento do grupo terrorista Estado Islâmico. O EI cresceu sobretudo em meio às novas guerras no Oriente Médio, como a guerra civil na Síria, que já perdura desde 2011.

Richard Fadden, que foi conselheiro de segurança do governo do Canadá e serviu inclusive no período do 11 de setembro, resume: “antes do 11 de setembro, com certeza, havia preocupações sobre terrorismo. Mas o mundo mudou na sua essência.”

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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