Brasil
Mercados e farmácias enfrentam desabastecimento após restrições de pousos em Fernando de Noronha
Tendo que optar por barcos, comerciantes enfrentam demora na chegada de produtos. Restaurantes e pousadas relatam dificuldade de comprar frutas e outros alimentos.
Comerciantes de Fernando de Noronha estão enfrentando desabastecimento de produtos como frutas, verduras e medicamentos. O motivo é a proibição de pousos de aeronaves turbojatos na ilha, que faziam o transporte dessas mercadorias.
A restrição entrou em vigor no dia 12 de outubro. O impedimento de pousos de aviões de grande porte na ilha foi feito pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por conta das condições da pista do aeroporto.
Coordenador do mercado da Vila do Trinta, José Armando Filho contou que recebia, por dia, uma tonelada de produtos. Agora, a carga diária é menor e, com isso, diversas prateleiras estavam vazias nesta quinta-feira (20).
“Estamos recebendo 100 quilos diariamente. Todos os hortifrutis são transportados por avião. As aeronaves são menores e muitas das nossas cargas ficam no continente. Está faltando muita coisa”, disse José Armando.
Situação parecida enfrenta a gerente de restaurante Gabriela Merheb. Por mês, ela recebia cerca de uma tonelada de frutas, pescado congelado, carnes e pães. Tudo enviado por avião.
“Nós passamos a transportar tudo de barco. O tempo para chegada é maior, e alguns produtos chegam danificados. Por barco, levamos até 15 dias para receber a mercadoria”, informou a gerente.
Gabriela Merheb disse, ainda, que precisou alterar o cardápio do restaurante devido à falta dos ingredientes.
“Nós deixamos de oferecer sanduíches e algumas entradas por falta de produtos. É muito complicado”, declarou a gerente.
Responsável pela compra de mantimentos para a pousada onde trabalha, o camareiro Eduardo Lopes disse que está difícil conseguir alguns produtos.
“Tenho procurado em todos os mercados e, praticamente, não encontro frutas para oferecer para os hóspedes. O abastecimento está muito difícil e temos que explicar aos clientes as dificuldades”, afirmou Eduardo.
Medicamentos em falta
Dono de farmácia em Fernando de Noronha diz estar sofrendo com desabastecimento de produtos — Foto: Reprodução/TV Globo
Dono de uma farmácia, Lino Wessen também precisou trocar o transporte de avião por barco. Com isso, segundo ele, cerca de 40% dos produtos que vende estão em falta.
“Devemos chegar a 60% de produtos a menos porque a mercadoria transportada de barco demora mais para chegar na ilha”, disse Lino.
O dono de farmácia constatou um aumento na procura de calmantes. “Aumentou a venda de remédios para combater ansiedade, as pessoas estão desesperadas. Alguns empresários receberam dinheiro dos clientes que não conseguiram embarcar e precisam devolver esses valores. É uma situação muito difícil”, afirmou Lino.
A Gol Linhas Aéreas suspendeu as atividades em Noronha, apenas a Azul segue com voos para a ilha em aeronaves tipo ATR, menores que os jatos.
O que diz a Azul
Por meio de nota, a Azul Cargo informou que o transporte de cargas para Noronha continua a ser realizado.
Desde o dia 12 de outubro, por causa da restrição de operação de aeronaves a jato no arquipélago, o serviço ocorre por meio dos dez voos diários que companhia realiza com passageiros.
A partir de novembro, a empresa planeja ter voos dedicados para o transporte de carga, aumentando a oferta para Noronha.
Além disso, pretende implantar o aumento da malha de passageiros para 16 voos diários, que também transportarão cargas.
“A companhia destaca que não está medindo esforços para manter a ilha atendida durante esse período de contingencia e que está dando prioridade a entregas de itens de maior necessidade, como medicamento e alimentos perecíveis”, informou.
Entenda o caso
Pista conta com fissuras — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo
A proibição da Anac foi publicada no Diário Oficial da União de 7 de outubro e começou a valer no dia 12 deste mês. Essa medida do governo federal foi motivada pelas condições da pista do aeroporto de Fernando de Noronha, que está com “o pavimento da pista saturado e precisa de uma reforma, está esgotado”, segundo a Dix, empresa responsável pela administração do terminal.
Na prática, essa medida proíbe pousos de aviões como os Boeing, que eram operados na ilha pela empresa Gol, e os Embraer, utilizados pela companhia Azul. Antes da proibição, a ilha recebia, por dia, cinco voos, sendo quatro em aeronaves a jato e um em avião Boeing.
Além disso, Noronha também recebe um voo por semana da Azul, aos sábados, em um avião turboélice do modelo ATR, tipo de aeronave que continua sendo permitida pela Anac.
A portaria da Anac prevê apenas duas situações excepcionais: operações de emergência médica ou de transporte de valores realizadas mediante prévia coordenação com o operador do aeroporto.
Ainda segundo a portaria, a proibição tem caráter provisório, sem prazo determinado, e deve ser mantida até que o operador de aeródromo solicite a revogação e demonstre o cumprimento das condições definidas no parecer que fundamentou a decisão.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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