Brasil
Moradores do Rio enfrentam longas filas para tomar vacina contra febre amarela
Na quarta-feira (17), os moradores da cidade do Rio de Janeiro enfrentaram longas filas para tomar a vacina contra a febre amarela, depois da confirmação de quatro casos em pessoas no estado este ano, com três óbitos. Os casos foram registrados em Valença, no centro-sul do estado, e em Teresópolis, na região serrana.
No Centro Especial de Vacinação Dr. Álvaro Aguiar, na Cinelândia, região central da cidade, por volta de 9h a fila dobrava o quarteirão com cerca de 400 pessoas aguardando. A administradora Verônica Vargas tinha chegado às 6h30 e andado poucos metros na fila. Ela reclamou que muita gente entrou na fila alegando prioridade, porém sem ser prioridade.
“Vou viajar para Minas [Gerais], que é um lugar que está com foco. É muito importante vacinar até para não piorar e virar uma epidemia. Eu nunca tomei, se não nem precisaria, né? Porque quem tomou uma dose não precisa tomar”.
Já no Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão, na Tijuca, às 9h30 a fila já estava menor, uma vez que as 400 senhas disponíveis para vacinação hoje já haviam sido distribuídas. O militar Weverton de Souza chegou às 6h45 e conseguiu uma das últimas senhas, a de número 395.
“É a primeira vez que estou tomando a vacina”, disse, mostrando preocupação com notícias da morte de macacos no estado. “É melhor se preparar para isso logo, né?”
Secretaria de Saúde
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), cada posto de vacinação tem autonomia para determinar quantas doses serão aplicadas por dia, seguindo critérios técnicos e de acordo com a capacidade de atendimento de cada unidade. A secretaria lembrou que a vacina esteve disponível em todos os 232 centros da rede durante todo o ano de 2017, mas a procura foi muito baixa a partir de março.
“A Superintendência de Vigilância em Saúde lembra que a vacina contra a febre amarela esteve disponível para a população durante todo o ano passado mas, infelizmente, com o fim das notícias sobre casos da doença, as pessoas foram deixando de procurar a vacina”, disse a Superintendência em nota.
Em março do ano passado foram vacinadas na cidade 629.087 pessoas; 411.648 em abril; 198.659 em maio, 120.911 em junho; 96.040 em julho; 42.795 em agosto; 36.325 em setembro; 26.527 em outubro; 20.321 em novembro e apenas 16.592 em dezembro. Segundo a secretaria, a cidade não alcançou a cobertura da população alvo ainda em 2017, que está, atualmente, em 50%. Como a vacina é feita com vírus vivo e apresenta riscos de reação, estão fora do público alvo os idosos, menores de 9 meses, gestantes e pacientes com doença imunológica.
Após as notícias de mortes no estado, apenas na segunda-feira (15) 26.279 procuraram as unidades e foram vacinadas. “Diante dessa nova demanda, as unidades estão se organizando para atender o máximo de pessoas da melhor maneira possível, dentro da capacidade técnica de segurança dos pacientes e boas práticas de vacinação”, informou a SMS, acrescentando que não há circulação do vírus na capital.
Doses
Na terça-feira (16), o secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Luiz Antônio Teixeira Júnior, disse que todos os municípios têm doses suficientes da vacina para atender a população, além de estoque para distribuir. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), atualmente o estado tem 6,7 milhões de doses em estoque e já foram vacinadas 46% da população do estado.
A vacina em dose integral só precisa ser tomada uma vez na vida, conforme protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS). A dose fracionada, que começará a ser aplicada no dia 19 de fevereiro, tem período de cobertura de 8 anos. Segundo Teixeira Júnior, o estado está aplicando a dose integral, mas fará o fracionamento quando for necessário.
“As vacinas têm uma fabricação finita e nós precisamos ser solidários, se precisar ser feito o fracionamento, nós faremos. A cobertura vacinal e o período que nós vamos proteger a população nós precisamos para agora. A garantia de 8 anos já é uma grande garantia, no passado fazíamos para 10 anos. [Mesmo fracionada] a garantia é que a pessoa não vai contrair a febre amarela neste momento. A estratégia do fracionamento é de parceria, integração e colaboração. Se o estado do Rio de Janeiro estiver coberto e o de São Paulo não, não resolve o problema”, disse o secretário.
Dia D
No próximo dia 27, a Secretaria de Saúde realiza o Dia D de vacinação contra a febre amarela nos 92 municípios do estado, com a dose integral. Durante a ação, a vacina será disponibilizada nas Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), instalações montadas pela secretaria estadual e também nos quartéis do Corpo de Bombeiros.
Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe, moradores da zona rural devem procurar a imunização prioritariamente. “Especialmente quem mora em região de mata deve buscar a vacinação o quanto antes. Temos doses para todos e a vacina é a melhor e mais eficaz opção para se proteger contra a febre amarela”.
A campanha do Ministério da Saúde com a dose fracionada será feita em 15 municípios fluminenses entre os dias 19 de fevereiro e 9 de março: Belford Roxo, Duque de Caxias, Itaboraí, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Queimados, Rio de Janeiro, São Gonçalo, São João de Meriti e Seropédica.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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