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‘Metade do problema resolvido’: recuperação do rublo mostra resiliência às sanções ocidentais?

As sanções impostas contra a Rússia tinham o objetivo de gerar uma crise cambial, hiperinflação e o colapso econômico. Com o rublo recuperado, o Banco Central russo pode cantar vitória contra as sanções ocidentais?

© AFP 2022 / Alexander Nemenov

Nesta terça-feira (10), o diretor do Comitê de Relações Internacionais da Câmara de representantes do Congresso dos EUA, Gregory Meeks, declarou que novas sanções contra a Rússia serão implementadas em breve por Washington e seus aliados.

“Tem mais sanções vindo por aí”, disse Meeks, após reunião com o presidente Joe Biden sobre a crise na Ucrânia. “Vamos fortalecê-las e trabalhar juntos de forma multilateral com nossos aliados.”
O anúncio vem após a economia russa dar sinais de resiliência perante as fortes sanções ocidentais impostas desde fevereiro de 2022. No início de maio, a moeda russa recuperou o seu valor pré-crise e, no dia 6, atingiu sua melhor cotação anual.
Artigo recente da revista The Economist ainda revela que o consumo de energia elétrica e o gasto dos consumidores na Rússia não apresentam sinais de queda.
De acordo com economistas ouvidos pela Sputnik Brasil, as sanções econômicas ocidentais tinham como objetivo provocar uma forte desvalorização cambial, gerando hiperinflação e colapso da economia russa.
“A questão-chave é a cotação do rublo, porque quando a moeda se desvaloriza muito, os produtos importados sofrem uma alta de preço explosiva”, disse à Sputnik Brasil o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), Paulo Gala. ” Então o importante é controlar o nível da taxa de câmbio.”
Segundo ele, caso o Banco Central russo mantenha a estabilização da moeda no médio e longo prazo, “metade do problema está resolvido”.
A expectativa era que a Rússia seguisse os passos de outros países duramente sancionados, como a Venezuela. Mesmo com grandes reservas de hidrocarbonetos, Caracas sofreu forte depreciação da moeda local e entrou em processo hiperinflacionário, até hoje fora de controle.
Uma mulher passa por uma tela de uma casa de câmbio exibindo as taxas de câmbio de dólar americano e euro para rublos russos, em Moscou, Rússia, 9 de março de 2020 - Sputnik Brasil, 1920, 12.05.2022
“A economia russa é muito mais sofisticada e complexa do que a da Venezuela. Ela tem capacidade de fazer uma reindustrialização na área de produtos básicos, o que aliás já está acontecendo”, considerou Gala. “Isso é diferente da Venezuela, que não consegue produzir praticamente nada.”
Segundo o economista, além da indústria básica, capaz de suprir a demanda interna, a Rússia ainda conta com grande entrada de dólares oriundos da venda de hidrocarbonetos.
“A economia russa é muito superavitária na parte de commodities, eles têm várias empresas de porte equivalente à Petrobras”, notou Gala. “Com a alta do preço das commodities, eles estão realmente ricos do ponto de vista de petróleo, minérios e fertilizantes.”
Para anular essa vantagem russa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu para que os países do bloco imponham embargo às importações de petróleo e gás russos.
Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen - Sputnik Brasil, 1920, 12.05.2022
De acordo com o professor de economia da UNICAMP, Bruno De Conti, sanções aplicadas aos hidrocarbonetos poderão gerar grandes prejuízos à Rússia.
“Há forte dependência do PIB e das exportações russas em relação aos hidrocarbonetos”, disse De Conti à Sputnik Brasil. “As finanças públicas também dependem em grande medida dos impostos relativos ao gás e ao petróleo.”
Apesar da disposição da União Europeia de prosseguir com o embargo, países do bloco sem saída para o mar e altamente dependentes dos combustíveis russos, como República Tcheca, Hungria e Eslováquia, são reticentes quanto à viabilidade da medida.

Mão visível do Banco Central russo

A revista britânica The Economist sugeriu que uma combinação de altas taxas de juros e controle de capitais impostos pelo Banco Central russo teria evitado uma crise cambial.
De acordo com Bruno De Conti, a elevação da taxa de juros tem dois objetivos principais: atrair capital estrangeiro e incentivar o capital local a investir dentro do país. Em função das sanções internacionais, a alta taxa de juros russa não gerou atração de investimentos estrangeiros.
“Mas a elevação da taxa de juros foi bem-sucedida em fazer com que os investidores locais preferissem investir na Rússia a investir no exterior”, apontou De Conti.
Entre fevereiro e março, o Banco Central russo elevou significativamente sua taxa de juros, que passou de 9,5% para 20% entre fevereiro e março.
Na época, a presidente do Banco Central russo, Elvira Nabiullina, havia dito que “a alta na taxa de juros é uma medida anticrise temporária. Quando a situação se estabilizar, a taxa será reduzida”.
Presidente do Banco Central da Federação Russa Elvira Nabiullina. - Sputnik Brasil, 1920, 12.05.2022
Presidente do Banco Central da Federação Russa Elvira Nabiullina.
De fato, em 29 de abril, a taxa de juros russa foi reduzida a 14%, o que, segundo a The Economist, seria “um sinal de que o pânico financeiro que começou em fevereiro arrefeceu levemente”.
O Banco Central russo também impôs restrições para evitar a fuga de capitais. Por exemplo, a realização de saques bancários em dólares por pessoa física na Rússia está restrita a US$ 10 mil (cerca de R$ 51 mil) até o dia 9 de setembro de 2022.
“O estabelecimento de cotas para saques em dólares, associado a uma taxa de juros bem alta, fez com que os residentes mantivessem o seu dinheiro em rublo, sabendo que estavam sendo bem remunerados”, considerou De Conti. “Isso acalmou a fuga de capitais e, portanto, conteve a depreciação do rublo no momento inicial, e depois inclusive gerou apreciação.”
Paulo Gala alerta que, apesar das benesses de curto prazo, o controle de capitais pode coibir investimentos estrangeiros na economia russa no longo prazo.
Vista noturna do centro de Moscou (imagem de referência) - Sputnik Brasil, 1920, 12.05.2022
Vista noturna do centro de Moscou (imagem de referência)© Foto / Mistery08
“O controle de capital é bom porque você estanca a desvalorização da moeda no curto prazo, mas a consequência negativa é que afugenta totalmente os investidores privados”, disse Gala.

Desafios à frente

Apesar do otimismo em relação à recuperação do rublo, a economia russa ainda tem grandes desafios pela frente, acredita Gala.
“A Rússia terá que se reindustrializar, e o mais difícil disso é a parte tecnológica”, considerou o economista. “Apesar da Rússia ter um domínio tecnológico bélico muito forte, ela ainda tem dificuldades em tecnologia de fronteira.”
Segundo ele, a reativação da indústria de base já está em curso na Rússia, puxada sobretudo pelo processo de substituição de importações gerado pelas sanções.
“Parte da reindustrialização já está acontecendo porque, quando o câmbio desvaloriza e os bens importados ficam mais caros, a indústria começa a produzir domesticamente”, explicou Gala.
Funcionária de fábrica produz roupas médicas e máscaras de proteção na região de Novossibirsk, na Rússia, 20 de março de 2020  - Sputnik Brasil, 1920, 12.05.2022

Funcionária de fábrica produz roupas médicas e máscaras de proteção na região de Novossibirsk, na Rússia, 20 de março de 2020© Sputnik / Aleksandr Kryazhev

No entanto, o economista acredita que Moscou terá que arregaçar as mangas para desenvolver setores como o de chips, semicondutores, química fina e mecânica de precisão.
“Então sim, a economia está se recuperando um pouco por conta da reindustrialização e desvalorização cambial. Mas a dependência tecnológica continua”, concluiu Gala.
Nesta quarta-feira (11), a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou uma série de projetos de lei destinados a isolar a economia russa da comunidade global, incluindo uma legislação para excluir a Rússia de reuniões internacionais e reforçar as sanções existentes.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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