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Neonazistas no Brasil: por que o país não consegue conter o crescimento do extremismo?

Por que há um crescimento de grupos neonazistas no Brasil? E por que é tão difícil interromper a expansão dessas organizações? Em conversa com a Sputnik Brasil, pesquisadores explicaram os motivos da ascensão desses grupos extremistas no século XXI e por que é tão difícil combatê-los.

© Folhapress / RBS / Andrea Graiz

Noventa anos após a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha, os ideais nazistas, hoje chamados de neonazismo, parecem ter sido reciclados nas últimas décadas, na esteira da erosão das democracias ocidentais. O crescimento da extrema-direita, inclusive, faz parte dos sinais de alerta reportados por diversos analistas políticos.
O caso do Brasil, como atestam pesquisas sobre o tema, mostra um país que também convive com o crescimento vertiginoso de grupos de extrema-direita e células neonazistas, principalmente em razão do alcance das plataformas tecnológicas.
Muitos grupos extremistas notoriamente usam as redes sociais para desinformar, criar teorias conspiratórias e, ao mesmo tempo, unir pessoas que compartilham das mesmas ideias. E se isso já é um problema nas redes, muitas vezes acaba virando um problema nas ruas.

Homem com tatuagens nazistas é levado para delegacia, mas liberado

A imprensa noticiou, no último sábado (28), o caso de um homem com tatuagens de símbolos nazistas que foi liberado logo após ser conduzido a delegacia no Rio de Janeiro (RJ), com aval do inspetor que estava de plantão.
O uso desses símbolos é crime, de acordo com a Lei nº 9.459/97, que versa sobre a apologia ao nazismo. Portanto, conforme relatou à Sputnik Brasil o advogado e procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Rodrigo Mondego, o inspetor da polícia não cumpriu o seu dever.
Na delegacia, o inspetor responsável pelo registro da ocorrência teria chegado a pedir desculpas ao homem tatuado. Para Mondego, o funcionário da polícia agiu “como militante na função de servidor público na área de segurança pública”.

“Infelizmente a ultradireita está entranhada no Estado, e isso faz com que alguns servidores, que deveriam ter o dever de combater, prevariquem, principalmente pela sua própria ideologia”, afirmou.

O advogado apontou que a apologia do nazismo é um “crime sério no Brasil”, com pena de dois a cinco anos de reclusão. Ainda de acordo com ele, as denúncias envolvendo casos semelhantes devem ser levadas à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que deverá conduzir as investigações.

Neonazistas brasileiros sob o anonimato das redes

Em uma reportagem publicada em julho de 2022, a Sputnik Brasil investigou quem são os neonazistas brasileiros a partir de importantes questionamentos: onde estão? O que planejam? E por que estão crescendo?
Afinal, apesar da lei, ainda é possível encontrar no país adeptos dos ideais nazistas, genocidas e racistas de Adolf Hitler e dos diversos movimentos de extrema-direita.
Os neonazistas brasileiros, como atesta a investigação, apresentam suas páginas e publicações nas redes sociais sem nenhum pudor. Seu objetivo é recrutar seguidores e promover uma fagulha em um palheiro. Se uma página é derrubada, em seguida aparecem outras.
As publicações apresentam discursos de Hitler, memes antissemitas, ataques à Rússia e ao presidente Vladimir Putin, ódio aos comunistas e, claro, teorias da conspiração.
Distorções de fatos e conceitos são frequentes. O termo “liberdade”, por exemplo, ora é reduzido a “liberdade de mercado”, supostamente ameaçada pelas políticas públicas de um Estado visto como controlador, ora é defendido como um suposto direito a qualquer tipo de manifestação, inclusive de incentivo ao ódio.
Ao mesmo tempo essa “liberdade” é colocada em oposição a “igualdade”, que, enquanto um ideal de esquerda, revelaria uma ameaça. E, para recuperar uma suposta identidade nacional degradada ao longo das décadas, alguns clamam por ditaduras e rupturas imediatas com a ordem institucional.

Nazistas no Brasil: o que explica?

Enquanto as plataformas de tecnologia servem como um catalisador de novas lideranças neonazistas e extremistas, as sociedades enfrentam o desafio de tentar conter o avanço dos discursos de ódio nas redes.
Para Mayra Goulart, cientista política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o combate ao nazismo moderno passa pela compreensão de que “o principal choque das sociedades ocidentais do século XXI ocorrerá entre a democracia liberal e o capitalismo neoliberal”.

Ela explica que “há um antagonismo entre democracia, capitalismo e liberalismo que foi exposto com o processo de digitalização das relações humanas e de trabalho”.

Ao tratar das relações sociais, a analista entende que as mídias sociais criaram um terreno para exclusão dos mecanismos que antes impediam que certos pensamentos, como o nazismo, fossem declarados publicamente.
As mudanças impostas pelo capitalismo neoliberal deixaram em sua esteira uma multidão de desempregados e de pessoas sem muitas perspectivas. De acordo com a especialista, são esses os perdedores do processo de globalização, que seriam mais visados por defensores de ideias extremistas.
Isso pode explicar a crescente “posição anti-humanista que anda de mãos dadas com um desprezo geral pela democracia”, disse ela.
O processo de automação do mercado de trabalho, que chegou ao século XXI com a digitalização de muitas formas de emprego, atesta “uma sociedade em que o trabalho se tornou mais individual do que coletivo”, tornando “as pessoas e o trabalhador mais vulneráveis“.
E é nessa conjuntura que ganharia força o discurso de que há um “passado que precisa ser retomado” e de que “tudo que é progressista, no sentido de novo, representa uma ameaça“.
Ainda segundo Goulart, a extrema-direita cresce, entre muitas razões, em um contexto neoliberal de exclusão, social e econômica, de milhares de pessoas.

O que não tem sido feito?

Ao reunir e organizar os extremos, são as redes sociais que permitem, como aponta o advogado Rodrigo Mondego, que um adolescente “ganhe simpatizantes em todo o país por ser um supremacista branco, por exemplo”.
Desse modo, a indústria das mídias digitais, em grande parte não regulamentada, dominou a forma como bilhões de pessoas consomem informações.
No entendimento de Mayra Goulart, “gigantes da tecnologia se tornaram aproveitadoras” das recentes crises políticas que atingem as democracias e têm responsabilidade pelo crescimento de grupos extremistas. Ainda assim, conforme explicou Rodrigo Mondego, “o Ministério Público e a Polícia Federal não agem com rigor para enfrentar os criminosos”.
“A Internet agiu de forma a encurtar espaços e aumentar as relações interpessoais. Um adolescente, por exemplo, ganha simpatizantes em todo o país por fazer comentários racistas em células extremistas. Elas são organizadas livremente e muitas vezes se escondem em grupos de supremacistas brancos, para disfarçar o nazismo declarado”, disse ele.
O advogado lembrou que o risco do crescimento de células nazistas no Brasil já ficou explícito em diferentes ataques pelo país, como no atentado em uma escola em Suzano, no interior de São Paulo, em 2019 e nos ataques em escolas no Espírito Santo no ano passado, quando um adolescente matou quatro pessoas.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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