Brasília
No avesso da razão
A ciência comprova cada vez mais o aquecimento global — e que sua origem está nas atividades industriais. Mas ainda há quem negue isso, como Trump
Quem esteve vivo em 2018 nem precisou atentar às variações bruscas do clima para perceber que algo está saindo do controle. Houve furacões devastadores na Carolina do Norte e na Califórnia, nos Estados Unidos. Também na Califórnia, houve incêndios terríveis que transformaram as matas em selvas de fogo. Houve enchentes especialmente violentas no Japão. Houve uma seca brutal entre março e setembro em toda a Europa. O sertão nordestino sofreu as consequências da pior seca da história, que afetou quase 15 milhões de brasileiros — pela fome, pela falta de água, pelo desemprego.
Os ventos, as águas e a luz do Sol — todas essas expressões tão bem-vindas da natureza — estão apenas respondendo, de modo particularmente agressivo e extremado, ao que todo mundo já sabe: o planeta Terra está ficando cada vez mais quente. Até os que desprezam as mudanças climáticas sabem que o aquecimento global está aí para qualquer um ver e comprovar. O que os cientistas já estão fartos de concluir — e os negacionistas ainda insistem em negar — é que o aquecimento global não é um ciclo natural e inevitável, mas uma decorrência direta da ação humana.
Na primeira semana de fevereiro, a Nasa, a agência espacial americana, divulgou dados que mostram o nível do aquecimento global: 2018 foi o quarto ano mais quente desde o fim do século XIX, precisamente desde 1880. E quais foram os três anos mais quentes que 2018? Ei-los: 2015, 2016 e 2017 (veja o gráfico acima). A sequência é inquestionável para demonstrar que a mudança climática está aí. Mas, como se isso não bastasse, outros três centros de pesquisa chegaram à mesma conclusão. São eles: a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos, o Met Office, da Inglaterra, e a Organização Meteorológica Mundial, órgão da ONU. No dia do anúncio da Nasa, o climatologista britânico Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais, que analisa mês a mês as temperaturas na superfície terrestre e nos mares, declarou o seguinte, com base nas informações coletadas em 6 300 pontos do planeta: “Não estamos mais falando de uma situação na qual o aquecimento global é algo do futuro. Ele está aqui, e agora”.
Os dados mostram que, de 1880 para cá, a temperatura média mundial subiu cerca de 1 grau. As evidências de que esse aquecimento é um resultado da ação humana são ratificadas pela história. De 1880 em diante, com o crescente consumo de combustíveis fósseis, como o carvão e, principalmente, o petróleo, a temperatura começou a subir gradualmente. Desconfiados de que essa elevação não teria ocorrido apenas quando a medição começou a ser feita, os cientistas passaram a pesquisar o que houve antes de 1880. Concluíram que a variação do clima se deu com a chegada da Revolução Industrial, na Europa do século XVIII, quando a mão humana começou, de fato, a interferir na natureza. Na primeira fase, de 1760 a 1830, o carvão era o combustível da vez. Na segunda fase, de 1870 até a I Guerra, o petróleo tornou-se prevalente — e a temperatura subiu ao sabor dessas inovações industriais.
A despeito dessa constatação histórica, há ainda uma boa parcela de indivíduos que insiste em negar que a humanidade tenha qualquer responsabilidade pelas mudanças climáticas do planeta. Trata-se, enfim, de uma autêntica onda de negacionismo. Nos Estados Unidos, um levantamento conduzido em 2018 pelo Instituto Gallup revelou que 55% dos americanos não veem o aquecimento global como uma ameaça. Para o coordenador do programa de Comunicação sobre Mudanças Climáticas da Universidade Yale, Anthony Leiserowitz, essas conclusões mostrariam que eles “acreditam que se trata de um problema distante”. A mesma pesquisa também revelou que, entre os leigos que aceitam que há, sim, aquecimento global, 64% creem que o fenômeno tem a ver com a atividade humana. Entre os cientistas, esse número sobe para 97%.
(Aliás, no fim do ano passado saiu um novo estudo que demonstra que o aquecimento global não está nada distante de nós, embora seja difícil perceber algumas de suas impensáveis consequências. A mais recente descoberta é que a população de insetos está caindo em razão do aquecimento global. Na vida cotidiana, ninguém percebe o declínio de insetos, mas o fenômeno afeta radicalmente toda a cadeia alimentar de uma floresta.)
A alta porcentagem dos chamados “céticos” explica o sucesso do discurso de políticos que igualmente desacreditam das razões das mudanças climáticas. “O conceito de aquecimento global foi criado por e para os chineses para tornar a produção dos EUA não competitiva”, escreveu no Twitter, ainda em 2012, Donald Trump. Após ser eleito, em 2016, o republicano mudou um pouco sua linha de raciocínio. Agora, afirma acreditar que o planeta possa estar se aquecendo, mas não atribui isso ao progresso industrial. “Não acho que seja uma invenção. Porém eu não sei se foi causado pelo homem”, disse ele em entrevista à TV CBS, em outubro. Pouco mais de um ano antes, em junho de 2017, Trump anunciara a retirada dos EUA do Acordo de Paris.
Firmado em 2015, o acordo é o mais relevante tratado climático global e a maior esperança de conter a catástrofe. Foi aprovado por 195 países, inclusive EUA e Brasil. Ele define que devem ser realizadas medidas de prevenção, como a substituição de fontes fósseis de energia pelas fontes limpas, a redução do desmatamento e o desenvolvimento de métodos sustentáveis de agricultura. O objetivo é evitar que o aumento da temperatura no mundo ultrapasse 2 graus ainda neste século, em comparação aos níveis anteriores a 1880. Para chegar a essa meta, cada nação tem seus próprios objetivos a cumprir.
No ano passado, na esteira de Trump, o então candidato Jair Bolsonaro, avesso às preocupações ambientais, afirmou que também excluiria o Brasil do Acordo de Paris. Depois de sua eleição, a promessa sofreu resistência não só de ambientalistas como também de ruralistas, receosos de sanções econômicas — sobretudo da Europa — que poderiam advir de tal atitude. Bolsonaro, por ora ao menos, recuou, e o país continua no acordo. “Sou defensor do meio ambiente, mas dessa forma xiita, como acontece, não”, afirmou o presidente em dezembro, sem definir o que vem a ser “defesa xiita”. O assunto permanece como um nó górdio dentro do governo, tanto que, na semana passada, veio a público que a Abin, a agência secreta brasileira, andou bisbilhotando a movimentação do clero da Igreja Católica, que se prepara para um encontro sobre a Amazônia em Roma, em outubro. O governo teme que o encontro acabe servindo para criticar sua política ambiental — o que é muito provável que aconteça dado o histórico de Bolsonaro quando o assunto é índio, quilombola ou floresta.
O economista americano Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia em 2008, argumenta que o negacionismo das mudanças climáticas segue os passos de outras tentativas históricas de não aceitar conclusões científicas. Em artigo publicado no jornal The New York Times, Krugman utilizou como um de seus exemplos as campanhas — encampadas pela indústria do cigarro — que em meados do século passado tentavam convencer o público de que o tabaco não faria mal à saúde, ao contrário do que começava a apontar a medicina. Passados mais de sessenta anos do momento descrito, sabe-se que a ciência venceu. É de esperar que o mesmo ocorra em relação ao aquecimento global.
Fonte Exame
Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio
Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:
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A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.
A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.
Brasília
Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS
Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória
A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.
A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.
No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.
>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:
– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)
– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)
– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)
– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)
– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)
– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)
– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)
– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).
De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.
No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.
Por Agência Brasil
Brasília
Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.
Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.
O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.
Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.
Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.
O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.
Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.
Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.
A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.
O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.
SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR
O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.
O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.
A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.
O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.
A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.
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