Economia
O que está acontecendo com o mercado editorial em cinco perguntas
As duas principais livrarias do Brasil pediram ajuda à Justiça para sobreviver e penaram para conseguir reabastecer suas lojas para o Natal
Livraria Cultura atrasa e depois suspende seus pagamentos. Fecha as duas lojas que tinha no Rio, outra no Recife. Fecha todas as lojas da Fnac no Brasil – pouco mais de um ano antes, ela assumiu a operação da rede francesa e o dinheiro recebido para encerrar as atividades dela no País, acreditaram editores, poderia ser usado para quitar parte das dívidas. Mas não.
Saraiva, na mesma situação da Cultura, atrasa, suspende, fecha 19 livrarias na última segunda-feira de outubro, cinco dias depois de a Cultura entrar com pedido de recuperação judicial. Os rumores de que a maior rede do País, até outubro com cerca de 100 lojas, iria pelo mesmo caminho, começou a rondar o mercado editorial. E foi o que aconteceu.
Em pouco mais de um mês, as duas principais livrarias do Brasil pediram à Justiça ajuda para sobreviver – e sofreram mais um pouco para conseguir reabastecer suas lojas para o Natal (Saraiva ainda ofereceu pagamento à vista; Cultura pediu consignação; ou seja, mais crédito).
“O negócio do livro não vai voltar a ser como era há 10, 20, 50 anos independentemente do quão forte o livro impresso seja”, diz o consultor americano Mike Shatzkin. Ele completa: “A maioria dos títulos disponíveis nas grandes lojas não são vendidos com lucro; eles estão lá para gerar tráfego. Mas, na era digital, isso não funciona mais”. O futuro da livraria pequena e média, para ele, passa pela existência de uma estrutura atacadista que simplifique a vida dos livreiros. E pela aceitação de um negócio menos lucrativo.
Shatzkin é um dos especialistas ouvidos pela reportagem na tentativa de responder a perguntas que mobilizam o setor e leitores no momento: O que está acontecendo com as livrarias? O que vai acontecer com as editoras? O audiolivro pode vingar? Afinal, o brasileiro lê e compra livro? E o que o mercado internacional pode ensinar?
A livraria do passado, presente e futuro em fase de reavaliação
Depois de anos investindo em grandes lojas que ofereciam não apenas livros, mas televisão, telefone, games, DVDs, CDs, lápis e caderno, a conta chegou para as duas principais redes de livrarias do Brasil – a Saraiva e a Cultura. Com uma dívida cada vez mais alta e sem credibilidade perante os editores, elas entraram com pedido de recuperação judicial entre outubro e novembro.
O que vai acontecer num futuro próximo ninguém é capaz de prever. Se não conseguirem cumprir com o plano de recuperação, elas quebram, deixando para trás R$ 365 milhões em dívidas apenas com as editoras, que perdem também dois grandes clientes. Sem contar que isso representaria o fechamento de quase 100 livrarias no Brasil – hoje, são cerca de 2.500 (em 2012, eram 3.481; 20 mil é o número ideal para a Unesco).
Havia esperança de que a Casa Civil gostasse do projeto lei do preço fixo, que limitaria o desconto dado a lançamentos por um determinado período – isso não resolveria a atual crise, mas colocaria as livrarias independentes no jogo. Mas ele foi rejeitado agora e as entidades do livro terão que começar a conversa do zero com o novo governo.
As pequenas livrarias vêm sofrendo nos últimos anos com a hiperconcentração do varejo, algo do qual as editoras, por sua política de desconto, também são responsáveis. “A atual crise não é só das grandes. Trata-se de um processo iniciado nos anos 1980 que conjuga a tendência econômica à hiperconcentração com o advento das novas tecnologias e as modalidades de consumo delas decorrentes”, diz Bernardo Gurbanov, presidente da Associação Nacional de Livrarias.
Como sair dessa? “Temos que voltar à origem – fazer o simples, o feijão com arroz na administração do negócio -, e repensar a comunicação com o cliente. Uma livraria pequena precisa se diferenciar mais do que nunca. Ela nunca poderá concorrer em preço com o comércio online. E ninguém vai comprar na livraria do bairro porque é amigo do dono. Vai comprar onde mais o convier”, responde.
A Saraiva está tentando voltar à origem. Em comunicado, disse à reportagem que “passa a se centrar na categoria de livros, que é e sempre será sua principal área de atuação”. Segue vendendo outras coisas, mas no site.
Um cenário desolador, que coloca em xeque o modelo de negócio e faz pensar em alternativas para o futuro, mas que tem boas notícias também. A Martins Fontes Paulista, focada em livro, registrou até a véspera do Natal crescimento de 56% no faturamento em relação ao mesmo período de 2017. Alexandre Martins Fontes, que sempre teve a Cultura do Conjunto Nacional como modelo, diz que “uma livraria física deve oferecer tudo aquilo que uma livraria virtual não oferece: atendimento personalizado, ambiente aconchegante, eventos culturais, café, etc.”. A Travessa, do Rio, chega a SP e a Lisboa em 2019. E a Leitura se espalha pelo interior do Brasil, aeroportos e rodoviárias.
Uma tragédia anunciada e o que a crise pode ensinar
Com a crise da Saraiva e da Cultura, as editoras enxugaram os lançamentos de 2018 e 2019, diminuíram as tiragens, demitiram. Por causa da recuperação judicial das duas, a Companhia das Letras começa o ano com menos R$ 26 milhões na conta. A Record, com menos R$ 22 milhões e a Sextante, com menos R$ 18 milhões. Vai ser um ano difícil, mas elas têm condição de sair dessa.
A dívida com a Dublinense (R$ 30 mil de cada uma) é muito menor, mas os efeitos podem ser mais devastadores para uma editora independente. “Contávamos com esse dinheiro (e também o da BookPartners, o de outras livrarias menores e distribuidores que nos calotearam e sumiram) pra cumprir os compromissos assumidos de adiantamentos, traduções e publicações. Nosso fluxo é bem justo e não tem espaço para um desfalque desse tamanho. Vamos ter que cortar na carne, desistir de projetos. Não tenho como estalar os dedos e injetar essa grana que foi para o espaço”, diz Gustavo Faraon.
“Vimos o tsunami chegando e não nos preparamos. Há quatro anos o mercado entrou em recessão, e não fizemos nada. Tratamos esse assunto como estatística. Vimos o mercado cair 20%, o preço do livro se deteriorar, a inflação, a sociedade mudando o perfil de consumo, as livrarias pequenas desaparecendo, distribuidores indo à falência, os balanços negativos da Cultura e Saraiva, a Fnac saindo do Brasil. Os sinais estavam todos aí e preferimos não acreditar. 2018 vai ficar como um marco – mas que seja o de refundação do mercado”, diz Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional de Editores de Livros e sócio da Sextante.
Este ano ensinou que as editoras não podem se concentrar em poucos canais de venda, diz Pereira. Sônia Jardim, presidente do Grupo Record, conta que voltou a considerar a venda direta. “Precisamos de criatividade para buscar outros canais, independentes dessas livrarias”, diz. Nessa linha, Darkside e FTD acabam de lançar seus e-commerces e a JBC inaugurou a JaporamaStore na Vila Madalena. Companhia das Letras e Todavia fizeram feiras em suas sedes. A Festa da USP, onde editoras oferecem desconto de pelo menos 50%, foi um sucesso. E muitas casas estão buscando ter um marketplace em sites como o Mercado Livre.
Ler ouvindo é a nova aposta das editoras
O audiolivro tem se mostrado uma tendência nos EUA e em alguns países da Europa. Aqui, desde 2013, a Ubook tenta criar um mercado. Quando Eduardo Albano apresentou sua ideia para editores, ouviu que era melhor pensar em outra coisa. Vindo da área de tecnologia, ele não deu ouvidos. Hoje, a Ubook, serviço de assinatura de audiolivro, começa sua expansão para a América Latina e foi imprescindível para a entrada do Google no negócio aqui (antes da Amazon, que parece não ter pressa), ao fornecer seus 3 mil títulos em português à empresa, que os vende a la carte.
Não é a primeira tentativa de fazer o modelo pegar. Discos nos anos 1980, CDs nos 1990 – vendidos em livraras. “Mas a hora é agora”, acredita Andrea Fontes, do Google. A aposta é no smartphone sempre à mão e na grande adesão às plataformas de áudio.
Custa caro fazer um audiolivro – ¤ 300 a hora finalizada na Europa e, aqui, caminha-se para tentar ficar em ¤ 200. Se o narrador foi uma celebridade, o preço vai à altura. Só para se ter uma ideia, 21 Lições para o Século 21, de 432 páginas, dura quase 14 horas.
Como ocorreu no início do livro digital, quando algumas das principais editoras fundaram a distribuidora DLD, hoje extinta, para ter mais controle, algumas casas estão se unindo na criação de uma empresa de produção e distribuição de audiolivro – o lançamento deve ser entre abril e maio. Enquanto isso, o digital segue seu crescimento e representa algo como 7% do faturamento para a média das editorias atendidas pela Bookwire, chegando a 15% em alguns casos.
Crise é de modelo, e não de consumo
“O clima que toma conta do mercado editorial proíbe falar em otimismo, mas o fato é que, apesar de tudo, os números ainda estão favoráveis, próximos da estabilidade”, conta Ismael Borges, coordenador da Bookskan, ferramenta da Nielsen que mede a venda de livros em livrarias.
Os dados de 2018 não estão fechados, mas o resultado será positivo. Perto do zero, mas positivo. A conta não fecha pela falta de pagamento da Cultura, da Saraiva e de outras empresas em dificuldade. Borges explica que parte desse desempenho resulta de um bom primeiro semestre, seguido de meses mais difíceis.
“Teria sido um ano excepcional”, diz o sócio da Sextante, Marcos da Veiga Pereira.
“O brasileiro lê, sim – e cada vez mais. E tem uma parte do negócio, não auditada, que cresce e se torna pujante, que é da autopublicação e de novos modelos, como os serviços que assinatura”, explica Ricardo Garrido, gerente de aquisição da Amazon.
“Especialistas falam em modelo desatualizado de comercialização, velhas práticas, vícios e pouca inventividade. O mercado precisa se reinventar: a crise não é de consumo”, finaliza Borges.
O negócio do livro não será como antes
Mike Shatzkin acompanha o mercado editorial americano e internacional há mais de 40 anos. As incertezas que pairam sobre as empresas brasileiras são antigas conhecidas nos EUA, que assistiram ao colapso da Borders – ela tinha cerca de 450 megastores quando quebrou, em 2011.
“Duas coisas estão acontecendo simultaneamente. Mais e mais leituras estão sendo feitas nas telas. E o que tem sido lido em papel é cada vez mais comprado online e não numa loja física. Essa mudança ocorreu por muitas razões, mas ela é inexorável e há um longo caminho até que se encontre um equilíbrio”, explica o consultor.
Ele diz que isso não é “culpa” de ninguém, mas que não se pode administrar uma livraria do mesmo jeito quando mais da metade das pessoas que ainda leem livros impressos não consideram ir até a sua loja para comprar um livro.
E quem vai sobreviver? “Os proprietários-gestores que estiverem dispostos a ganhar menos dinheiro”, responde. “Mas o que vai acontecer depois do ‘auge’ das livrarias depende muito de existir uma infraestrutura atacadista para possibilitar a administração de uma pequena livraria”, completa. Fonte: Portal Exame
Economia
Carteira de dividendos: veja os papéis mais recomendados para julho
A Petrobras foi a empresa mais indicada pelas instituições financeiras consultadas pela CNN para compor a carteira de melhores pagadoras de dividendos em julho.
O levantamento considerou as avaliações de Santander, Empiricus, XP, Guide, Ativa e BTG Pactual.
Os papéis mais recomendados foram:
- 5 recomendações: Petrobras;
- 4 recomendações: Banco do Brasil, CPFL e Vale;
- 3 recomendações: BB Seguridade, Eletrobras e Itaú.
Após um impasse sobre o pagamento ou não de dividendos extraordinários, o conselho de administração da Petrobras aprovou em abril o repasse de 50% do valor total, referente ao exercício de 2023.
Com a distribuição, a equipe de analistas do Santander avalia manter o peso dos papéis da estatal em sua carteira. Já o BTG, optou por ampliar sua exposição à estatal.
“Embora a companhia esteja sinalizando maiores investimentos, a verdadeira questão para nós é se esse aumento em potencial poderia sacrificar a capacidade da empresa de distribuir dividendos substanciais, e acreditamos que não”, aponta a equipe do BTG em relatório.
Momento de incertezas
O Ibovespa encerrou o pregão de sexta-feira (28), o último de junho, em queda de 0,32% no dia. Apesar de ter acumulado alta de 1,47% no mês, o índice caiu 7,66% no primeiro semestre deste ano.
O que se avalia é que as incertezas se mantém e o mercado seguirá se pautando por elas.
“O cenário local segue girando em torno da dificuldade do governo em convencer o mercado quanto ao seu comprometimento fiscal”, aponta a Ativa Investimentos em relatório.
O governo trabalha com a meta de zerar o déficit neste ano e no próximo — após alterar a meta de 2025, o que não foi favorável para a imagem de responsabilidade fiscal.
Apesar de o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assegurar que o arcabouço será cumprido, o mercado vê o déficit primário em 0,7% do Produto Interno Bruto neste ano.
Lula se reuniu nesta quarta-feira (3) com ministros da área econômica do governo. Após o encontro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que o presidente mantém seu compromisso com as contas públicas.
“A primeira coisa que o presidente determinou é ‘cumpra-se o arcabouço fiscal’. Não há discussão sobre esse respeito. Em 2024, 2025, 2026, o compromisso nosso é de cumprimento das leis complementares de finanças públicas”, comentou Haddad.
Segundo o chefe da equipe econômica, o governo realiza desde março um estudo entre os ministérios buscando despesas que podem ser cortadas. De acordo com Haddad, foram identificados R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias, cujo corte, segundo o ministro, já foi autorizado pelo presidente.
O economista-chefe da XP Inc., Caio Megale, apontou em entrevista ao WW de terça-feira (2) que além da questão fiscal, outro imbróglio do cenário doméstico também segue na mira do mercado: a questão monetária.
“Essa transição para o próximo presidente [do BC] é uma espada, de fato, na cabeça. A gente não sabe exatamente quem vai ser a próxima ou o próximo presidente, qual vai ser a visão de política monetária que essa pessoa vai ter na hora de conduzir a taxa de juros, de tomar as decisões”, pontuou Megale.
“Acho que dar uma clareza e maior transparência de como vai ser a gestão da política monetária depois da transição do Roberto Campos e medidas efetivas no sentido de controlar as despesas do lado fiscal, eu acho que é o que vai trazer uma tranquilidade [para o mercado].”
Economia
Venda de veículos eletrificados cresce 146% no primeiro semestre de 2024
Entre janeiro e junho, comercialização de automóveis registrou cerca de 79 mil vendas, de acordo com relatório da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE)
O comércio de automóveis movidos a eletricidade segue em crescimento no Brasil. No primeiro semestre de 2024, a venda de veículos leves eletrificados alcançou um total de 79.304 unidades em todo o país. Somente no último mês de junho, foram registrados 14.396 novos emplacamentos, o que representa a terceira melhor marca para um mês de toda a série histórica.
O número maior de vendas na metade inicial do ano indica um crescimento de 146% em relação ao primeiro semestre de 2023, e de 288% na comparação com o mesmo período de 2022. Além dos automóveis totalmente elétricos, também são incluídos na estatística os veículos parcialmente eletrificados – ou híbridos. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e divulgados nesta quarta-feira (3/7).
Com o avanço do número de vendas, a ABVE estima que o Brasil já atingiu a marca de 300 mil veículos comercializados desde o início da série histórica do levantamento, em 2012. Além disso, a previsão da associação para 2023 é que mais de 150 mil automóveis desta categoria sejam vendidos até o fim do ano em todo o território nacional, o que indica um crescimento de cerca de 60%.
No Brasil, ainda predominam os veículos elétricos plug-in, que se consolidaram no mercado nacional e representaram 69% de todas as vendas no primeiro semestre. Dentro desta categoria, estão incluídos os tipos BEV (totalmente elétricos) e PHEV (elétricos híbridos). Na sequência, os HEV convencionais (elétricos não plug-in a gasolina ou diesel) ficaram com 9,3% da parcela total de eletrificados vendidos.
Preocupação para o setor
Mesmo diante de um aumento das vendas, o setor de veículos elétricos está preocupado com o reajuste da tributação dos produtos. Desde a última segunda-feira (1º/7), passou a vigorar uma resolução que aumenta a alíquota para a importação de elétricos importados, de 10% para 18%. Em julho de 2025, sobe para 25%, até atingir 35% no ano seguinte.
“Temos ouvido notícias preocupantes sobre a antecipação da alíquota de 35% do Imposto de Importação de veículos elétricos, que estava prevista pelo Governo Federal somente para julho de 2026. Entendemos que, a se confirmar, essa antecipação configuraria uma lamentável quebra das regras estabelecidas há apenas seis meses pelo próprio governo”, avalia o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.
Além disso, a associação teme a inclusão dos veículos elétricos no Imposto Seletivo, que é chamado popularmente de “imposto do pecado”. A lei foi estabelecida pela emenda constitucional da reforma tributária, aprovada no ano passado, com o objetivo de sobretaxar bens considerados danosos à saúde e ao meio ambiente.
Na avaliação da ABVE, a inclusão dos veículos eletrificados no IS “não faria sentido”, visto que esse tipo de automóvel emite menos gases de efeito estufa e reduz o nível de ruído nas cidades do país. “Eles são fatores decisivos para melhorar a qualidade de vida e diminuir as mortes associadas à poluição nas grandes cidades”. “Não nos parece cabível que esses veículos venham a ser taxados como se fossem produtos que fazem mal à saúde ou ao meio ambiente, o que absolutamente não é o caso”, conclui o presidente da associação.
Economia
Produção industrial cai 0,9% em maio, diz IBGE
No acumulado do ano, houve avanço de 2,5%
A produção industrial brasileira caiu 0,9% em maio em relação a abril. É o segundo recuo consecutivo, apontando retração de 1,7% no período. Com o resultado, o setor perdeu o ganho acumulado entre fevereiro e março deste ano (1,1%).
No acumulado nos últimos 12 meses, houve crescimento de 1,3%, o que acabou por reduzir a intensidade no ritmo de evolução se comparado ao resultado do mês anterior. Os dados foram anunciados nesta quarta-feira (3), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Os números fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira (3) pelo órgão, que mostrou ainda avanço de 2,5% no acumulado dos cinco primeiros meses de 2024, se comparado ao mesmo período do ano anterior.
Influências
Nessa comparação, entre as atividades, as principais influências positivas na totalidade da indústria foram anotadas por produtos alimentícios (5,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,1%), indústrias extrativas (2,3%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8%).
O gerente da pesquisa, André Macedo, disse que, em maio de 2024, a indústria apresentou “predominância de resultados negativos de forma geral”, com recuo na margem e na comparação com maio de 2023.
Houve, ainda, interrupção da trajetória ascendente no índice de média móvel trimestral e perda de intensidade no ritmo de expansão no acumulado do ano e dos 12 meses anteriores.
Nesse mês, a indústria intensificou a queda que já tinha sido registrada no mês anterior, e entre os fatores que explicam esse resultado, estão as chuvas no Rio Grande do Sul, que tiveram um impacto local maior, mas também influenciaram o resultado negativo na indústria do país, informou o texto publicado pelo IBGE.
Conforme a pesquisa, 16 das 25 atividades investigadas tiveram recuo em maio de 2024. Veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,7%) e produtos alimentícios (-4,0%) foram as duas maiores influências negativas para o resultado geral da indústria em maio.
O gerente afirmou, também, que esses dois setores foram prejudicados pelas enchentes do Rio Grande do Sul. No setor de veículos automotores, a paralisação das plantas industriais locais provocou impactos diretos e indiretos. Por causa do mau tempo, tanto as montadoras de veículos, quanto as fábricas de autopeças pararam com as produções e isso afetou também o abastecimento para a produção de bens finais no restante do país.
“Houve, por exemplo, a concessão de férias coletivas em uma planta industrial em São Paulo como forma de mitigar os efeitos das paralisações ocorridas em unidades produtoras de peças no Rio Grande do Sul”, completou.
Greve
Macedo acrescentou que a paralisação decorrente de greve em outra montadora e a base de comparação elevada também contribuíram para a queda de dois dígitos na atividade. Em abril, o setor de veículos registrou crescimento de 13,8%.
A atividade de produtos alimentícios, que responde por cerca de 15% da produção industrial do país, teve em maio o segundo mês seguido de queda. A perda acumulada no período é de 4,7%.
“A retração no processamento da cana-de-açúcar, por conta da condição climática menos favorável na segunda quinzena de maio, provocou uma queda pontual na produção do açúcar. Já entre os impactos negativos que podem ter a ver com as chuvas no Rio Grande do Sul estão as carnes de aves, de bovinos e de suínos e os derivados da soja, que são produtos que têm grande peso no setor”, explicou.
Outros setores que recuaram e influenciaram o resultado negativo do mês foram os de produtos químicos (-2,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%), produtos do fumo (-28,2%), metalurgia (-2,8%), máquinas e equipamentos (-3,5%), impressão e reprodução de gravações (-15,0%) e produtos diversos (-8,5%).
Os principais impactos positivos no resultado geral da indústria foram as indústrias extrativas (2,6%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,9%). De acordo com Macedo, esses segmentos têm grande peso e evitaram uma queda maior no resultado da indústria.
“O crescimento do setor extrativo veio após uma queda no mês anterior, ou seja, tem o efeito de uma base de comparação mais negativa. Também houve aumento na extração dos dois principais produtos, o petróleo e o minério de ferro”, afirmou.
As atividades de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,7%), produtos têxteis (2,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (1,5%), produtos de borracha e de material plástico (0,5%), outros equipamentos de transporte (0,2%), móveis (0,2%) e celulose, papel e produtos de papel (0,1%) também tiveram desempenho favorável.
“Ainda na comparação com abril, as quatro grandes categorias econômicas recuaram: bens de consumo duráveis (-5,7%), bens de capital (-2,7%), bens intermediários (-0,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%)”, pontuou o IBGE.
O recuo de 1,0% na comparação de maio de 2024 com maio do ano anterior teve influência dos resultados negativos de duas das quatro grandes categorias econômicas, 14 dos 25 ramos, 43 dos 80 grupos e 50,4% dos 789 produtos pesquisados, finalizou o IBGE.
Agência Brasil
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