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Moradores de São Paulo passam a usar celular sem Pix na rua

O celular virou o principal foco dos roubos e furtos, já que permite multiplicar o prejuízo das vítimas com invasões de contas bancárias

(Folhapress/Danilo Verpa)

O médico Raul Barros, de 28 anos, esperava um carro de aplicativo na porta de um bar próximo ao Edifício Copan, no centro da capital paulista, quando teve o celular furtado por um ladrão de bicicleta. Com o susto, ele foi rapidamente para casa, na Vila Clementino, zona sul, e tomou as providências para bloquear o chip e a conta bancária o quanto antes. Não foi suficiente: no pouco tempo que demorou até travar as transações, Raul teve R$ 6 mil desviados de sua conta via Pix, ferramenta de pagamento do Banco Central.

O roteiro do caso, que ocorreu no fim do ano passado, não é exatamente novo, mas serviu de empurrão para Raul adotar medidas de segurança. “Teve que acontecer comigo para que tomasse uma atitude”, explica. Além de comprar um celular novo, o médico agora usa um aparelho mais velho, que estava encostado no armário, só para fazer transações.

A alta de roubos, que afeta sobretudo áreas centrais e bairros nobres, tem feito os paulistanos manterem um aparelho reserva em casa por segurança. No que levam ao sair, deixam no máximo um aplicativo de banco, e com pouco dinheiro.

Diante dos casos de roubo, amigos de Raul adotaram medidas desse tipo há algum tempo e indicaram que ele fizesse o mesmo. “Fui adiando, e aí roubaram meu celular”, diz o médico, que conta ter sido ressarcido pelo banco. Agora, Raul mantém só um aplicativo para fazer transações pelo celular principal, com limite baixo, e aplica ainda estratégias como uso de senha no chip.

“Quando saio de São Paulo, coloco dinheiro na conta do meu celular da rua, quanto acho mais ou menos que vou precisar, e faço dessa forma. Se surgir alguma coisa que tenho que fazer, explico que não estou com dinheiro e paciência, tenho que esperar a hora de chegar em casa”, diz. Segundo o médico, a popularização do Pix fez aumentar a preocupação. “É muito rápido e você faz a transferência para outros bancos, então aumenta muito a chance de golpe.”

O celular virou o principal foco dos roubos e furtos, já que permite multiplicar o prejuízo das vítimas com invasões de contas bancárias. Como mostrou o Estadão em abril, os altos lucros obtidos com crimes desse tipo atraíram a atenção inclusive do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Segundo a polícia, a facção cooptou uma quadrilha que atua na Bela Vista. Pela proximidade de bairros nobres, o local se tornou um dos epicentros dos roubos, mas os relatos se espalham por toda a cidade.

Na percepção da editora de áudio Jessica Correa, de 27 anos, a segurança na área central piorou nos últimos anos, mas ela não relaciona o problema ao Pix. “Acho que é mais pela situação da cidade, que está largada às traças”, diz.

Moradora da Bela Vista, ela adotou um celular reserva diante da situação. “A sensação que eu tenho é que a gente tem um caixa eletrônico na nossa sala. É meio esquisito, mas é o que eu estou fazendo atualmente para me sentir segura.”

No celular principal, Jessica mantém apenas um aplicativo de banco, com pouco dinheiro e limite baixo para transações. “Às vezes preciso fazer uma compra maior e agora preciso me planejar para sair de casa, para aumentar o limite”, explica. Ela relata que vários amigos também estão adotando a medida, o que ajuda a ter segurança sobretudo em situações de maior risco. “Ando muito de ônibus pela cidade, e às vezes desço em alguns pontos com mais gente, essas são as situações que normalmente me deixam mais insegura.”

Morador do mesmo bairro, o analista administrativo Lucas Romeiro 30 anos, teve o celular furtado há cerca de dois meses na estação Paulista do metrô. Um homem tirou o aparelho do seu bolso na área de embarque. Ao perceber, ele tentou reagir, mas foi distraído pelo que acredita ser um comparsa do ladrão. Na correria, os suspeitos entraram no vagão e ele permaneceu fora, na estação. “Quando relatei aos guardas, disseram que tinha acontecido outro caso parecido alguns minutos antes.”

Apesar do furto, ao menos não foram feitas transferências por Pix do celular de Lucas. Há cerca de um ano, ele passou a manter um celular em casa, por precaução, para acessar os principais aplicativos de banco. Quando sai, leva um aparelho com apenas um aplicativo – na conta, ficam R$ 100. Recentemente, ele também desativou a opção de empréstimos depois de ver o post de um publicitário que teve um prejuízo de mais de R$ 140 mil (ele foi ressarcido após a repercussão do relato). “Por causa desse caso, alguns amigos me deram essa dica de bloquear empréstimos”, explica.

Lucas conta que quando começou a morar na cidade a percepção de segurança era maior. Com o tempo, contudo, teve de se adequar. “Costumava me sentir seguro, por exemplo, na Avenida Paulista quando me mudei para São Paulo há cerca de 4 anos, mas hoje eu já não me sinto nada seguro”, relata. Atualmente, ele adota desde aplicativos para bloqueio, como o AppLock, a soluções de segurança como o Cerberus, que pode ser configurado para disparar a câmera frontal toda vez que o usuário erra a senha de acesso do aparelho e enviar a um e-mail de preferência.

Aparelho de guerra

A estratégia usada pelo blogueiro de moda Guilherme Cury, de 33 anos, é um pouco diferente. Depois de passar por uma tentativa de furto, ele e a namorada, que moram na Vila Buarque, região central, decidiram adotar um celular antigo. Mas não para deixar em casa, e sim para levar à rua quando eles têm de sair à noite ou ficar fora por mais tempo. “É mais um ‘aparelho de guerra’ mesmo”, explica Guilherme, que conta que o celular não tem nem mesmo WhatsApp.

O governo de São Paulo lançou neste mês a Operação Sufoco, focada em roubos e furtos. “Até sexta-feira, 13, as polícias Civil e Militar já tinham apreendido 2,9 mil celulares, mais de 100 armas de fogo, além de centenas de itens de informática, máquinas e cartões bancários”, informou a Secretaria de Segurança Pública.

O Banco Central informou que novos mecanismos entraram em vigor para tornar o Pix mais seguro. Citou como exemplos o bloqueio cautelar, a notificação de infração e a ampliação da responsabilização das instituições.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou estar atenta aos relatos de crimes envolvendo Pix e reforçou que “cada instituição financeira tem sua própria política de análise e devolução”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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